Minhas Finanças

Conheça a inovação do ano em renda fixa

Site montado pelo banco Sofisa permite que o investidor obtenha ao menos 100% do CDI ao aplicar qualquer valor em CDB – algo cada vez mais difícil de encontrar por aí

Bazili Swioklo, diretor do banco Sofisa Direto: atrás dos clientes mal-atendidos pelos grandes bancos (Divulgação)

Bazili Swioklo, diretor do banco Sofisa Direto: atrás dos clientes mal-atendidos pelos grandes bancos (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2011 às 13h29.

São Paulo – Renda fixa é um assunto modorrento para a maioria dos investidores. As principais opções de aplicação ao alcance das pessoas físicas oferecem retornos baixos e regras rígidas. A rentabilidade líquida da caderneta de poupança não muda há décadas - é 6,17% ao ano mais TR. Com a provável queda da taxa Selic nos próximos meses, os fundos DI com altas taxas de administração já estão se tornado menos atrativos que a poupança. O Tesouro Direto poderia ser uma saída interessante se não fosse tão complexo para a maioria dos brasileiros. Já os CDB de grandes bancos costumam ser uma escolha prática, mas pagam juros pouco interessantes para os aplicadores no momento (veja as taxas oferecidas pelas maiores instituições).

Em um ambiente tão desfavorável ao aplicador, não fica difícil distinguir um produto realmente inovador quando ele aparece. Do ponto de vista de quem investe em renda fixa, a principal novidade deste ano foi, sem nenhuma dúvida, o Sofisa Direto. Essa plataforma on-line permite que pequenos aplicadores obtenham uma rentabilidade superior à de todos os investimentos listados acima com um diferencial interessante: a simplicidade.

Enquanto os grandes bancos costumam oferecer entre 80% e 90% do CDI para pequenas aplicações em CDB, no Sofisa Direto o cliente sempre consegue ao menos 100% do CDI. Outra diferença é que as taxas pagas aos clientes não mudam. Seja para aplicações de 1 real a 1 milhão de reais, os retornos são os mesmos. Quem conhece bem o setor financeiro sabe que isso não é nada trivial. “Achamos que há uma grande massa de clientes que é muito mal atendida pelos grandes bancos, principalmente naquela faixa de pessoas com um patrimônio de até 200.000 reais em aplicações financeiras”, afirma Bazili Swioklo, diretor do banco Sofisa Direto.

Bater a poupança e os fundos DI hoje em dia não significa muita coisa, mas é importante notar que o CDB do Sofisa rende mais até mesmo que o Tesouro Direto. Os juros pagos pelos papéis são muito parecidos quando o investidor compara aplicações que possuem liquidez diária – ou seja, que podem ser resgatadas a qualquer momento. A vantagem do Sofisa sobre o Tesouro, nesses casos, é que o aplicador estará isento de desembolsar taxas anuais de custódia, administração ou corretagem – que costumam representar de 0,3% a 1% do dinheiro investido.

Já para aplicações de dois a três anos, o Sofisa procura pagar 1 ponto percentual a mais que o Tesouro Direto ao ano. Enquanto uma LFT (título do governo federal) remunera o poupador com algo equivalente à taxa Selic, o cliente do Sofisa conseguirá 110% do CDI para uma aplicação de três anos. Um CDB prefixado que seja carregado até 2014 garante um retorno de 11,40% ao ano – contra 10,08% de uma LTN (título público prefixado) semelhante. Por último, o CDB atrelado à inflação com vencimento em 2015 paga IPCA mais 5,97% ao ano – contra IPCA mais 4,93% de uma NTN-B Principal.


Em todos os três casos do parágrafo anterior, entretanto, o investidor deve estar ciente de que não poderá sacar os recursos até a data do vencimento. Já no Tesouro Direto, os investidores possuem a garantia de revender os títulos públicos ao próprio governo em leilões realizados todas as quartas-feiras. O retorno superior do CDB, portanto, é o que mercado chama de prêmio de liquidez – e não um ganho de rentabilidade puro e simples.

Ciente disso, é importante que o investidor não aplique o dinheiro que funciona como uma espécie de reserva de emergência em produtos sem liquidez. Os recursos que seriam utilizados em caso de desemprego ou doença, por exemplo, devem ir preferencialmente para produtos como a caderneta de poupança, os fundos DI e os CDB sem carência para resgate.

Bazili Swioklo, do Sofisa Direto, afirma que existem clientes que não planejavam consumir nada nos meses seguintes quando fizeram a aplicação no banco, mas são pegos de surpresa por alguma emergência. Para não deixar essas pessoas na mão, o Sofisa promete lançar em breve uma linha de crédito para que os investidores possam tomar um empréstimo para cobrir outras obrigações imprevistas. O percentual de juros dessa linha ainda não foi definido, mas Bazili descarta que seja algo superior a 2,99% ao mês. “Vai ser mais barato que o crédito pessoal dos grandes bancos”, afirma.

Riscos

Antes de tomar uma decisão de investimento, quem se interessou pelo Sofisa Direto deve estar ciente de que o risco de um CDB de qualquer banco médio não é um investimento de baixíssimo risco como um título público. Em momentos de crise financeira, as instituições de menor porte sempre apresentam mais dificuldades para levantar recursos no mercado. Em um caso extremo, o investidor pode perder muito dinheiro se a instituição quebrar.

