Mulher compara cartões: três novos cartões ainda não têm programas de recompensas (Foto/Thinkstock)
Marília Almeida
Publicado em 10 de agosto de 2017 às 05h00.
Última atualização em 10 de agosto de 2017 às 12h24.
São Paulo - Com grande expectativa, o Nubank anunciou, na semana passada, seu programa de recompensas. O benefício era um pedido constante dos fãs do cartão roxo. Muitos apontavam que era a única coisa que faltava ao novo cartão, que caiu no gosto do público por reunir características como atendimento digital sem burocracia; anuidade zero, desconto na antecipação da fatura e transparência sobre taxas.
Aliás, a fintech, nome dado às startups que buscam inovar no setor financeiro, foi fiel ao conceito de transparência inclusive no anúncio do seu programa de recompensas: mostrou, em seu próprio site, que o programa só vale a pena para quem gasta mais de 1.600 reais por mês no cartão de crédito.
Ainda assim, houve um sentimento de decepção entre os usuários do cartão roxo por conta da baixa taxa de conversão oferecida pelo Nubank Rewards, além de poucas opções para troca de pontos. Mas será que os concorrentes da fintech estão oferecendo algo diferente?
Veja abaixo as características de três programas de recompensas de cartões que chegaram recentemente ao mercado: Nubank Rewards, Cashback Original, e Trigg:
Digio, Banco Inter e Meupag! ainda não têm seu próprio programas de recompensas
Lançamento: Agosto de 2017
Acúmulo de pontos: Cartão de crédito
Valor dos pontos: 1 ponto a cada 1 real gasto
Taxa de conversão: 1%
Uso dos pontos: Pagamento de compras em parceiros, passagens aéreas e diárias em hotéis
Anuidade: R$ 190
Isenções: Não tem
Pontos expiram? Não
Lançamento: Março de 2016
Acúmulo de pontos: Cartão de crédito e débito
Valor dos pontos: 1 ponto a cada 1 real gasto
Taxa de conversão: 0,25% a 1,5%
Uso dos pontos: Crédito na fatura e pagamento de compras no cartão de débito
Anuidade: R$ 220 (Gold), R$ 336 (Platinum) e R$ 750 (Black)
Isenções: O 1º ano é isento de anuidade. Depois, os valores podem ser parcelados em 12 vezes. Quem tem investimento no banco não paga anuidade. Se tiver investidos acima de R$ 100 mil fica isento no Platinum e acima de R$ 300 mil, fica isento no Black.
Pontos expiram? Não
Lançamento: Março de 2017
Acúmulo de pontos: Cartão de crédito
Valor dos pontos: Não tem
Taxa de conversão: 0,55% (fatura até R$ 900) a 1,3% do valor gasto na fatura mensal (fatura acima de R$ 5 mil)
Uso dos pontos: Crédito na fatura ou doação
Anuidade: R$ 118,80 (R$ 9,90 por mês)
Isenções: Primeiros três meses de uso do cartão
Pontos expiram? Não
Renata Pedro, coordenadora da pesquisa de programas de fidelidade da associação de consumidores Proteste, analisa que os três programas são semelhantes e têm um ponto em comum: taxa de conversão baixa.
Nos programas de cashback, nos quais os pontos acumulados podem se transformar em dinheiro, o do banco Original pode ter uma taxa de conversão menor ainda do que a Nubank: começa em 0,25% e chega a 1,5%, taxa maior do que a oferecida pelo cartão roxo, de 1%. “Porém, no Original a taxa de anuidade de um cartão Black pode chegar a 750 reais por ano, enquanto no Nubank é fixa, de 190 reais por ano”, analisa Renata.
Contudo, o Original oferece maior flexibilidade na hora da troca de pontos, como crédito na fatura e possibilidade de acumular pontos também no cartão de débito. Essa, aliás é a única opção oferecida pelo Trigg. Apesar de oferecer uma anuidade menor, o Trigg tem uma única opção de cartão, enquanto o Original oferece três opções.
A taxa de conversão do Trigg varia de 0,55% a 1,3%, mas, para chegar à taxa máxima, é necessário gastar 5 mil reais por mês. Para ter uma taxa maior do que 0,55%, é necessário gastar mais de 900 reais por mês no cartão de crédito.
Para verificar se vale a pena, basta fazer a conta. Quem gasta 900 reais tem uma taxa de conversão de 0,55% e terá 4,95 reais de crédito na próxima fatura. Contudo, a mensalidade cobrada pelo Trigg é de 9,90 reais por mês. “Ou seja, o usuário, neste caso, está pagando para ter este crédito. Não vale a pena”, diz Renata.
“Ou seja, todos eles, assim como os programas de fidelidade tradicionais do mercado, são indicados para quem gasta muito no cartão”, diz a coordenadora de pesquisas da Proteste.
Os programas das fintechs são indicados para quem gasta muito, mas nem tanto. “Quem tem cartões como Platinum e Black geralmente têm uma renda muito alta. Para esses usuários, existem programas que pontuam bem mais que os programas das fintechs: para cada dólar gasto, é possível acumular até 2,1 pontos. É verdade que estes programas têm uma taxa de anuidade maior, mas essa taxa vai definir a escolha do cartão para quem já gasta muito?”, questiona Renata.
Ela lembra que quem gasta muito no cartão de crédito também busca outros benefícios além do financeiro, como salas VIPs em aeroportos, entre outras comodidades.
Renata aponta que os programas das fintechs buscam uma faixa de renda intermediária, e um público para o qual o programa de fidelidade não é prioridade. “Os usuários vêem os programas de fidelidade como um complemento. Mas buscam mesmo outras características dos cartões, como transparência, menos tarifas e burocracia”.
Renata lembra que a análise dos cartões deve ir além do programa de recompensas. “O mais importante em cada um deles é verificar se mostram, de maneira clara, as informações essenciais ao consumidor, se divulga o Custo Efetivo Total (CET) das operações e qual o valor dos juros que cobra caso o usuário esqueça de pagar a fatura e entrar no rotativo”.