Investimento: corretora começará a funcionar na segunda-feira já com o novo nome e com uma campanha para atrair clientes (NicoElNino/Thinkstock)
Marília Almeida
Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 18h53.
Última atualização em 12 de dezembro de 2018 às 19h04.
A corretora de valores Spinelli, que havia se unido à Concórdia Corretora, está mudando de nome. A partir do dia 17, ela passa a se chamar Nécton, que significa “ser vivo que nada contra a correnteza”.
A nova marca consolida a fusão entre a Spinelli, uma das mais tradicionais corretoras do mercado, com a Concórdia, da família do ex-ministro Luiz Fernando Furlan, fundadora da Sadia e que também é sócio da BRF.
A fusão operacional acontecerá na sexta-feira, dia 14, à noite, e a corretora começará a funcionar na segunda-feira já com o novo nome e com uma campanha para atrair clientes, zerando as taxas de renda fixa, fundos imobiliários, Tesouro Direto e também para o envio de recursos via TED.
A mudança busca também reposicionar a corretora, que recentemente trouxe para comandar suas operações o responsável pela Um Investimentos, Marcos Maluf, hoje presidente da corretora. “Somos a fusão de duas marcas que somam 100 anos de história”, destaca Maluf em vídeo publicado no site da corretora.
A Spinelli, ou Necton, mostra um movimento de crescimento do mercado de corretoras, que sofreu durante anos com a falta de interesse dos investidores por ações, que reúnem hoje menos de 700 mil cadastros na B3. Hoje, a bolsa ou o home broker é apenas um dos investimentos oferecidos, ao lado principalmente de opções de renda fixa que não existem nos grandes bancos, como CDBs, LCIs e LCAs de bancos de menor porte com aplicações protegidas pelo Fundo Garantidor de Crédito e que pagam juros maiores, ou fundos de investimento de gestores independentes. Há também o Tesouro Direto, pelo qual o investidor pode comprar diretamente os títulos do governo, sem pagar as taxas altíssimas dos fundos de renda fixa dos bancos.
Grande parte das corretoras busca conquistar espaço no mercado de clientes que saem dos bancos, desbravado pela XP Investimentos. Além da Necton, tivemos recentemente o lançamento da corretora da Toro Investimentos e, hoje, o Banco Inter lançou sua corretora com uma plataforma de investimentos e home broker. Já a ModalMais lançou um banco digital para ampliar os serviços para os clientes. A Genial Investimentos investe em campanhas e novos canais de informação, com um acordo com o ex-tenista Gustavo Kuerten. E a Easynvest faz planos de ampliar sua atuação em fundos e previdência. Há ainda o interesse dos estrangeiros como a chinesa Fosun, que comprou recentemente a Guide, e a coreana Mirae, que está investindo em análise de empresas e gestão.
Na disputa, já há uma onda de promoções que derrubou para zero as taxas de corretagem e custódia da maioria das corretoras. Além disso, muitas estão incentivando o segmento de investidores profissionais, os “traders”, que especulam com mercados futuros. ModalMais e Clear, da XP, entraram recentemente numa disputa recente pelos traders, oferecendo corretagem zero. O movimento é incentivado pela bolsa, que lançou nesta semana vários contratos voltados para o pequeno investidor especulador.
A expectativa é de que esse movimento acabe por redesenhar o segmento de corretoras, com novos participantes e velhos modernizados. Esse movimento deve ser seguido de uma consolidação, com apenas as que conseguirem atingir determinada escala sobrevivendo. Por isso o esforço de ampliar o número de clientes. Nesse movimento, algumas já saíram do mercado, caso da tradicional Magliano, que transferiu seus clientes pessoa física para a Guide Investimentos.