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Conheça os CDBs isentos de IR

LCA e LCI permitem alcançar um retorno superior ao da poupança, CDB ou Tesouro Direto com baixo risco; maior dificuldade do investidor é encontrar os papéis

Caixa: banco oferece LCI aos clientes com aplicação mínima de 50.000 reais (Lia Lubambo/EXAME)

Caixa: banco oferece LCI aos clientes com aplicação mínima de 50.000 reais (Lia Lubambo/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2012 às 12h55.

São Paulo – A queda dos juros combinada a uma inflação persistentemente alta no Brasil tornou mais difícil a vida de quem investe em renda fixa. Nos casos da caderneta de poupança, fundos DI com taxa de administração elevada e CDBs de bancos grandes, o rendimento líquido neste ano provavelmente será quase nada superior à inflação medida pelo IPCA ou até mesmo inferior. Isso quer dizer que o investidor mal conseguiu proteger seu poder de compra com essas aplicações. Nesse cenário, duas alternativas interessantes para turbinar a rentabilidade da carteira são as LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e as LCI (Letra de Crédito Imobiliário).

Por trás da sopa de letrinhas, estão dois títulos emitidos e garantidos por bancos e instituições financeiras. Não é à toa que a LCA é conhecida como CDB agrícola enquanto a LCI virou uma espécie de CDB imobiliário. A chance de o investidor não receber o dinheiro investido corrigido pelos juros acordados é o de quebra do banco – ou seja, o mesmo risco do CDB, de uma caderneta de poupança ou de uma conta corrente. A grande vantagem é que o investidor não paga Imposto de Renda sobre os ganhos obtidos com LCI e LCA, ao contrário do que acontece com todas as aplicações citadas acima.

Esses dois papéis costumam pagar cerca de 90% do CDI na maioria das instituições financeiras pesquisadas por EXAME.com. É possível conseguir taxas superiores quando o investidor aplicar um volume alto de dinheiro ou quando estiver disposto a aceitar um prazo de carência mais longo em que não poderá resgatar os recursos. Em situações como essa, será possível encontrar LCA e LCI que paguem 95% ou quase 100% do CDI (hoje 10,9% ao ano). Pode não parecer muito, principalmente para os grandes investidores, que não têm dificuldade em encontrar opções que paguem 100% do CDI nos grandes bancos (veja aqui).

A comparação, entretanto, é bastante enganosa. A Brazilian Mortgages, uma empresa de crédito imobiliário que emite LCI, calculou o impacto positivo da isenção de IR sobre um investimento nesses papéis. A tabela abaixo comprova que o rendimento líquido dificilmente seria encontrado em aplicações de risco equivalente:

Prazo Rendimento líquido da LCI ou LCA Rendimento bruto de uma aplicação que paga IR para que seja garantido um retorno líquido igual ao da LCI ou LCA
Até 6 meses (IR de 22,5%) 90% do CDI 116% do CDI
De 7 a 12 meses (IR de 20%) 90% do CDI 112,5% do CDI
Acima de 24 meses (IR de 15%) 90% do CDI 106% do CDI
Fonte: Brazilian Mortgages    

“Por serem isentas de IR, LCI e LCA estão entre os melhores produtos de renda fixa porque oferecem uma rentabilidade líquida superior ao CDI”, diz Christiano Ehlers, superintendente de private banking do Santander.

Empecilhos

Se são tão bons assim, por que a LCI e a LCA não estão entre os investimentos de renda fixa mais populares? Por incrível que pareça, a maior dificuldade dos investidores é encontrar esses papéis na prateleira dos grandes bancos. No Santander, por exemplo, o produto só está disponível para os clientes do private banking, que tem ao menos 3 milhões de reais em aplicações financeiras depositadas na instituição. A aplicação mínima em LCI ou LCA também é elevada: 250.000 reais.