A última vez que isso aconteceu foi há sete anos, com a liquidação do Banco Santos, mas se engana quem acha que trata-se apenas de uma ave rara. Neste ano, o BC decidiu intervir no banco Morada, uma instituição bem pequena que só tinha uma agência. Outros bancos que passaram por dificuldades recentemente foram o PanAmericano, o Matone e o Schain, mas, nesses casos, a entrada de novos sócios evitou o pior para os clientes.


Quando um banco quebra, um investidor só tem a garantia de que vai receber depósitos até o valor de 70.000 reais. Mesmo que o banco não tenha ativos para honrar a obrigação, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) será responsável por ressarcir o poupador. Essa garantia vale tanto para o dinheiro investido em CDB quanto para os recursos depositados em caderneta de poupança ou conta corrente. É por isso que muitos brasileiros preferem manter a maior parte do dinheiro em bancos grandes demais para quebrar e investem em CDB de bancos médios apenas até o limite da cobertura de até 70.000 reais garantida pelo FGC.

No caso do Sofisa Direto, Bazili afirma que 25% dos clientes cadastrados trouxeram mais de 70.000 reais para o banco, o que ele considera um sinal de confiança. “Mas também há os clientes mais desconfiados que chegam a pedir para conhecer nossa sede na região da avenida Paulista antes de abrir uma conta”, se diverte. Na campanha de marketing para divulgar o produto, o Sofisa ressalta os 50 anos de atuação no mercado financeiro, a larga experiência com crédito a pequenas e médias empresas e o fato de o banco ter ações negociadas na BM&FBovespa. “É uma campanha institucional, para construir a imagem do banco junto ao grande público, e não apenas para vender CDB.”

Concorrência

Como captar dinheiro com uma plataforma como o Sofisa Direto costuma ser mais barato para o banco do que ir a mercado atrás do dinheiro de grandes investidores, outras instituições planejam em breve oferecer ferramentas semelhantes. O banco Ficsa é o único que já possui um canal de captação pela internet, chamado CDB Direto. O produto, entretanto, é bem mais simples. Não são aceitas aplicações acima do limite de até 70.000 reais do FGC. Não há uma oferta tão variada de tipos de CDB. E não foi feita uma grande campanha de marketing para tornar o produtos mais conhecido pelos investidores.

A própria ABBC e a Acrefi (associações que reúnem bancos de médio e pequeno porte e financeiras), no entanto, já estudam criar um site em que cerca de 50 instituições financeiras poderiam oferecer CDB aos investidores. As duas associação não dão detalhes sobre o projeto. Mas a proposta inicial foi considerada um pouco esquisita no mercado. O investidor não teria o direito de saber de qual instituição seria o CDB antes de realizar a aplicação. Como em um ponto de táxi, haveria uma fila de bancos, que pagariam a mesma taxa aos clientes. O primeiro da fila captaria o dinheiro do primeiro investidor, e assim por diante. Para que esse esquema de rodízio faça sentido, o investidor só poderá aplicar até 70.000 reais. Assim, o risco do poupador não seria o da instituição financeira, mas do próprio FGC.

Bazili afirma que o Sofisa também participa das discussões dentro da ABBC e que estará presente no site se o projeto for levado adiante. Mas ele revela dúvidas sobre a viabilidade. “A principal questão é que não sei se o cliente bancário concordaria em transferir o dinheiro para uma instituição que ele não sabe nem o nome. Investimento é algo que exige confiança.”

“Do ponto de vista do investidor, seria melhor que todas as taxas pagas pelos CDB pudessem ser consultadas”, diz Francisco da Costa Carvalho, vice-presidente da financeira Lecca, outra instituição que foi convidada pela Acrefi a participar das discussões. Dessa forma, a pessoa poderia escolher, dentre aquelas instituições em que confia, uma que oferecesse a taxa mais atraente. “Esse formato, entretanto, estimularia a concorrência entre bancos e financeiras e não necessariamente seria o mais interessante para quem vai pagar o desenvolvimento do site”, diz Carvalho.

Independente do sucesso da iniciativa da ABBC, o Sofisa Direto acredita que a concorrência vai aumentar e já começa a se mexer. Bazili diz que o banco planeja aproveitar a grande base de clientes cadastrados para vender diversos produtos financeiros pela internet. “São bastante comuns as queixas contra os juros altos dos empréstimos, mas pouca gente fala algo quando um banco oferece ao cliente só 80% do CDI em um CDB. Há muito espaço no Brasil para vender produtos financeiros melhores usando a internet como plataforma”, afirma.

Acompanhe tudo sobre:aplicacoes-financeirasBancos médiosCDBMercado financeirorenda-fixa

Mais de Minhas Finanças

Consumidores têm até 30 de novembro para negociar dívidas bancárias em Mutirão

Como calcular o valor do 13º salário; pagamento acontece esta semana

Pé-de-Meia: pagamento a estudantes começa nesta segunda

Aposentados e pensionistas do INSS começam a receber hoje; veja calendário