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Com índice de reajuste em 18%, negociações sobre aluguel ganham força

Especialistas afirmam que proprietário pode aumentar o aluguel pelo IGP-M, mas, na crise, o momento é de buscar acordo com o inquilino

Pandemia: com a crise causada pela covid-19, pelo menos 25% dos contratos foram negociados no Rio de Janeiro (Germano Lüders/Exame)

Pandemia: com a crise causada pela covid-19, pelo menos 25% dos contratos foram negociados no Rio de Janeiro (Germano Lüders/Exame)

AO

Agência O Globo

Publicado em 11 de outubro de 2020 às 11h32.

Quem tem contrato de aluguel com vencimento em outubro precisa ficar alerta. Isto porque o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), o índice usado para reajustar 90% dos contratos de locação, chegou a quase 18% (17,94%) nos 12 meses acumulados até setembro, de acordo com a Fundação Getulio Vargas. Como exemplo, um aluguel de R$ 1.500 com contrato até setembro, passaria a R$ 1.769.

Com a crise causada pela pandemia de covid-19, pelo menos 25% dos contratos foram negociados no Rio, com reduções que chegaram a 50%. Mas este abatimento durou três ou quatro meses, e agora o valor do aluguel vem com esta diferença para o pagamento. Ou seja, ficará bem mais caro.

"O proprietário vai ter dificuldade para reajustar em um cenário de sete meses de pandemia. Muitas negociações já ocorreram decorrentes da crise econômica", afirma Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio.

Locadores flexíveis

Independentemente deste momento de instabilidade, o proprietário tem direito de reajustar se o contrato vigente prever aumento pelo IGP-M a cada 12 meses.

"Existem três opções. Na primeira, o aumento é imposto e locatário (inquilino) concorda e fica no imóvel. Na segunda, o aumento é imposto e locatário não aceita e sai do imóvel, pagando as multas previstas em contrato. E na terceira, as partes negociam e chegam a um valor que atenda aos dois lados", afirma Luiz Barreto, presidente da Estasa.

Se o aumento do IGP-M for repassado ao aluguel dificultará ainda mais uma nova locação. Mas o mercado funciona por oferta e procura, hoje a oferta está enorme, então a tendência é de estabilidade ou redução dos preços.

Segundo dados do Secovi Rio, na cidade do Rio há mais de 13 mil ofertas residenciais para locação.

Para Marcelo Borges, diretor de condomínio e locação da Abadi, os proprietários estão muito antenados e sensíveis ao momento atual: "Não acreditamos que haverá uma intransigência sem negociação".

Edison Parente, vice-presidente da Administradora Renascença, diz que se os proprietários decidirem reajustar o valor do aluguel, as imobiliárias terão uma enorme demanda para fazer o meio de campo com os inquilinos. "Se o dono não quiser negociar, o inquilino vai buscar um imóvel mais barato. Tal movimentação deverá acontecer em dezembro ou janeiro."

Ser bom pagador ajuda

Para negociar com o proprietário, Marcelo Borges, diretor de condomínio e locação da Abadi, lembra que os locatários também devem apresentar argumentos sólidos: "Argumente que não houve aumento de salário, diga se ocorreu redução de recebimentos. Jogue limpo".

Para Adriano Sartori, vice-presidente do Secovi-SP, sendo o inquilino um bom pagador que comprovadamente passa por dificuldades, cabe ao proprietário avaliar se vale a pena manter o imóvel ocupado ou correr o risco buscar um novo locatário.

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