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Compre ações à prova de inflação, diz HSBC

Os únicos papéis que permanecem com recomendação acima da média do mercado desde o início do ano são os de empresas que serão pouco afetadas pela aceleração dos preços

Fábrica da Ambev: uma empresa blindada contra a inflação, segundo o HSBC (Arquivo)

Fábrica da Ambev: uma empresa blindada contra a inflação, segundo o HSBC (Arquivo)

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Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2011 às 07h48.

São Paulo – Apesar de todas incertezas com a inflação no Brasil, os analistas do HSBC Global Research estão otimistas com as perspectivas para a bolsa brasileira no curto prazo. No relatório "Brasil – Estratégia Trimestral", os analistas Alexandre Gartner e Francisco Vanzolini afirmam que após um primeiro trimestre de saída de recursos dos mercados emergentes, os investidores deverão iniciar um movimento de retorno que pode beneficiar países como o Brasil.

O HSBC acredita que a alta do preço do petróleo, que levou o galão de gasolina nos Estados Unidos a preços próximos de 4 dólares, deve afetar a confiança do consumidor nos países desenvolvidos. Outro entrave para as bolsas da Europa e dos EUA é a expectativa de divulgação de medidas para o combate a inflação – o BCE acaba de iniciar um ciclo de aperto monetário enquanto o Federal Reserve deve fazer isso nos próximos meses. Como países emergentes como o Brasil já estão perto do fim do ciclo de alta dos juros, tendem a conquistar a preferência dos investidores.

O HSBC admite que está menos confortável que o Banco Central brasileiro em relação à inflação. O BC já parece aceitar que o IPCA se mantenha próximo ao teto da meta (6,5% ao ano) durante este momento porque espera uma acomodação dos preços daqui a alguns meses. Os analistas consideram essa uma medida "prematura" porque "envolve um risco significativo". "O custo da alta da inflação persistente pode superar os benefícios de mais crescimento no curto prazo."

No entanto, o banco diz que é o BC que manda e que, se a alta dos juros for realmente interrompida em breve como sinaliza o BC, a inflação só voltará para a meta se uma conjunção de hipóteses se confirmarem. O mundo deve continuar em desaceleração, os preços das commodities não podem subir, a expectativa de alta de inflação terá de se reverter e as pressões salariais não oxigenarão o IPCA. Como as chances de que tudo isso aconteça são pequenas, não dá para ficar muito otimista. É por isso queo HSBC e vários outros bancos acreditam que o BC terá de retomar o movimento de alta dos juros até o final do ano.

Nesse meio tempo, entretanto, a expectativa do banco é de que não sejam mais anunciadas medidas monetárias ou macroprudenciais significativas. Mesmo com todas as dúvidas dos investidores sobre a eficácia da política, o banco acredita que haverá espaço para a aceleração da economia brasileira por alguns meses. O cenário de crescimento mais forte do PIB deverá beneficiar o mercado acionário por um curto período – mesmo com a expectativa de mais juros à frente.

Porfólio

O portfólio de ações adequado a esse cenário que se avizinha é bem diferente do que o banco recomendava há três meses. As ações com proteção contra a inflação são as únicas que continuam classificadas como "overweight" (alocação acima do peso do setor no Ibovespa). É um sinal de que o banco acha que é importante ficar protegido contra a alta dos preços neste momento. Já o setor de commodities (que inclui empresas de petróleo, mineração e siderurgia) foi rebaixado de "overweight" para "underweight" devido à expectativa de desaceleração do crescimento mundial.

Na mão contrária, os setores mais ligados ao mercado interno (como bancos, consumo e varejo) passaram de "underweight" para "overweight". Esses setores estão com preços interessantes e devem ser os mais buscados caso o cenário de retorno do capital estrangeiro esperado pelo HSBC se confirme. A exceção são as construtoras e incorporadoras, que continuam com classificação de "underweight" devido a riscos setoriais.


A realocação setorial levou a profundas mudanças na carteira de ações indicada pelo banco. Quatro papéis deixaram a lista: Petrobras, Vale, Gerdau e SLC Agrícola (do setor de grãos). Todas eram representantes do setor de commodites. A nova carteira inclui os papéis da AmBev (mantida), OdontoPrev (mantida), Itaú Unibanco, CCR, Lojas Renner, São Martinho, AES Tietê e OGX.

A justificativa para a inclusão do Itaú está no preço atrativo dos papéis dos bancos brasileiros. A instituição financeira deve se beneficiar do cenário de crescimento da economia – a não ser que mais medidas macroprudenciais significativas sejam anunciadas.

Da mesma forma, as ações da Lojas Renner devem subir se o PIB voltar a acelerar nos próximos meses. Ao mesmo tempo, a varejista, considerada uma das melhores do Brasil, oferece um isolamento das classes mais baixas da população, que devem ser "as mais afetadas pela inflação".

A AmBev foi enquadrada entre as apostas com proteção contra a alta do preços. Uma das maiores empresas do Brasil, a cervejaria tem um histórico de conseguir repassar aumentos de preços das commodities para o consumidor final sem perdas relevantes de volumes.

Apesar do rebaixamento do setor de commodities como um todo, a São Martinho entrou na carteira recomendada porque os preços de etanol estão nos maiores níveis da história. Como a empresa guardou um terço de sua produção do ano fiscal 2011 para vendê-la durante a entressafra da cana, os resultados serão robustos nesses primeiros meses do ano. A expectativa de interferência do governo no setor de etanol pressionou as cotações da empresa recentemente – o que teria acentuado a oportunidade de compra.

A AES Tietê é outra aposta do HSBC de proteção contra a inflação. Os volumes de venda da empresa estão 100% contratados com preços totalmente indexados ao IGP-M. Como esse indicador de inflação deve ficar em torno de 7% neste ano, as ações tendem a se beneficiar.

O HSBC também enxerga com otimismo as ações da OGX. Após um momento ruim, os papéis voltaram a ter catalisadores de curto prazo favoráveis. O principal deles é a expectativa sobre a divulgação do relatório da DeGolyer & MacNaughton, que deve reforçar as estimativas de reservas já divulgadas pela própria empresa.

Outro nome que pode se beneficiar da alta da inflação é a CCR. A concessionária de rodovias possui uma administração eficiente, opera em um setor de infraestrutura congestionado e se beneficia tanto de crescimento quanto de avanço dos preços. As tarifas de pedágio das estradas sob administração são reajustadas 60% pelo IGP-M e 40% por IPCA/cesta de índices.

Por último, o HSBC indica as ações da OdontoPrev, líder em planos odontológicos no Brasil. Após o ingresso de Bradesco e Banco do Brasil como sócios, a empresa passou a contar com canais de distribuição "sem igual". A inflação também não é um problema para a OdontoPrev porque boa parte dos contratos assinados pelos clientes possuem cláusula de reajuste anual.

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