(Yuichiro Chino/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2020 às 13h00.
Última atualização em 21 de outubro de 2020 às 00h32.
Um dos grandes desafios do sistema financeiro em nível global e local é a inclusão financeira. Cerca de 1,7 bilhão de pessoas no mundo não tem acesso a serviços primários como acessar uma conta, fazer transferências e pagamentos, segundo dados do Banco Mundial. Mas esse fosso que segrega uma parcela tão expressiva da população está diminuindo rapidamente, graças ao avanço da tecnologia e à redução dos custos associados.
Fazer pagamentos e transferências de modo tão automático como escrever uma mensagem instantânea pelo WhatsApp, a qualquer momento do dia e da semana — é o que trará o Pix; ter acesso e usar o histórico financeiro a seu favor para negociar melhores serviços e condições de crédito — benefícios do open banking; ou transacionar moedas digitais com garantias e a segurança do blockchain e assim reduzir o risco de fraudes e ataques criminosos. São diversas inovações que já estão ao alcance das sociedades.
No Reino Unido, um dos primeiros países a adotar o open banking em 2018, pessoas físicas e pequenas empresas estão liderando o movimento de adesão voluntária ao sistema de compartilhamento de dados na pandemia. Não é por acaso. São mais de 2 milhões de adesões de clientes em busca de melhores condições — são justamente aqueles que costumam não ter acesso a produtos condizentes com seu perfil.
Não é preciso ir tão longe no tempo para ter a dimensão do potencial de inclusão por meio da digitalização do dinheiro. O pagamento do auxílio emergencial de 600 reais pelo governo gerou a inclusão de pelo menos 20 milhões de brasileiros que não tinham registro em outro banco e que puderam abrir uma conta digital na Caixa, segundo informações do banco estatal. Não houve necessidade de visita a uma agência física para a abertura da conta nem para o recebimento do benefício, o que facilitou o alcance do programa.
O uso de aplicativos para realizar transações financeiras cresce de forma acelerada no mundo: será um ritmo anual composto de 11,5% ao ano no período de 2019 a 2023, segundo projeções da consultoria Capgemini. É um volume que chegará a 1 trilhão de dólares em 2023, puxado especialmente pelos países da Ásia, que incluem a China e o Japão.
No mercado financeiro brasileiro, o número de contas em fundos de investimento mais do que dobrou em menos de cinco anos, desde o fim de 2015, para um total de 23,3 milhões em junho passado. É um reflexo da popularização de plataformas abertas e de aplicativos, algo que se tornou possível com o avanço da tecnologia e o aumento do número de corretoras com modelos digitais, além da redução da taxa básica de de juro na fase mais recente.
São benefícios de democratização com efeitos multiplicadores mundo afora. Um dos casos de inclusão digital mais reconhecidos do mundo vem do Quênia: o pagamento eletrônico m-Pesa, que transformou celulares em contas de pagamento, construiu uma base com mais de 20 milhões de usuários. Saques e depósitos acontecem por meio de 110.000 agentes financeiros, ou 40 vezes o número de caixas eletrônicos no país.
Para discutir a democratização do sistema financeiro e outras tendências de digitalização que já impactam o setor, a EXAME promove a partir desta quinta-feira, 15, o Future of Money, o maior evento online da América Latina sobre o futuro do dinheiro, reunindo alguns dos maiores especialistas do assunto. O evento de abertura vai acontecer de forma virtual e gratuita em duas etapas.
Ao meio-dia desta quinta, o evento começa com uma apresentação do inglês Gavin Littlejohn, um dos maiores especialistas em digitalização das finanças e presidente do conselho da Financial Data and Technology Association (FDATA), entidade global que reúne fintechs. Às 19h, será a vez da apresentação de Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e fundador da Rio Bravo Investimentos.
O Future of Money terá palestras semanais até o dia 30 de novembro, que vão abordar temas como fintechs, open banking, Pix e LGPD, criptoativos, blockchain, moedas privadas e CBDCs, entre outros.
Para participar gratuitamente do evento que será transmitido no canal da EXAME no YouTube, basta se inscrever aqui.