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Como a Caixa se tornou o maior financiador imobiliário do Brasil

Nos últimos anos, a Caixa mudou o foco, lançou novas linhas de crédito bancário e chegou a 14,01 bilhões de reais em novos contratos

Pedro Guimarães: presidente afirma que banco está focado na baixa e média renda (Adriano Machado/Reuters)

Pedro Guimarães: presidente afirma que banco está focado na baixa e média renda (Adriano Machado/Reuters)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 22 de setembro de 2021 às 06h18.

Com 67% de participação do mercado, a Caixa é considerada o maior financiador imobiliário do país. O banco apresenta dados significativos, com uma carteira de crédito habitacional com volume de 534,6 bilhões de reais e cerca de 6 milhões de contratos. Em agosto deste ano, o banco atingiu a marca recorde de 14,01 bilhões de reais em novos contratos. 

Em entrevista realizada à EXAME Invest, Pedro Guimarães, presidente da Caixa, afirmou estar muito satisfeito com o desempenho do banco em relação ao crédito bancário. “Quando eu assumi o banco, a Caixa ocupava o quarto lugar no crédito com recurso do SBPE [Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo]. Em poucos meses, viramos líder. Foi uma grande mudança. Éramos um banco sem foco. Hoje, estamos focados na baixa e média renda”, disse. 

Além da estratégia em um novo foco, o executivo destacou ainda na gestões passadas, o banco apresentava perdas relacionadas a investimentos feitos por meio do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS).

“Falando de uma forma geral, os prejuízos somaram cerca de 24 bilhões de reais. Uma parte dos prejuízos foi oriunda de empréstimos feitos a grandes empresas. Hoje, nós preferimos emprestar para micro e pequenas. O dinheiro que emprestávamos para as grandes empresas. Hoje, está voltado para as MPEs.”

Segundo Guimarães, como a Caixa é a responsável pela gestão do FGTS, como houve prejuízo em anos anteriores, fora da atual gestão, acabou impactando no crédito imobiliário para habitação popular. A estimativa feita por Guimarães é que 240 mil famílias deixaram de ter crédito para habitação neste período. “Isso é coisa do passado. Hoje, na habitação popular temos 99% do mercado. Isso só a Caixa faz.” 

Inovação em novas linhas

Pedro Guimarães destacou ainda o lançamento de novas linhas de crédito lançadas pelo banco nos últimos dois anos. O primeiro lançamento foi a linha de crédito com a rentabilidade do IPCA. Lançado em julho de 2019, o presidente da Caixa destacou que foi uma revolução no mercado e trouxe inovação para o crédito bancário. Atualmente, nesta linha, as taxas variam de IPCA + 3,55% ao ano a IPCA + 4,95% ao ano.

No início deste ano, a Caixa lançou a linha de crédito atrelada à rentabilidade da poupança. “O primeiro a lançar esta linha foi o Itaú. Nós gostamos de competição e nos ajustamos.” 

Na última semana, o banco anunciou uma redução de juros nesta linha. A partir de 18 de outubro, as taxas serão a partir de 2,95% ao ano + remuneração da poupança. Vale lembrar que a remuneração da poupança é 70% da Selic. Atualmente, a Selic está em 5,25% ao ano, mas deve ter um novo aumento nesta quarta-feira, dia 22. A expectativa do mercado é que o Copom anuncie um aumento de 1 ponto percentual, elevando a Selic em 6,25% ao ano. 

Por fim, a Caixa lançou uma linha fixa, cujas taxas variam entre 8,25% ao ano  e 9,75% a.a. Segundo Guimarães, esta linha é a que tem menos aderência. “Hoje, a linha mais buscada é a da TR, seguida pela linha da poupança e por último a do IPCA.” Ele acrescenta que atualmente, a volatilidade do mercado acaba atrapalhando na escolha de quem busca um financiamento, mas trata-se de um recorde do cenário atual. Em relação à inflação, Guimarães acrescentou que é uma questão momentânea. “É algo visto como de curto prazo porque não tivemos uma mudança estrutural.” 

Futuro da Caixa 

Sobre a possibilidade de crescimento no segmento de crédito imobiliário, o presidente da Caixa afirmou que não tem ambições de ampliar a sua atuação ainda mais. De acordo com Guimarães, o banco irá focar ainda mais nos empréstimos para micro e pequenas empresas, já que a inadimplência é muito baixa, e no segmento de agronegócio.

“Nós temos vantagem competitiva devido à capilaridade em todo o país. É um mercado muito forte e nossa estratégia é de longo prazo.” O objetivo do banco é que ele tenha 25% do mercado quando se trata de crédito voltado ao agro. Este ano, a Caixa anunciou que irá construir 100 novas agências exclusivas para atendimento do público agro.

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