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Como ganhar da poupança sem ter que correr risco na Bolsa

Nem tanto ao Céu, nem tanto à terra: conheça alguns bons investimentos que rendem mais que a poupança, mas são menos arriscados que as ações


	Homem segura notas de real: investimentos conservadores não podem faltar, mas dá para diversificar sem correr tanto risco
 (Adriano Machado/Bloomberg)

Homem segura notas de real: investimentos conservadores não podem faltar, mas dá para diversificar sem correr tanto risco (Adriano Machado/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2013 às 05h00.

São Paulo – Muita gente acha que sair da poupança é sinônimo de arriscar seu dinheiro. Há quem acredite que a poupança é o investimento mais seguro que existe, e mesmo quem conhece outras opções igualmente conservadoras – como CDBs, fundos DI e Tesouro Direto – costuma achar que, fora isso, o que resta é “apostar” na Bolsa. E que lá, ou o sujeito fica rico, ou perde todas as economias de uma vida.

Mas tudo isso não passa de lugar-comum. Entre poupança e Bolsa de Valores há diversos investimentos com níveis moderados de risco e rentabilidade. De acordo com Ernesto Leme, sócio responsável pela área de Gestão de Patrimônio da Claritas Investimentos, o ideal é que cada investidor tenha na carteira seis classes de ativos. A renda fixa pós-fixada – onde se enquadram poupança, CDB-DI e fundos DI – e renda variável – como ações e fundos de ações – são apenas duas delas.

Entre um extremo e outro, diz Leme, o investidor deveria também aplicar em renda fixa ligada à inflação, crédito privado, renda fixa pré-fixada e fundos multimercados. Lembrando que nunca se deve prescindir da renda fixa mais conservadora, que deve abrigar o dinheiro que vai ser usado no curto prazo ou em caso de emergências. Confira a seguir alguns desses investimentos “meio-termo” – que rendem mais que a poupança e batem a inflação sem o mesmo risco da Bolsa – que podem ser interessantes atualmente:

Renda fixa ligada à inflação

Tesouro Direto: Notas do Tesouro Nacional-série B (NTN-B)

Garantidos pelo Tesouro Nacional, os títulos públicos vendidos diretamente ao investidor pelo Tesouro Direto são as aplicações com o risco de calote mais baixo do Brasil. Você empresta dinheiro para o governo em troca de juros, com a vantagem de poder aplicar qualquer quantia a partir de 30 reais ou o equivalente a 10% do valor de um título, o que for menor.

Todos os títulos do Tesouro Direto são bastante rentáveis, sendo o mais conservador deles a Letra Financeira do Tesouro (LFT), cuja remuneração flutua ao sabor da taxa básica de juros, a Selic. Ela é ainda mais segura e rentável que a poupança. No entanto, a NTN-B, que tem um nível de risco um pouco maior, é um título bastante interessante, especialmente para objetivos de longo prazo, como a aposentadoria.

Ela paga um juro acima da inflação – atualmente as remunerações estão em torno de 6% ao ano mais IPCA – o que significa que ela protege o investimento contra a alta de preços. O ideal, porém, é que o investidor não venda seu título antes do vencimento, uma vez que em cenários com perspectiva de alta na Selic, as NTN-Bs podem se desvalorizar no curto prazo. Dessa forma, o investidor poderia perder de dinheiro. Mas se ficar com a NTN-B até o fim do prazo, o investidor recebe exatamente a rentabilidade prometida.

Crédito privado

Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA)

Esses dois papéis são relativamente novos no mercado e se assemelham muito aos Certificados de Depósito Bancário (CDBs). Porém, contam com a vantagem de serem isentos de imposto de renda, o que possibilita rendimentos maiores que a poupança e muitos CDBs de bancos grandes. As LCIs são emitidas por bancos que querem captar recursos especificamente para financiar empreendimentos imobiliários. As LCAs, por sua vez, são usadas pelos bancos para captar recursos para financiar o agronegócio.


Ambos os papéis têm garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Isso significa que se o banco emissor quebrar, o investidor recebe de volta tanto o principal investido quanto o rendimento. Porém, o limite de cobertura é de 250 mil reais por CPF, por instituição. É fundamental não ultrapassar esse valor, principalmente se o emissor for um banco de médio porte. Assim, se você investir em poupança, LCI e tiver conta corrente em um banco, o total desses depósitos não deve ultrapassar 250 mil reais.

Dentro do limite do FGC, portanto, as LCIs e LCAs são tão seguras quanto a poupança, mesmo quando emitidas por bancos médios. Mas se o banco for à lona, o investidor vai perder tudo que tiver investido, porventura, acima desse valor. LCIs e LCAs também têm problemas de disponibilidade e liquidez. Nem sempre os bancos têm papéis disponíveis em seu estoque, e muitas vezes não é possível resgatar os recursos antes do vencimento sem alguma perda na rentabilidade.

Outro problema desses títulos de renda fixa privada é o valor do aporte, geralmente alto. No Banco do Brasil, que é o mais tradicional emissor de LCA do país, o investimento mínimo nesse produto é de 30 mil reais, e está disponível apenas para os clientes do segmento Estilo (alta renda). A LCI da Caixa, a mais tradicional do mercado, tem aplicação mínima de 50 mil reais.

