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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
A atual crise financeira dos Estados Unidos pode ser vista como a mais dura desde o fim da 2ª Guerra Mundial e só deve ser resolvida quando os preços das casas se estabilizarem e, com eles, o valor de mercado dos seguros ligados a hipotecas. A previsão é do ex-presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Alan Greenspan.
Em artigo publicado nesta segunda-feira (17/03) no jornal britânico Financial Times, Greenspan afirma que ainda é impossível saber quantos meses demorará para que a situação se estabilize, mas diz que desde já é possível extrair como conclusão o fato de que os modelos econômicos de que dispomos são insuficientes para determinar os rumos da economia, diante do volume e da complexidade das variáveis existentes.
"Nunca seremos capazes de prever as descontinuidades do mercado financeiro. Elas são necessariamente uma surpresa", analisa.
Ele alerta ser possível definir a evolução do mercado como uma alternância de fases de euforia com momentos de retração, correspondentes a apenas um sétimo do tempo, na última metade do século XX, mas responsáveis por afetar profundamente os investimentos. Uma boa administração de riscos deve levar em conta essa alternância e buscar perceber rapidamente quando a mudança vai ocorrer.
No entanto, como os modelos matemáticos e analíticos freqüentemente dão errado, afirma Greenspan, a solução para que a crise não contamine todo o sistema é manter saudáveis os próprios fundamentos do mercado.
"É crucial que qualquer reforma no sistema e na sua regulação nunca inibam as garantias mais confiáveis e efetivas que temos contra o colapso do sistema econômico cumulativo: flexibilidade de mercado e competição aberta", aponta.
Ironicamente, Greenspan tem recebido críticas de uma parcela dos analistas por supostamente ser um dos principais responsáveis por alimentar a bolha imobiliária, ao reduzir continuamente as taxas de juros, como forma de manter a aceleração econômica mesmo em fases menos favoráveis. Para os críticos, Greenspan tentou evitar justamente uma das leis de auto-regulação do mercado.