Minhas Finanças

Como driblar os custos "escondidos" dos investimentos

Alguns custos são fáceis de esquecer e difíceis de evitar; como calcular quando vale a pena tentar fugir deles

Investidor deve pôr todos os custos na ponta do lápis para torná-los mais leves (Beatriz Albuquerque /Cláudia)

Investidor deve pôr todos os custos na ponta do lápis para torná-los mais leves (Beatriz Albuquerque /Cláudia)

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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2012 às 11h31.

São Paulo – Todo investimento tem custos, mas alguns deles são tão pouco falados que fica fácil se esquecer deles. O problema é que o peso dessas taxas não é desprezível, e elas podem tornar o que aparentemente é um bom negócio em uma péssima ideia. Será que é sempre uma boa investir no Tesouro Direto por uma corretora independente, em vez de permanecer na corretora do seu banco? E será que aquela corretora que funciona bem para o Tesouro vai funcionar tão bem caso a intenção seja investir na Bolsa para o longo prazo, ou mesmo em fundos imobiliários?

Os custos sobre os investimentos vão pesar mais ou menos dependendo do prazo e do montante investido, podendo ser diluídos no tempo e no volume. Na hora de escolher a instituição por meio da qual investir, é preciso pesar não apenas as tão faladas taxas de administração, custódia e corretagem, como também os custos de transferência via TED ou DOC. E você sabia que quem investe em cotas de fundos negociados em Bolsa, como os ETFs, também está sujeito à cobrança de corretagem e custódia?

Veja a seguir quais são as taxas de cada investimento, como minimizá-las e quando tentar fugir delas é um mau negócio:

Tesouro Direto: como pagar o mínimo possível

Independentemente da corretora, todo investimento no Tesouro Direto está sujeito à cobrança de uma taxa de custódia de 0,3% ao ano sobre o valor dos títulos em custódia e de uma taxa de negociação de 0,1% sobre o valor de cada compra de títulos. O que varia é a taxa de administração cobrada pelas corretoras, que hoje vai de zero a 1% ao ano, também cobrada sobre o valor dos títulos em carteira. As únicas corretoras que isentam o cliente dessa taxa atualmente são Daycoval, BanifInvest, Convenção, Spinelli, Socopa e Título Corretora.

Também existe, atualmente, uma maneira de “fugir” da taxa de negociação. Quem fizer o agendamento para compra automática de títulos vai pagar apenas 0,05% a partir da terceira transação realizada desta forma. Quem reinvestir os juros pagos por certos títulos ou mesmo o valor do seu vencimento, por sua vez, ficará isento desta taxa. As corretoras que oferecem essas novas funcionalidades atualmente estão na “Lista de agentes que oferecem a funcionalidade de aplicação programada”, no site do Tesouro Direto

Saiba mais sobre as novas funcionalidades do Tesouro Direto, como a compra e a venda programadas.

Bolsa: taxas de custódia e corretagem

A negociação de ações envolve três taxas: a corretagem, paga às corretoras a cada ordem; a custódia, paga à Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) mensalmente enquanto houver ativos em carteira; e os emolumentos, pagos à Bolsa e padronizados para qualquer corretora. Portanto, são a corretagem e a custódia que deverão ser pesadas na hora de escolher uma corretora.


A corretagem das instituições brasileiras varia de 2,90 reais a 25,21 reais por ordem, segundo levantamento do site Bússola do Investidor. As três mais baratas, segundo o site que fez o levantamento com 83 corretoras, são a Mirae (2,90 reais), o SpeedTrade, home broker da H. H. Pichioni (4,90 reais) e o MyCap, home broker da Icap (5 reais). Algumas corretoras ainda oferecem corretagem grátis após determinado número de ordens no mês ou no dia. Essa taxa pesa mais para quem opera muito, como os day traders ou swing traders. Para quem carrega as posições durante muito tempo, o custo acaba se diluindo.

Já a custódia, embora paga à CBLC, varia de corretora para corretora. Em algumas, a taxa chega a superar os 20 reais por mês, mas outras chegam a isentar o cliente da cobrança, como a Icap e a Spinelli. É apenas preciso verificar antes se a isenção é válida para qualquer cliente ou apenas para aqueles que operam ao menos uma vez por mês. Esse custo pesa mais para quem investe com vistas ao longo prazo e pretende carregar um ativo por muito tempo em carteira. “Mas é importante lembrar que essa taxa é altamente negociável, sendo possível até obter a isenção”, diz André Massaro, especialista em finanças da consultoria MoneyFit.

