Dúvida: identificar motivo de descontrole financeiro e se preparar para renegociar empréstimos são essenciais para solucionar situação (SanneBerg/Thinkstock)
Marília Almeida
Publicado em 15 de dezembro de 2019 às 07h00.
Última atualização em 17 de agosto de 2020 às 10h48.
Resposta de Paula Sauer, CFP®:
Atualmente no Brasil há mais de 63 milhões de inadimplentes e não existe uma única solução para o endividamento. Isso porque são diversas razões que conduzem um indivíduo, ou uma família ao endividamento financeiro.
É recomendável primeiro identificar a razão ou motivos que deram origem a dívida; desemprego, queda na renda e manutenção do padrão de vida, aumento brusco no valor de mensalidades, um negócio que não prosperou, reforma na casa, doença, divórcio, nascimento de um filho, ou de um neto, entre outros. São histórias diferentes e cada um tem uma maneira de lidar com o dinheiro.
Encare a situação e não menospreze o poder dos juros compostos de um empréstimo que não é possível pagar! Faça uma avaliação realista do seu orçamento para saber qual é a sua real capacidade de pagamento, prevenindo que volte a deixar de pagar o empréstimo após a renegociação da dívida. Essa análise é necessária para que seja feita uma reorganização eficiente.
Junte contratos, boletos, faturas; esses documentos são importantes para identificar valores, prazos, taxas de juros e multas cobradas e o que já foi pago. Sem essa documentação, o devedor se sentirá mais vulnerável na hora de renegociar a dívida ou caso seja acionado judicialmente e até mesmo na hora de pedir ajuda aos órgãos de defesa do consumidor.
É desconfortável, mas converse com os credores. Em muitos casos, cartões de crédito e cheque especial foram utilizados de maneira inadequada e
as contas acrescidas de juros viraram uma bola de neve.
Veja se é possível gerar alguma renda extra através de trabalhos extras; ou mesmo um hobby que possa se transformar em uma atividade remunerada.
Analise também se há algum recurso que possa ser antecipado, como uma eventual restituição do Imposto de Renda, saque de recursos do FGTS ou o 13º salário. Não descarte a possibilidade de vender algum bem para quitar a dívida.
Se a instituição propuser uma renegociação, escolha honestamente prazos e valor de parcela, ofereça alguma garantia de pagamento e peça redução na taxa de juros.
Se não entender o novo contrato ou não estiver de acordo, busque orientação dos órgãos de defensoria pública na sua cidade.
Paula Sauer é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: paula.sauer@hotmail.com.
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