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Como - e por que - se tornar o líder financeiro da família

Para que a família tenha sucesso em seus objetivos financeiros é preciso ter uma postura de liderança; veja o que fazer para assumi-la


	Líder: a família não precisa ter uma liderança centralizada, mas todos devem ter posturas ativas em relação ao dinheiro
 (Stefan Wagner/SXC)

Líder: a família não precisa ter uma liderança centralizada, mas todos devem ter posturas ativas em relação ao dinheiro (Stefan Wagner/SXC)

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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2013 às 16h49.

São Paulo – A liderança financeira na família é essencial para que os objetivos familiares sejam alcançados. Mas pode ser que não haja no clã um líder nato ou um apaixonado por finanças pessoais. Para o Conrado Navarro, consultor financeiro do Dinheirama, não é fundamental que haja apenas um líder financeiro em cada família, mas sim que as pessoas tomem atitudes de liderança em relação ao dinheiro e tenham cada qual uma tarefa ligada às finanças da família.

Em artigo recente, Navarro defendeu essa ideia, listando algumas das principais atitudes que você e sua família devem tomar de forma a colocar o dinheiro em um lugar de importância dentro de casa. Em entrevista a EXAME.com, o consultor listou mais algumas atitudes. Segundo ele, tanto faz se uma ou mais pessoas desempenham a função de guiar a família no tema, desde que todos tenham tarefas e assumam responsabilidades.

Confira a seguir o que fazer para assumir uma postura de liderança financeira dentro da sua casa:

1. Transforme o assunto “dinheiro” em prioridade

O dinheiro não deve ser encarado como um fim, mas sim como um meio para se alcançar objetivos. Por isso mesmo deve ser um assunto prioritário dentro de casa.

2. Faça um orçamento doméstico

“Não dá para falar em liderança financeira sem uma ferramenta de controle”, diz Navarro. O mínimo que uma família deve ter, segundo ele, é um orçamento doméstico atualizado, com todas as receitas, despesas e planejamento de poupança para se alcançar os diferentes objetivos. “O orçamento é o que dá o parâmetro para se decidir o que está bom ou ruim”, diz.

3. Tenha uma reserva de emergência

Especialistas recomendam que cada família tenha, em aplicações bem seguras de renda fixa, um montante suficiente para o seu sustento por um período de seis meses a um ano. Esta reserva serve para socorrer a família em momentos de aperto, como um desemprego, a perda de uma fonte geradora de renda ou ainda um problema de saúde grave que demande muitos gastos e cuidados.

De acordo com Navarro, essa reserva ajuda a prevenir aqueles “apertos” no fim do mês, possibilitando um melhor planejamento financeiro e conversas mais tranquilas sobre dinheiro em família.

4. Defina objetivos que dependam de dinheiro

Conrado Navarro sugere que, antes de se tomar qualquer decisão financeira em família, sejam definidos objetivos coletivos e individuais, marcando-se o que é prioritário. Primeiro, é bom definir objetivos mais gerais: essa família tem o sonho de ter um imóvel com determinadas características ou que os filhos cheguem ao pós-doutorado no exterior? Será uma família mais voltada para estudos, para viagens, para o desenvolvimento da carreira de alguém que tenha um supertalento ou do tipo mais equilibrada?


Em seguida, é preciso definir as prioridades. O que é mais importante para a família neste momento? Quais os prazos para se alcançar cada objetivo?

Finalmente, é necessário separar os objetivos comuns dos objetivos individuais. E Navarro frisa que os objetivos individuais também devem ter espaço nas discussões coletivas, ainda que se trate de hobbies, por exemplo. “Não devemos falar apenas de bens palpáveis, materiais. Pode ser que um dos membros da família esteja trabalhando muito e deseje mais qualidade de vida, como o tempo livre dedicado a uma atividade de que goste. E esse objetivo deve ser alcançado com o apoio da família”, diz Navarro.

