Maria Helena Válio, fundadora do Women Invest: mulheres estão cada vez mais interessadas em investir (Women Invest/Divulgação)
Repórter de Invest
Publicado em 28 de setembro de 2023 às 12h23.
Última atualização em 28 de setembro de 2023 às 12h26.
As mulheres investidoras estão cada vez mais interessadas em investir – mas, em números, ainda estão atrás dos homens. Apenas 33% delas são investidoras, enquanto, no caso deles, a proporção sobe para 40% segundo os últimos dados divulgados pela Anbima.
Para aproximar as realidades entre os dois gêneros, a principal aposta é a educação financeira. A avaliação é de Maria Helena Válio, fundadora do Women Invest, grupo de mulheres investidoras que promove cursos, palestras e workshops para aproximar o público feminino dos investimentos. Para ela, o primeiro passo envolve uma jornada de conscientização.
“Da mesma maneira que existe uma conscientização sobre o cuidado com a saúde, é preciso reforçar o cuidado com o próprio patrimônio. Ao descuidar da saúde, o corpo cobra a conta no futuro. Com os investimentos é o mesmo princípio”, afirmou Válio em entrevista à EXAME Invest.
A executiva reforça que as mulheres têm, cada vez mais, assumido as responsabilidades pela gestão do seu patrimônio, movimento que vem acompanhando a ascensão feminina no mercado de trabalho. E quando começam a investir, um diferencial delas em relação aos homens é a cautela. “A mulher é mais conservadora. Ela só ousa quando entende mais do assunto. À medida que vai conhecendo mais o mercado financeiro, vai tomando mais risco”, avalia.
Ainda assim o desafio é grande – mesmo entre as mulheres que já investem há algum tempo. Pesquisa realizada pelo Women Invest em parceria com o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) mostrou que 56% das participantes do grupo não têm pleno conhecimento da estratégia financeira aplicada aos seus investimentos, e ainda não consegue segui-la de forma autônoma. O estudo ouviu 120 participantes do Women Invest, e quase metade delas já investe há mais de 10 anos.
A pesquisa apontou ainda que 84% delas ficam mais confortáveis em investir com a ajuda de um assessor ou consultor. O produto preferido são os fundos de investimento, com 78% de adesão. Na sequência, estão os certificados de recebíveis bancários (CDBs), com 68%. E depois as ações: 63% delas investem em empresas da bolsa.
O estudo marcou a abertura da segunda edição do Women Invest Summit, que pretende receber 2 mil participantes ao longo de 12 horas de evento, que conta com 30 painelistas e workshops. Um dos diferenciais preparados para este ano são as rodas de conversa, que permitam trocas entre as investidoras, convidadas a expor suas experiências e tirar dúvidas. “O evento traz o mercado financeiro para perto da mulher e faz com que ela seja ouvida”, disse Válio.
O conhecimento em rede também foi destacado como um diferencial do comportamento da mulher investidora. “Elas costumam ter interesse em compartilhar e repassar os conhecimentos adquiridos no grupo. Uma delas disse que demorou mais de 20 anos para aprender sobre como investir, e, agora, quer dar o exemplo aos filhos para que eles comecem mais cedo”, afirmou.