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Fundos de capital protegido crescem no Brasil e atraem investidores que não topam correr riscos para ganhar com a renda variável

Fundos de capital protegido entregam, no pior dos cenários, o dinheiro inicialmente investido na íntegra (Stock Exchange)

Fundos de capital protegido entregam, no pior dos cenários, o dinheiro inicialmente investido na íntegra (Stock Exchange)

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Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2012 às 19h25.

São Paulo - Principal índice da bolsa e termômetro do mercado de ações brasileiro, o Ibovespa acumula queda superior a 15% até agora. É certo que o tombo assusta os investidores que elegem a renda variável como alternativa para alavancar as aplicações financeiras. Mas há produtos no mercado que garantem retornos positivos em cenários tão ou mais nebulosos. 

Quem aplica em fundos de capital protegido, por exemplo, tem a certeza de levar para casa pelo menos a quantia inicialmente investida. Isso acontece porque esses fundos trabalham com um prazo limitado de captação e funcionamento. 

Terminada a arrecadação, os gestores calculam quanto do patrimônio deve ser alocado em ativos da renda fixa pré-fixados para que o resultado, após um determinado período, consiga remunerar o investidor na exata proporção da sua aplicação inicial. O restante do dinheiro vai para a renda variável, seja em opções do Ibovespa, seja em moedas estrangeiras ou commodities como o ouro. 

Com o apelo da manutenção do principal a despeito de qualquer oscilação, a quantidade de fundos com essa característica quase dobrou nos últimos anos. De acordo com a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), o número passou de 40 em janeiro de 2002 para 75 em julho deste ano. O patrimônio acumulado neste meio tempo reforça o ganho de popularidade: a soma atual é de 5,8 bilhões de reais investidos, um salto de mais de 3.500% em nove anos.

Segundo Renato Santaniello, gestor de fundos estruturados do Santander, o sucesso pode ser explicado pelo fato de um mesmo produto contemplar dois tipos diferentes de investidor. "O conservador busca ter exposição ao ativo de risco, já que a aplicação garante a possibilidade de ganho na alta e na baixa sem o ônus de um eventual prejuízo", acredita. "Por outro lado, quem corre mais riscos e já investe em renda variável aloca uma parte dos recursos no fundo para não ter todo o patrimônio exposto à variação das ações”, diz o gestor. 

Dos 19 fundos de capital protegido lançados pelo Santander até hoje, 14 aplicaram o percentual de renda variável em opções do Ibovespa. "Nosso melhor fundo chegou ao mercado bem no meio da crise de 2008 e rendeu 191% do CDI", afirma Santaniello. 

A performance retrata a dinâmica destes fundos: o retorno foi quase o dobro do CDI, taxa de juros interbancária que baliza o rendimento de muitas aplicações na renda fixa, mas menor do que o registrado pelo Ibovespa, que rendeu mais de 82% apenas em 2009. Ou seja, o investidor garantiu exposição à renda variável sem aproveitar as máximas possibilidades de ganho ou perda. 


Hoje, o único produto do Santander que permanece aberto para a captação recebe aportes até o dia 17 de agosto. Com taxa de administração de 2,5% ao ano, o fundo exige aplicação mínima de 5.000 reais e tem duração de dois anos. Se o Ibovespa oscilar entre -20% e 45% neste meio tempo e nunca atingir estas barreiras, o investidor embolsará a variação absoluta do índice ao término deste período. 

Caso ambas as barreiras forem atingidas, a investidor ganhará uma taxa pré-fixada, definida pelo gestor depois do dia 17, quando o fundo começa a operar de fato. Se a valorização final do índice for negativa e a barreira dos 45% for alcançada em algum momento, o investidor ganhará a taxa pré-fixada acrescida do valor referente à baixa do Ibovespa. A pior das situações acontece se a variação do indicador for negativa e a barreira dos -25% for atingida algum dia. Neste caso, o investidor receberá apenas aquilo que aplicou inicialmente. 

Para Santaniello, as incertezas sobre o aumento do teto da dívida nos Estados Unidos, a chance de insolvência na Grécia e a inflação no Brasil fazem com que o mercado, de maneira geral, não acredite em uma alta expressiva do Ibovespa nos próximos dois anos. "Para cenários como este, em que não há tendência muito bem definida de alta ou baixa, o fundo de capital protegido funciona muito bem", defende.

Apostando na mesma ideia, o Citi lançou o CitiFirst Capital Protegido III na última sexta-feira. A lógica é exatamente a mesma do produto do Santander. O que muda são as barreiras de alta e de baixa (+25% e -15%), o aporte mínimo (25.000 reais) e o tempo de funcionamento do fundo, que é de apenas um ano. Além da taxa de entrada de 2%, o investidor também pode arcar com uma taxa de administração que pode chegar a no máximo 0,17%. 

Para quem deseja colocar o pé na renda variável sem tirar o corpo da renda fixa, outra possibilidade é aplicar no Bradesco FI Multimercado Principal Protegido. O fundo investe em títulos da renda fixa que rendem um determinado percentual de juros em 63 dias. A rentabilidade conseguida neste período é revertida na compra de opções do Ibovespa. 

Apesar de ser mais acessível, com aplicação mínima de 1.000 reais, o produto não é indicado para quem deseja liquidez. Isso acontece porque até o prazo dos 63 dias terminar, o investidor não poderá solicitar o resgate de quotas. A taxa de administração é de 3% e a captação, que é aberta ao varejo a cada dois meses, poderá ser feita no dia 5 de agosto, próxima sexta-feira. 

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