5. Faça reuniões familiares para falar sobre as finanças ao menos uma vez ao mês

De acordo com o consultor do Dinheirama, a discussão dos objetivos e a divisão de tarefas devem acontecer em reuniões mensais em família, cuja data deve ser sempre respeitada. É nessa ocasião que se deve avaliar o que está dando certo e o que está dando errado no planejamento financeiro, definir e rever prioridades, conversar sobre os reveses financeiros e ouvir a opinião de todos os membros da família acerca do que está sendo feito.

Segundo Navarro, os objetivos devem ser colocados na seguinte ordem: primeiro, os objetivos coletivos, que afetam toda a família, como a compra de um imóvel, a troca de um carro, a previdência complementar dos pais ou o estudo dos filhos; em seguida, todos devem “pôr para fora” seus desejos e objetivos individuais, como um MBA para alavancar sua carreira, ou mesmo o desejo de começar um hobby que custe algum dinheiro.

As reuniões devem contar com a presença de todo o núcleo familiar, mesmo das crianças. De acordo com especialistas em educação financeira infantil, aos seis anos as crianças já têm noção de valores e já entendem como funciona o dinheiro. Pode parecer bobo, mas essa participação é importante por causa do próximo ponto.

6. Estimule as novas gerações

A participação das crianças e dos adolescentes nas reuniões e nas tarefas ligadas às finanças contribui para a sua educação financeira e os prepara para o futuro. Para Navarro, estimulá-los a participar é uma forma de dar o bom exemplo, de mostrar o que os adultos fazem para contribuir para as finanças da família. “É uma forma de quebrar o tabu que é falar de dinheiro e ainda mostrar que essas atitudes dão bons frutos para a família”, observa.

Ele aconselha, no entanto, a deixar os filhos de fora quando os assuntos forem mais delicados, principalmente no caso dos mais jovens. “Questões mais delicadas e que envolvam discussões mais aprofundadas do que simplesmente fazer contas, ligadas a aspectos emocionais, devem ser discutidas mais intimamente pelo casal. Vai do bom senso”, explica Navarro.


Pode ser que os filhos ainda sejam novos demais para dar alguma contribuição nas reuniões, ou ainda que façam aquela bagunça. Mas para o consultor, isso não é motivo para excluí-los dos encontros e muito menos das tarefas, para incentivar desde cedo sua participação. Ele sugere que as reuniões sejam usadas para definir linhas mais gerais e que depois, se necessário, os pais se sentem a sós para refinar mais o raciocínio.

7. Ao mostrar problemas, aponte também possíveis soluções

Na hora da reunião, ao opinar sobre algo que você acredite estar errado, coloque também uma alternativa de possível solução. Isso contribui para a união familiar e previne aquelas críticas vazias que podem levar a conflitos.

8. Não decida tudo sozinho – distribua tarefas

Em algumas famílias, muitas vezes um dos membros tem bastante interesse e talento para as finanças, enquanto os outros têm desinteresse e até aversão ao assunto. Como consequência, todas as decisões acabam recaindo nas costas de apenas uma pessoa, que decide e faz tudo sozinha. Isso acarreta uma série de problemas – da falta de colaboração dos demais a erros de planejamento. No fim das contas, um fica sobrecarregado e os outros, completamente vulneráveis caso o déspota financeiro venha a faltar.

Navarro não vê problemas na existência de um líder bem definido das finanças da família, desde que todos desempenhem tarefas e estejam a par de tudo que acontece, podendo também opinar. Daí a importância das reuniões mensais.

Assim, você pode centralizar o orçamento doméstico e guiar as reuniões, mas distribua entre os demais membros da família tarefas como a marcação das reuniões, o pagamento das contas (ainda que você forneça o dinheiro), a organização dos vencimentos das contas em um calendário e a organização dos comprovantes de pagamento de compras e contas. Muitas dessas tarefas podem ser desempenhadas pelos filhos, por exemplo.

A própria organização do orçamento, sugere Navarro, já pressupõe uma participação coletiva, em que todos devem informar ao responsável sobre os gastos e entregar-lhe os comprovantes.

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