Minhas Finanças

Como bancar todos os seus sonhos ao mesmo tempo

Especialistas ensinam jovens a dividir os investimentos em curto e longo prazo, sem descuidar da aposentadoria

Quem casa quer casa e muito mais: separar as poupanças é a melhor maneira de não se enrolar (Stock.Xchange)

Quem casa quer casa e muito mais: separar as poupanças é a melhor maneira de não se enrolar (Stock.Xchange)

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Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2011 às 06h00.

São Paulo – Comprar um carro, investir na casa própria, mobiliar o imóvel novo, casar, sair em lua-de-mel, estudar no exterior, fazer uma cirurgia plástica, poupar para a aposentadoria... são muitos os objetivos que os jovens em início de carreira traçam para os primeiros anos de sua vida ativa. O desafio é: como equilibrar as contas e os investimentos para atingir todos eles? E como, no futuro, pagar por tudo isso ao mesmo tempo? Veja, a seguir, dicas de especialistas sobre como separar e administrar os trocados que vão bancar cada um desses sonhos.

1º passo: Definir quanto poupar todo mês

Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos, recomenda que o total poupando mensalmente, incluindo-se aí todos os objetivos, fique entre 10% e 20% da renda. Para ela, o mais importante não é poupar muito, mas poupar sempre. O importante é que a pessoa não sinta o baque, e que o primeiro montante a sair da conta seja a poupança. Fazer isso é mais fácil se o jovem ainda morar com os pais. “A pessoa não pode se privar de seus prazeres. Não adianta depositar 40% do salário num mês e no outro não depositar nada”, reforça.

2º passo: Separar a poupança em grupos

Definido o percentual mensal, é hora de dividi-lo em objetivos de longo prazo (como aposentadoria) e objetivos de curto prazo (como casar, comprar um imóvel, mobiliar a casa nova, pagar um curso no exterior ou comprar um carro em até dez anos). Para Alexandra, o percentual destinado à aposentadoria pode ser de, no mínimo, algo entre 5% e 10% do que foi poupado. “O importante é separar primeiro o dinheiro da aposentadoria e só depois pensar nos recursos para as aquisições de curto prazo”, diz o economista e especialista em finanças Beto Veiga.

Grupo do curto prazo: prefira a renda fixa

Todos os objetivos de curto e médio prazo, como comprar um carro, um imóvel ou economizar para a festa de casamento, devem ter seus recursos destinados a aplicações de renda fixa de baixo risco e alta liquidez, como títulos públicos e fundos de renda fixa sem crédito privado. Os primeiros contam com a vantagem de poder ser operados diretamente, via Tesouro Direto, a taxas bem mais em conta que os fundos de investimento.

Segundo Alexandra Almawi, da Lerosa, não é preciso ter uma conta ou aplicação diferente para cada objetivo de curto e médio prazo. Só é importante separar essa poupança do que é para a aposentadoria, e mexer apenas na primeira, mesmo em caso de imprevistos. Para momentos como o atual, com ameaça de inflação num horizonte próximo, as NTN-Bs, títulos públicos atrelados ao IPCA, são boas pedidas. “Quando a inflação está controlada, porém, os títulos pré-fixados e as LFTs são os mais indicados para esse tipo de poupança”, diz Alexandra.

Para Beto Veiga, é bom também separar os horizontes de tempo. Se a ideia é comprar um carro ou uma casa daqui a cinco anos, as NTN-B Principal são a melhor opção. Além de proteger os recursos contra a inflação, elas não devolvem um cupom de tempos em tempos, guardando todo o rendimento para a época de vencimento. O ideal é que a data de resgate do título se dê entre seis meses e um ano antes da época de atingir o objetivo, e que nesse período final, os recursos sejam transferidos para a caderneta de poupança.


Já se a intenção é viajar ou fazer um intercâmbio dentro de um ano, investir diretamente em CDBs é o mais adequado, diz o economista. “Dê preferência aos papéis que paguem, no mínimo, 100% do CDI, encontrados em bancos médios e pequenos. Em cada instituição, o depósito será garantido pelo governo em até 70.000 reais. Essa é a melhor opção enquanto a Selic estiver acima de 9%, 10%. Abaixo disso, a caderneta de poupança é mais interessante”, explica Veiga. O especialista aconselha ainda a manter distância de títulos de capitalização e consórcios, caracterizados mais como jogos que como investimentos.

Fuja dos financiamentos pouco inteligentes

Financiamentos não são proibidos, mas devem ser usados com parcimônia. Pague à vista sempre que receber descontos e evite se endividar para pagar objetivos adiáveis, como a festa de casamento ou a viagem da lua-de-mel. Os financiamentos “permitidos” são aqueles do imóvel e do carro. “Opte pelo financiamento de prazo mais longo disponível, para que as parcelas sejam as menores possíveis”, aconselha Alexandra Almawi. Assim, o mutuário pode quitar a dívida antes, caso passe a receber mais; mas se tiver algum imprevisto profissional, não terá tanta dificuldade de honrar o compromisso.

Especificamente sobre festas de casamento, Alexandra lembra ainda de um detalhe importante: quem fecha em 2011 uma festa para 2013, pagará os valores referentes à tabela de 2011, necessariamente menores que os da tabela de 2012, já com os reajustes. Geralmente esse tipo de festa também dá bons descontos para quem paga à vista. Mas é preciso prestar atenção em quem são os fornecedores. Em alguns casos, como fotografia e filmagem, é melhor fechar o preço atual, porém pagando uma parte na hora de assinar o contrato e a outra apenas depois do serviço já prestado.

Grupo da aposentadoria: arrojada ou conservadora

Para a poupança de longo prazo, como a aposentadoria, Alexandra Almawi indica um perfil mais agressivo, com um percentual em ações. Dependendo do perfil do investidor, pode ser de até 100% em ações, mas ela considera uma boa ideia usar uma regra já bastante difundida nos Estados Unidos, mas ainda pouco comum por aqui: subtraindo-se a idade do poupador de 100, a diferença será o percentual que pode ser aplicado em renda variável. Assim, para uma pessoa de 25 anos, 75% do valor poupado pode ser destinado à renda variável, reduzindo-se esse percentual com o passar dos anos.

Quem quiser investir diretamente em ações, deve escolher entre 10 e 15 empresas que tenham boa estabilidade financeira e que certamente ainda estarão sólidas na época da aposentadoria. É bom ter algumas blue chips, para garantir a liquidez, e mesclar também boas pagadoras de dividendos, a fim de proteger um pouco a carteira em momentos de crise.

“Os dividendos podem, inclusive, se tornar uma fonte de renda na aposentadoria”, lembra a economista. Para quem não tem tempo de acompanhar o mercado de perto, Alexandra aconselha optar por um fundo de ações ativo – que busque bater o Ibovespa, e não simplesmente acompanhá-lo – ou então permanecer na renda fixa. Para quem prefere uma poupança mais conservadora, o economista Beto Veiga sugere algo como 10% em renda variável e 90% em NTN-B Principal via Tesouro Direto.

Em relação aos fundos de previdência abertos – aqueles comercializados por bancos e seguradoras – ambos os especialistas têm ressalvas. Diferentemente dos vantajosos fundos de pensão, oferecidos por empresas, esses produtos podem ser muito caros. “Se você achar um plano de previdência sem taxa de carregamento e com taxa de administração de 1% ao ano, tudo bem. Mas você não vai achar”, diz Beto Veiga. Para Alexandra Almawi, essas aplicações são, além disso, muito engessadas. “Elas levam em conta tábuas biométricas e médias de expectativa de vida, que não necessariamente será a mesma do poupador”, explica.

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