Contudo, é fácil se esquecer de que tanto a corretagem quanto a custódia também são cobradas quando se negociam cotas de fundos vendidos em Bolsa, como os fundos de índice (ETFs) e os fundos imobiliários. As cotas desses fundos são negociadas exatamente como ações. No caso dos fundos imobiliários, por exemplo, o investidor provavelmente desejará mantê-los em carteira por um bom tempo, para obter a renda com os aluguéis. Por isso, será interessante investir por meio de uma corretora que não cobre custódia.

Mas, como todo fundo de investimentos, ETFs e fundos imobiliários também cobram taxas de administração. No caso dos ETFs, elas costumam ser bem mais baixas que as taxas dos fundos de ações comuns. Por exemplo, a do BOVA11, ETF mais negociado atualmente, a taxa é de 0,54% ao ano. No caso dos fundos imobiliários, há uma grande variação. Há desde fundos que cobram menos de 1% ao ano até fundos que cobram mais de 4% ao ano.

Previdência: É possível não pagar taxa de carregamento

Além de muitas vezes cobrarem pesadas taxas de administração, os fundos de previdência costumam cobrar uma taxa de carregamento sobre cada aporte, o que acaba corroendo sua rentabilidade. Mas já existem fundos de previdência abertos que não cobram essa taxa. A Caixa, por exemplo, isentou recentemente todos os seus fundos de previdência desta taxa, o que é raro de se ver em um grande banco. Também é possível encontrar fundos isentos de carregamento investindo diretamente em gestoras independentes e seguradoras.

TED ou DOC: transferência pode não valer a pena

Um custo que é facilmente esquecido por quem pensa em investir por meio de uma corretora é a transferência por meio de DOC ou TED. Essa transferência é inevitável para quem investe na maioria das corretoras independentes, e dependendo do valor transferido, pode pesar bastante. Atualmente, as tarifas de DOC ou TED variam de 7,50 reais a 14,50 reais por transferência nos grandes bancos.


Alguns bancos, como o Santander e a Caixa, incluem, em algumas de suas cestas de serviços, um TED ou DOC mensal. Quem não tiver a facilidade à disposição deve estimar o peso da tarifa em seu planejamento de investimentos. Ainda que as taxas da corretora independente sejam menores que as da corretora do banco, o impacto do custo de TED ou DOC mensalmente ainda deve fazer a diferença compensar.

E esse impacto pode não ser ínfimo. Se você vai investir 500 reais por mês no Tesouro Direto e seu banco cobra uma taxa de administração de 0,5% ao ano, mas o TED ou DOC custa 8 reais, esse custo representará 1,6% do seu investimento mensal. Mais compensa permanecer no seu banco. Agora, suponha que a intenção seja aplicar em ações todos os meses, em uma corretora com taxa de corretagem menor que a do seu banco e isenção de custódia. Se o banco tiver uma taxa de custódia de 10 reais ao mês, a transferência de 8 reais compensa a transferência.

Esse cálculo também depende muito do prazo do investimento. Se a sua intenção for investir uma boa quantia em uma NTN-B, título público atrelado à inflação, com vencimento daqui a 30 anos, o custo da transferência vai evaporar. Outra opção é poupar mensalmente, mas apenas efetivamente investir no ativo desejado a cada três ou seis meses, para transferir quantias mais robustas. “Para o sujeito que reserva mensalmente centenas ou poucos milhares de reais pode valer a pena esperar e deixar os valores aplicados em uma poupança, até ter um volume de dinheiro maior”, diz André Massaro, que acha que o custo de transferência deveria ser inferior a cerca de 0,5% ao mês.

André Massaro lembra que para quem investe em ações e poupa quantias pequenas por mês é melhor mesmo acumular um bom dinheiro antes de fazer os aportes, para conseguir comprar o lote-padrão da ação. “Um lote-padrão de Petrobras, por exemplo, custa de 2.000 a 3.000 reais. Não compensa comprar no mercado fracionário, pois a liquidez é mais baixa, e o preço pode ser proporcionalmente maior que o do lote-padrão”, explica Massaro.

Outra coisa que se deve considerar é que esse custo se multiplica caso o investidor deseje se tornar cliente de diferentes corretoras e fazer aportes regulares em todas elas. Assim, pode ser uma boa ideia tentar concentrar todos os seus investimentos em seu banco e apenas uma corretora independente. A menos que uma das corretoras independentes seja destinada apenas a aportes realmente esporádicos.

O lado bom é que há corretoras que não cobram essa transferência quando os recursos são passados de volta para o banco. Já existem corretoras que oferecem outras opções para os clientes, dispensando a transferência do TED ou DOC. É o caso da Spinelli, que permite o depósito de recursos via boleto bancário, e da XP Investimentos, que criou uma modalidade de débito em conta para clientes Itaú que queiram investir em alguns fundos oferecidos pela corretora. Ambos os serviços são isentos de custos de transferência.

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