Mesmo que você não tenha todo esse dinheiro, não é preciso desanimar. Já começam a surgir algumas opções para que o cliente possa investir em LCI e LCA com aplicações iniciais mais baixas. A opção mais acessível à classe média encontrada por EXAME.com foi na Brazilian Mortgages. Nesse caso, a aplicação inicial mínima em LCI é de somente 10.000 reais. A Caixa Econômica Federal também adota uma política pouco restritiva para LCI e permite investimentos a partir de 50.000 reais. Em ambos os casos, é necessário fazer um cadastro ou abrir conta na instituição financeira para investir.

É importante lembrar que o pequeno investidor não precisa se preocupar com o risco de crédito da instituição financeira sempre que desejar investir menos de 70.000 reais. Assim como a poupança ou uma conta corrente, a LCI também conta com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para aplicações até esse valor. Isso quer dizer que o capital do investidor estará protegido mesmo que o banco quebre. A rega vale apenas para a LCI e exclui a LCA.

Outra diferença importante é que a LCA oferece isenção de IOF para aplicações de menos de 30 dias. Isso torna esse ativo muito interessante para quem deseja fazer aplicações de curtíssimo prazo, uma vez que o rendimento obtido com outras aplicações seria bastante corroído pelos impostos. No caso da LCI, essa vantagem não existe, uma vez que o investidor só encontrará o papel disponível para aplicações de ao menos dois meses.


A carência para resgate, inclusive, é algo que deve ser analisado com bastante cuidado pelo investidor. Ao contrário de muitos CDBs, que garantem liquidez diária, o investimento em LCI e LCA pode exigir um tempo mínimo de aplicação mais longo. O investidor não deve investir o dinheiro de sua reserva de emergência ou que será usado em breve para algum tipo de consumo em aplicações que não possibilitam o resgate a qualquer tempo porque, dessa forma, evita multas ou a necessidade de tomar um empréstimo com juros superiores ao da aplicação.

Características

A LCI é um título garantido por hipotecas ou financiamentos imobiliários. Na prática, o banco concede esse tipo de crédito aos clientes e depois o repassa a investidores – garantindo um spread. O título foi criado para aumentar as fontes de financiamento dos bancos para a concessão de crédito imobiliário. Hoje a principal fonte de recursos é a caderneta de poupança, já que 65% desses depósitos precisam ser direcionados para empréstimos relacionados a imóveis ou então são recolhidos junto ao Banco Central sem remuneração.

Sempre que uma instituição financeira concede mais crédito que o obrigatório ao setor imobiliário, pode usar esses empréstimos como lastro para a emissão de LCI. Como o banco consegue captar recursos e a uma taxa de cerca de 90% do CDI, o negócio acaba sendo bem interessante tanto para a instituição financeira (que paga juros menores que os de mercado) quanto para o investidor (que consegue uma rentabilidade líquida superior devido à isenção de IR). Apenas registrados na Cetip há mais de 44 bilhões de reais em LCI. O principal emissor é a Caixa Econômica Federal, banco líder em crédito imobiliário.

Assim como outros papéis de renda fixa, a LCI pode pagar um percentual do CDI, uma taxa prefixada ou a inflação mais juros prefixados. Para o investidor, o menor risco está em papéis indexados ao CDI – ainda que esses títulos se tornem menos rentáveis sempre que o Banco Central iniciar um ciclo de queda dos juros.

As LCA possuem praticamente as mesmas características das LCI, só que são lastreadas por créditos agrícolas. Os bancos precisam usar parte do dinheiro depositado em conta corrente para financiar o agronegócio. Bancos públicos como o Banco do Brasil também precisam direcionar parte do dinheiro da poupança a esse setor. O que o banco empresta a mais ao agronegócio pode servir de lastro para a emissão de LCA. Na Cetip, há mais de 17 bilhões de reais em LCA registradas. Líder no crédito ao agronegócio, o Banco do Brasil é o maior emissor.

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