Murilo Duarte: "os investimentos aceleram o processo de enriquecimento" com a renda do trabalho (Leandro Fonseca/Exame)
Karla Mamona
Publicado em 25 de março de 2021 às 06h20.
Última atualização em 25 de março de 2021 às 09h31.
Aos 26 anos, Murilo Duarte, conhecido nas redes sociais como Favelado Investidor, conquistou o seu primeiro 1 milhão de reais. O jovem tem um canal no YouTube e ensina sobre educação financeira e investimentos.
A ideia do canal surgiu quando Duarte e seu sócio, Vinicius Silva, 24, cursavam a faculdade de contabilidade. Ao apresentar um trabalho com o tema sobre investimentos, eles notaram que grande parte da turma tinha pouco conhecimento sobre o assunto.
“Se o pessoal da faculdade não tinha noção, imagina quem mora na favela?” Na época, ele morava na periferia de São Paulo, no bairro Jardim João XXIII, zona oeste da capital paulista. O objetivo do canal é mostrar que qualquer pessoa, de qualquer classe social, pode melhorar suas finanças.
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Um ano depois do lançamento do canal, o Favelado Investidor virou uma empresa. Começou na categoria de microempreendedor individual (MEI) e meses depois mudou para o Simples Nacional. Hoje, o negócio emprega cinco pessoas.
Além dos vídeos no YouTube, Duarte e equipe faturam com propaganda de produtos relacionados ao mercado financeiro, com palestras em empresas privadas e com um curso lançado no ano passado. A venda do curso foi a principal fonte de renda do negócio: são 200 aulas e abordagem desde como organizar as finanças até os conceitos da análise fundamentalista para a bolsa.
E foi por meio do “Favelado Investidor Ltda” que Murilo Duarte chegou ao primeiro milhão de reais. “Ganhei o primeiro milhão de reais pela minha empresa. Foi empreendendo.”
A forma como o Duarte ganha dinheiro é alvo de críticas de alguns seguidores. No YouTube, ele tem 286 mil seguidores; e, no Instagram, 414 mil. Muitos afirmam que ele ensina sobre investimentos, mas não ficou milionário desse jeito. O jovem rebate as críticas explicando a diferença de renda ativa e renda passiva.
“O que vai enriquecer a pessoa é o trabalho, que é a chamada renda ativa. Eu reservo uma parte do dinheiro que eu ganho para os meus investimentos, que é renda passiva. No longo prazo, verei meu dinheiro aumentar. Os investimentos aceleram o processo do enriquecimento”, explica.
No YouTube, Murilo Duarte tem uma carteira pública. Ele grava vídeos fazendo aportes quando encontra o que considera boas oportunidades. Na carteira, ele tem 38 mil reais e investe em ações de empresas como Itaúsa (ITSA4), Taesa (TAEE11) e Magazine Luiza (MGLU3).
Além da carteira pública, ele tem uma carteira pessoal. Ele não revela o total investido, mas afirma que ela está dividida da seguinte maneira: 30% em ativos indexados ao CDI com liquidez diária, 60% em ações e fundos imobiliários e 10% em Bitcoin e Ethereum.
O jovem afirma que os “haters” nas redes sociais não lhe afetam e conta que antes de ganhar dinheiro muita gente dizia que torcia por ele, mas que acabaram virando as costas quando enxergaram o seu sucesso.
"Às vezes, a pessoa se sente frustrada por não ter coragem de fazer o que eu fiz. Pensou em um dia criar um canal, mas não fez. Não teve iniciativa. Então, é mais fácil criticar.”
Com a conta bancária gorda, Duarte já realizou alguns sonhos, como aposentar sua mãe, que trabalhava como copeira em um hospital, e sair da favela. Hoje, ele mora em uma casa confortável na Granja Viana, na cidade de Cotia. Ele também comprou um terreno e está construindo uma casa para a mãe em um condomínio na mesma cidade em que mora atualmente.
Vinicius Silva também deixou de morar na favela e hoje, mora no bairro Jardim Olympia. Ele comprou um terreno no mesmo condomínio que seu sócio e está contruindo uma casa para sua mãe. A mãe de Silva também foi aposentada com o trabalho do filho, deixando de trabalhar em um hipermercado.
Para os próximos anos, os jovens planejam ainda ter uma sede própria de sua empresa, já que hoje ele adaptou um quarto de sua casa para transformar em um estúdio.
“Minha meta financeira é alcançar os 10 milhões de reais. Mas minha principal meta é levar educação financeira para o maior número de pessoas possível. Temos um país de endividados. Quero ajudar.”