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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
O corte foi anunciada em curto comunicado do Banco Central. "Dando prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária, iniciado na reunião de setembro de 2005, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 14,75% ao ano, sem viés, e acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", afirmou a instituição, em nota.
Também em nota, Marcel Solimeo, superintendente de economia da Associação Comercial de São Paulo, declarou que os indicadores de inflação e do nível de atividade permitiam uma queda mais acentuada dos juros brasileiros. "O importante agora é que a ata da reunião transmita a continuidade da redução dos juros nos próximos meses, uma vez que as taxas praticadas no Brasil ainda continuam sendo as maiores do mundo e um grande inibidor dos investimentos, da produção e do consumo."
Um corte mais agressivo também era o desejado pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). "Entendemos que o Banco Central está deixando escapar uma boa oportunidade para reduzir a taxa de juros de modo mais rápido, contribuindo inclusive para que o crescimento do PIB possa superar as previsões para este ano", afirmou Boris Tabacof, diretor do Ciesp. Para Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da CNI, os juros reais permanecem em cerca de 10% ao ano, "taxa muito acima das praticadas em economias estáveis e pelos concorrentes do Brasil nos mercados mundiais".
Repercussão entre analistas
"Um corte acima de 0,5 ponto percentual iria contra tudo o que já foi sinalizado pelo próprio Banco Central, e redução inferior a 0,5 ponto percentual indicaria que o BC está enxergando um risco que o mercado não está vendo, e isso geraria ceticismo", afirmou o economista do Santander, Maurício Molan.
A opinião é compartilhada pelo gerente de política monetária do Itaú, Joel Bogdanski. "A inflação corrente está muito baixa e quase não há pressões detectáveis no horizonte. A situação é tão favorável que esperamos inflação abaixo da meta de 4,5% mesmo com um ajuste no preço da gasolina no fim do ano", afirma.
Diante deste cenário, os analistas acreditam que, em agosto, o Banco Central deverá reduzir novamente os juros. O valor da queda, no entanto, não é um consenso entre eles. Para Molan, deve cair mais 0,5 ponto percentual. Já o economista-chefe do ABN Amro Asset Management, Hugo Penteado, acredita que o Copom vai reduzir o ritmo de queda e baixar a taxa apenas em 0,25 ponto percentual.
Para ele, após agosto, o Banco Central deverá suspender os cortes, retomando a política de redução de juros somente em 2007. "Agora, o BC tem que manter cautela e equilibrar a oferta e demanda para evitar pressões inflacionárias", afirma. Suas projeções apontam Selic a 14,5% ao ano no final de 2006.
O economista do Santander é mais otimista e acredita que os juros vão ultrapassar a barreira psicológica dos 14%, finalizando 2006 a 13,75% ao ano. No geral, o mercado acredita que a Selic ficará em 14,25% no fim do ano, de acordo com pesquisa realizada pelo Banco Central e divulgada na última segunda-feira (17/07).