Dívidas: a taxa de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) dessa modalidade, 16,2%, é bem maior que a média (5,5%) (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2015 às 16h49.
Brasília - O desemprego e as taxas de juros mais caras levam ao aumento da renegociação de empréstimos nos bancos.
Em agosto, o saldo dessas renegociações chegou a R$ 24,435 bilhões, com crescimento de 1,6% no mês e 10,9%, em 12 meses, de acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados hoje (23).
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, no cenário econômico atual “é natural as pessoas procurem esse tipo de alternativa”.
A taxa do crédito renegociado, 44,9% ao ano em agosto, é mais baixa que a média (61,2% ao ano) dos juros cobrados nos empréstimos a pessoas físicas e os prazos de pagamento costumam ser maiores.
A renegociação pode ser uma alternativa para sair do rotativo do cartão do crédito ou do cheque especial, com taxas de juros muito altas: 403,5% ao ano e 253,2% ao ano, respectivamente.
Entretanto, as tentativas de controlar as dívidas nem sempre dão certo. A taxa de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) dessa modalidade, 16,2%, é bem maior que a média (5,5%).
“As pessoas procuram alternativas, tentam regularizar os seus pagamentos, mas nem sempre conseguem”, disse Maciel.
De acordo com os dados do BC, em agosto, também cresceu o saldo do rotativo do cartão de crédito (1,3%), do empréstimo consignado (0,7%) e do crédito pessoal (0,7%).
Outras modalidades tiveram queda: compra de veículos (1,3%), aquisição de bens (1%) e arrendamento mercantil (3,4%). O saldo do cheque especial ficou estável no mês.
Essas modalidades são do crédito com recursos livres, em que os bancos têm autonomia para para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros.
No caso do crédito com recursos direcionados (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura) para pessoas físicas, o destaque é o crédito imobiliário, com saldo de R$ 481,967 bilhões, em agosto.
No mês, o crescimento ficou em 1,1% e em 12 meses, em 20,8%. Segundo Maciel, há uma moderação no crescimento do crédito imobiliário, em momento de elevação das taxas de juros.
Maciel disse ainda que as empresas também estão tomando menos empréstimos, devido à retração da atividade econômica.
“O capital de giro, principal modalidade de empréstimo às empresas com recursos livres, teve redução 0,8% no mês e em 12 meses, de 1,2%”, destacou.