(AndreyPopov/Getty Images)
Paula Barra
Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 06h30.
Última atualização em 19 de janeiro de 2021 às 11h32.
Para quem tem pouco apetite ao risco e foco no curto prazo, os fundos de renda fixa aparecem sempre entre as opções de mais fácil acesso. No entanto, com a Selic a 2% ao ano, a taxa de administração dessas aplicações tem um peso ainda maior na remuneração final e deve ser olhada com cuidado pelo investidor. Há fundos em que o retorno do gestor chega a ser maior do que o do cotista.
Em levantamento feito pela casa de análise Spiti, com dados da plataforma ComDinheiro, sete fundos de renda fixa estão nessa situação nos últimos 12 meses. No pior dos casos, aparece o fundo do Santander FIC Renda Fixa Simples, com o retorno do cotista sendo esmagado por uma taxa de administração de 1,5% ao ano. Do retorno bruto gerado pelo fundo do dia 9 de janeiro de 2020 até 8 de janeiro de 2021 (+2,38%), menos de um quinto ficou com o cotista (+0,45%), enquanto o restante foi engolido por taxas.
O segundo e o terceiro lugares ficam com dois fundos do Bradesco -- o Bradesco FIC FI Renda Fixa Simples Brilhante e o Bradesco FIC FI Renda Fixa Simples Automático --, que entregaram apenas 22,87% e 27,29% do retorno bruto gerado nesse período aos cotistas. Enquanto o retorno total desses fundos foi de 2,56% no intervalo analisado, a rentabilidade do cotista, descontada a taxa de administração, foi de 0,59% e 0,70%, respectivamente.
O levantamento considerou os fundos com a classificação Anbima de Renda Fixa Simples, com taxa de administração maior do que 1% e que estavam em funcionamento normal, ou seja, não foram incorporados ou liquidados, e com público-alvo focado em investidores em geral.
Vale lembrar que os fundos de renda fixa não possuem taxa de performance; portanto, foi considerado para o levantamento apenas a taxa de administração. O período observado vai do dia 9 de janeiro de 2020 até 8 de janeiro de 2021.
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Com a Selic a 2% ao ano, os fundos de renda fixa vêm perdendo participação na carteira de alocação dos brasileiros. Em 2020, tiveram mais um ano de resgates líquidos, com saques de 41,2 bilhões de reais, depois de sofrerem saídas de 55,9 bilhões de reais em 2019.
Ainda assim, Carolina Oliveira, especialista em fundos de investimentos da Spiti, diz que os fundos de renda fixa pós-fixados ainda valem para reserva de emergência desde que não possuam alocações em ativos de crédito privado e que tenham, preferencialmente, taxa de administração igual a zero.
"Essa reserva deve existir para dar tranquilidade em caso de alguma eventualidade, para que a pessoa não precise vender investimentos com prazos mais longos de maturação. Assim, em um momento de emergência, não será necessário vender ativos mais sofisticados, que podem estar num momento ruim de mercado, para dar conta das despesas correntes", diz Carolina.
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