Existem, contudo, algumas maneiras de driblar estes problemas. Algumas corretoras conseguem oferecer LCIs e LCAs de diversos bancos, exigindo volumes menores. E alguns bancos médios também oferecem aplicações que exigem aportes reduzidos. É o caso do Sofisa Direto, cuja LCI não exige aporte mínimo e paga 91% ou 92% do CDI, na modalidade pós-fixada, e entre 9,30% e 9,85% ao ano na modalidade pré-fixada.

CDBs de bancos médios

Muitos bancos médios conseguem oferecer CDBs que pagam 100% do CDI com liquidez diária, isto é, podendo ser resgatado a qualquer momento. A taxa de juros CDI, praticada nos empréstimos entre bancos, costuma aproximar-se da Selic. Alguns bancos médios oferecem CDBs que pagam até mais que 100% do CDI, desde que o investidor fique alguns meses ou até anos sem resgatar a aplicação. Trata-se de um rendimento superior ao da poupança e ao dos CDBs de grandes bancos. Além disso, esta rentabilidade ainda ganha da inflação.

Contudo, além de uma eventual carência, os CDBs de bancos médios podem ser arriscados, caso a saúde financeira do banco não seja boa. Por isso é fundamental que o investidor não ultrapasse o limite de cobertura do FGC, de 250 mil reais por banco, por CPF.

Fundos de crédito privado

Fundos de crédito privado costumam render mais que a poupança e ganhar da inflação por meio do investimento em papéis de renda fixa emitidos por bancos e empresas. Trata-se de CDBs, LCIs, LCAs e principalmente debêntures, entre outros títulos a que o investidor pessoa física jamais teria acesso para aplicar diretamente. Embora um bom fundo de crédito privado costume exigir aportes na faixa de algumas dezenas de milhares de reais, eles são uma boa forma de diversificar a parcela da carteira dedicada a esta classe de ativo.

Em vez de investir 30 mil reais em uma única LCA, o investidor pode aplicar numa série de ativos diferentes por meio de um fundo. “O fundo de crédito privado traz seu nível de risco explícito no regulamento. Por exemplo, ele pode dizer que investe apenas em títulos de crédito de rating A, de ótima qualidade. Para uma faixa de 30 mil reais, as taxas de administração são baixas, de 0,75% a 0,80% ao ano, e a rentabilidade fica em torno de 107% do CDI, antes de IR. É muito melhor que a poupança”, explica Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos.


Embora os fundos de crédito privado corram risco de levar calote das empresas cujos títulos compõem sua carteira, a concentração em cada tipo de ativo é baixa – de 2% a 3% da carteira, segundo Bittencourt. Isso significa que, caso o fundo fique sem receber de alguma empresa, o impacto no valor da cota será limitado e facilmente recuperável.

Renda fixa pré-fixada

Tesouro Direto: Letras do Tesouro Nacional (LTN)

Outro título do Tesouro Direto que pode trazer uma rentabilidade superior à poupança com um risco de calote irrisório é a Letra do Tesouro Nacional (LTN). Ela paga um juro pré-fixado, isto é, o investidor já sabe exatamente quanto vai ganhar ao término da aplicação. Atualmente, as LTNs estão pagando em torno de 12% ao ano. A NTN-F – uma opção semelhante, porém de prazo mais longo – paga um pouco mais de 12% ao ano.

As LTNs têm dois riscos principais: um é perder da inflação, se houver um repique de preços – mas pela inflação atual, que gira em torno de 6% ao ano, isso não é problema. O outro é o mesmo risco da NTN-B de fazer o investidor perder dinheiro caso ele decida vendê-la antes do fim do prazo. Ele pode ter perda do rendimento e de parte do principal caso a taxa de juros tenha perspectiva de alta. Por isso, o ideal é carregá-la até o término do prazo, para garantir a rentabilidade acordada no ato da compra.

Fundos multimercados

Fundos multimercados sem renda variável

Há inúmeros tipos de fundos multimercados. Alguns são tão tranquilos quanto a renda fixa conservadora, e outros podem chegar a ser mais arriscados que ações, fazendo os cotistas perderem uma quantia maior do que a que investiram. Os fundos multimercados de menor volatilidade – isto é, cujas cotas costumam oscilar menos – são aqueles que não investem em renda variável. Eles costumam operar títulos públicos, juros futuros e câmbio, obtendo uma rentabilidade líquida próxima ou um pouco superior à taxa de juros CDI.

Segundo Paulo Bittencourt, a taxa de administração razoável para esse tipo de fundo é de 1% ao ano. Ao escolher, o investidor deve ficar atento se o gestor vem batendo consistentemente seu índice de referência, o chamando benchmark, que nesse caso geralmente é o CDI.

Fundos de fundos multimercados

Uma forma de diversificar com fundos multimercados é por meio do investimento em fundos que investem em cinco ou seis fundos desse tipo. Desse modo, o risco de investir em um eventual fundo mais arriscado fica bastante diluído.

Vídeo: Que cuidados ter ao investir fora da poupança?

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