Prédio em São Paulo: Cortar gasto com juros favorece aquisição de imóvel (.)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2010 às 08h46.
São Paulo - Especialistas, a exemplo de Mauro Halfeld, entendem que aumentaria consideravelmente o número de famílias com acesso ao financiamento de imóveis, se elas aprendessem a economizar. Além de acumular um dinheirinho na poupança ou algum outro investimento, o candidato a mutuário deve, prioritariamente, livrar-se de juros, sugerem os especialistas.
No livro intitulado "Seu Imóvel", escrito com a colaboração de Carlos Eduardo Paletta Guedes, Halfeld comenta que é comum às famílias brasileiras comprometerem mais de 25% do orçamento doméstico com o pagamento de juros, embutidos nos crediários, no cheque especial e nos cartões de crédito, por exemplo.
O percentual de 25% da renda individual (ou familiar) do pretendente é um dos determinantes utilizados pela maioria das instituições de crédito imobiliário, para limitar o teto do financiamento. Por exemplo: quem tem renda mensal de R$ 2 mil consegue obter um financiamento cujas parcelas de amortização alcancem até R$ 500/mês. Halfeld entende que a drástica redução dos gastos com juros é uma grande aliada para a compra do sonhado imóvel; e que a estratégia para "chegar lá" é a disciplina.
Já a indisciplina tolhe a chance de poupar, e se manifesta notadamente nos usos do cheque especial e do cartão de crédito, "que estão entre os principais motivos de endividamento do brasileiro", opina Halfeld.
"O cartão de crédito é um instrumento muito prático, mas se você não tiver dinheiro para quitar a íntegra da fatura do mês, não compre. Não se atreva a fazer apenas o pagamento mínimo; não deixe nem mesmo um centavo de dívida para o mês seguinte".
O reforçado alerta de Halfeld é porque os juros do saldo devedor do cartão de crédito correm quilômetros à frente da inflação.
Em resumo, como primeiro passo para economizar recursos que auxiliam na compra de imóvel, Halfeld sugere quitar dívidas, prioritariamente aquelas com juros maiores, como o saldo devedor do cartão de crédito.
Segundo passo: adquirir o saudável hábito de comprar à vista. Neste item, Halfeld observa que a aquisição do imóvel é exceção. Sugere que, ao analisar os prós e os contras do financiamento imobiliário, seja incluído no cálculo o valor despendido com aluguel. Porém, acrescenta que a compra à vista é o melhor negócio, em qualquer caso.
"Quem compra à vista pode pechinchar e impor regras. Quem compra a prazo, obedece", diz Halfeld, para quem muitos acreditam que os compromissos com prestações disciplinam os gastos do orçamento doméstico.
É crença generalizada que inexistindo o compromisso com as prestações, também não acontecerá a economia para comprar à vista, segundo comentário de Halfeld.
"A 'disciplina' através de um crediário é um péssimo negócio. Por exemplo, em uma compra para quitação em 24 meses, juros de 7% ao mês representarão ao final 109%", exemplifica.
Terceiro passo: reserva para emergências. Halfeld aconselha reservar uma quantia (ainda que pequena), e aplicá-la em caderneta de poupança, por exemplo.
"Se você tem um emprego estável, programe-se para acumular a aplicação até chegar ao total de três vezes o valor de seus gastos mensais. Se sua renda for instável; ou se você teme perder o emprego lute para juntar o equivalente a seis vezes o valor da sua despesa mensal. Sei que a meta é difícil, e leva tempo. Para alcançá-la, reduza temporariamente os gastos com viagens, com refeições fora de casa e outras despesas que não forem essenciais", aconselha o especialista.