Banco Central: as mudanças ocorreriam em agosto, mas a instituição decidiu que o momento era adequado para antecipar esse prazo (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2015 às 22h47.
Brasília - O diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, disse que, com as mudanças aprovadas nesta quinta-feira, 28, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), os depósitos a prazo voltam a ser integralmente remunerados pela Selic.
Isso ocorreria apenas em agosto, mas a instituição decidiu, com base na conjuntura, que o momento era adequado para antecipar esse prazo.
O CMN, na reunião de hoje, mudou regras sobre o direcionamento dos recursos captados em depósitos de poupança para a habitação.
Em nota, o Banco Central explicou que também foram criadas novas condições de emissão para as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e para as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA).
Aldo explicou que essa medida não vai estimular os bancos a manter os recursos nos depósitos compulsórios. Segundo ele, nenhuma instituição prefere deixar o dinheiro parado em depósitos compulsórios, mas que eventualmente, dependendo da conjuntura, pode haver algum direcionamento neste sentido. Ele explicou ainda que as mudanças para exigibilidade da poupança com direcionamento imobiliário tem prazo de dois anos.
Questionado sobre a demora da reunião do CMN, que começou às 11h30 de hoje e terminou por volta de 20h30, o diretor disse que ocorreu porque a segunda etapa do encontro foi virtual.
Ele também afirmou que a agenda carregada dos ministros que compõem o conselho deixou o processo mais demorado. Aldo Mendes negou que o CMN tenha cedido à críticas e pressões contra a política econômica e que as decisões foram tomadas independentemente de "críticas ou não críticas".
Sintonia
Segundo Mendes, as medidas não representam aumento ou redução da liquidez no sistema financeiro. "Asseguro que a medida é neutra do ponto de vista de política monetária", disse.
Ele explicou que a decisão não foi tomada de última hora e que vinha sendo estudada pela equipe econômica para que chegasse uma "sintonia fina" e não houvesse impacto monetário.
Mendes explicou que a conjuntura fez com que a poupança se tornasse menos atrativa frente a outros produtos financeiros. "Essa falta de atratividade da poupança preocupou o BC e por isso tomamos essas medidas", disse o diretor.
Otávio Damaso, diretor de regulação da autoridade monetária, explicou que as medidas tomadas visam melhorar o equilíbrio de instrumentos de captação. No caso do segmento imobiliário, eles garantiram que estímulo ao financiamento é um efeito de segunda ordem.