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Com denúncia contra Temer, fundo cambial lidera ganhos em junho

Piora na crise política fez o dólar subir mais de 2% no mês e os fundos cambiais lideraram o ranking de investimentos de EXAME.com no mês

Dólar: Moeda americana subiu mais de 2% no mês e impulsionou fundos cambiais  (Antonistock/Thinkstock)

Dólar: Moeda americana subiu mais de 2% no mês e impulsionou fundos cambiais (Antonistock/Thinkstock)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 30 de junho de 2017 às 19h35.

São Paulo — A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer, que precisa do aval da Câmara para ser avaliada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e deve atrasar o cronograma da reforma da Previdência, fez os investidores ajustarem suas posições em junho e correrem para ativos considerados mais seguros, como o dólar. Com isso, os fundos cambiais tiveram o melhor desempenho mensal no ranking de investimentos de EXAME.com, com alta de 2,82%.

Planejadores financeiros indicam a aplicação em fundos cambiais apenas para pessoas que precisam se proteger da oscilação de moedas estrangeiras. É o caso, por exemplo, de quem vai viajar ao exterior. Fora dessa circunstância, esse investimento não é recomendado aos pequenos investidores, uma vez que a taxa de câmbio varia muito.

Já a renda variável teve um mês morno. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, subiu 0,30% no período, mas todas as categorias de fundos de ações avaliadas (livre, small caps, investimento no exterior e indexados) caíram.

Na renda fixa, o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2035, título público que acompanha a inflação e que é vendido pela plataforma Tesouro Direto, caiu 2,74% em junho e ficou com a última posição no ranking de investimentos do mês. Já o Tesouro Prefixado com vencimento em 2021 avançou 1,18% e ficou com a segunda colocação entre as maiores altas.

É importante mencionar que o ranking de investimentos considera a rentabilidade bruta das aplicações no mês e em 2017, sem descontar Imposto de Renda. Em aplicações em fundos de ações, há IR de 15%.

Nos fundos de curto prazo, a alíquota é de 22,50% para resgates em até 180 dias e de 20% para resgates depois de 180 dias. Nas demais categorias de fundos (longo prazo), a tributação segue tabela regressiva, em que a alíquota varia entre 15% e 22,5%, conforme o prazo de vencimento.

Os títulos públicos também são tributados pela tabela regressiva de IR. Veja o passo a passo para investir no Tesouro Direto e como escolher a corretora. A poupança não tem cobrança de Imposto de Renda e a aplicação em ouro também é isenta de IR até 20 mil reais.

Confira o ranking de investimentos de junho:

InvestimentoDesempenho em junhoDesempenho em 2017
Fundos Cambiais*2,82%3,38%
Tesouro Prefixado 2021 (LTN)1,18%9,06%
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2021 (NTN-F)1,15%8,59%
Fundos de Renda Fixa Investimento no Exterior*0,92%5,97%
Tesouro Prefixado 2018 (LTN)0,88%6,63%
Fundos Multimercados Investimento no Exterior*0,85%5,22%
Tesouro Selic 2023 (LFT)0,80%-
Tesouro Selic 2021 (LFT)0,78%5,59%
Fundos Renda Fixa Simples*0,59%4,73%
Poupança**0,58%2,97%
Fundos Multimercados Livre*0,54%5,44%
Tesouro IPCA+ 2019 (NTN-B Principal)0,38%6,04%
Ouro BM&F0,38%10,69%
Fundos Renda Fixa Indexados*0,34%5,59%
Fundos de Ações Investimento no Exterior*-0,52%6,08%
Fundos de Ações Small Caps*-0,60%14,25%
Fundos de Ações Livre*-0,81%6,21%
Fundo de Ações Dividendos*-1,10%5,21%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 (NTN-B)-1,49%5,44%
Fundos de Ações Indexados*-1,59%2,96%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTN-B)-2,39%5,38%
Tesouro IPCA+ 2035 (NTN-B Principal)-2,74%5,65%

Referências

InvestimentoDesempenho em junhoDesempenho em 2017
Dólar comercial2,37%1,94%
Selic***0,85%5,61%
CDI***0,82%5,62%
Ibovespa0,30%4,44%
IPCA****-0,15%3,48%

*Até 27 de junho, dado mais atual disponível na Anbima.
**Até 29 de junho.
***O desempenho mensal se refere aos últimos 30 dias até a data de fechamento.
****Projeção da versão mais atual do Boletim Focus do Banco Central.
Fontes: Anbima, BM&FBovespa, Thomson Reuters, Banco Central do Brasil e Tesouro Nacional.

Avaliação

Para o estrategista Luis Gustavo Pereira, da Guide Investimentos, pesou negativamente sobre o mercado de ações brasileiro o cenário político. "Houve um aumento do prêmio de risco. Se você pegar o CDS, que é uma medida de risco, ele subiu também. A gente está vendo os investidores colocando algum prêmio na moeda", disse.

Segundo ele, o mercado avalia com cautela a dificuldade de aprovação da reforma da Previdência. "A gente continua vendo o [presidente] Temer se enfraquecendo, mas de certa forma se mantendo no poder. Cada vez mais o cenário mais interessante para os investimentos vai ficando para frente, o mercado vai perdendo um pouco do apetite ao risco, não à toa o Ibovespa caiu em dólar no mês, e em reais ficou no zero a zero."

Para julho, o estrategista da Guide afirmou que "é difícil vislumbrar uma melhora rápida na crise política" e, segundo ele, devemos começar a ver uma piora nos índices de confiança, que estavam melhorando. "Os dados de atividade já estão surpreendendo para baixo", frisou. "O mercado vai continuar atento, sem tomar posições de maior risco. É um mês conhecido por volume mais fraco e o mercado deve se manter cauteloso."

Dólar

Em relação ao câmbio, o economista e fundador da BeeCâmbio Fernando Pavani avalia que a piora na crise política que atingiu o governo ampliou o receio sobre a votação da reforma da Previdência, que agora prevista para agosto, e isso influenciou o mercado cambial em junho.

"A moeda, que até o último dia 28 acumulava alta de 1,5% no mês e de de 1,06% no ano, teve oscilação mais forte este mês por conta dos desdobramentos da crise política que atingiu o Planalto após a delação de executivo da JBS. A denúncia de Janot contra Temer, episódio mais recente dessa crise, fez investidores ajustarem posições, uma vez que a acusação terá de passar pela Câmara e deve atrasar o cronograma da Previdência", afirmou.

Para o economista, a perspectiva é de que o governo tenha força suficiente para articular o arquivamento da denúncia contra Temer. Ele disse que a saída do senador Renan Calheiros da liderança do PMDB no Senado e a aprovação da reforma trabalhista na CCJ, porém, trouxeram alívio quanto às dúvidas sobre a força do governo.

Para o próximo mês, Pavani espera um mercado relativamente mais calmo. "O recesso parlamentar deve esvaziar agenda política em julho e a perspectiva para a moeda é de estabilidade no próximo mês", disse.

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