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Com ação valendo centavos, o que resta ao investidor da OGX?

Para profissionais do mercado, quem aguentou as perdas até agora deve esperar uma eventual recuperação da empresa


	Desde a máxima, quando a ação chegou a 23,27 reais, até o último fechamento (dia 03), com os papéis cotados a 39 centavos, a perda da petrolífera foi de 98,32%
 (Zach Klein / Flickr Commons)

Desde a máxima, quando a ação chegou a 23,27 reais, até o último fechamento (dia 03), com os papéis cotados a 39 centavos, a perda da petrolífera foi de 98,32% (Zach Klein / Flickr Commons)

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Da Redação

Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 09h26.

São Paulo – As perdas das ações da OGX (OGXP3), de Eike Batista, têm sido difíceis de se suportar até pelos investidores com mais sangue frio. Desde o seu maior fechamento, em outubro de 2010, quando a ação chegou a 23,27 reais (se considerada a máxima cotação - fora do fechamento - a ação chegou a 23,39 reais no dia 14/10/2010), até o último fechamento (dia 03), com os papéis cotados a 39 centavos, a perda da petrolífera foi de 98,32%. Mas, quem já aguentou até agora, o que deve fazer com essas ações que já não valem mais de um real?

Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos, acredita que a melhor estratégia para quem já teve grandes perdas é esperar uma eventual recuperação da empresa. “O investidor que comprou a ação lá atrás, quando ela valia 18 ou 20 reais já perdeu muito. Para ele, agora o mais interessante é esperar uma eventual reviravolta para evitar a quebra final”, diz. 

Ela explica que a maior parte dos investidores da OGX não comprou os ativos recentemente, mas antes da crise ter se instalado na companhia. Por isso, segundo ela, a maioria dos acionistas já amargou quedas de pelo menos 60%. “Se um investidor perdeu menos do que 30%, talvez seja o caso de sair, mas a maioria perdeu mais de 90%”, avalia. 

Para Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros, se o investidor tem hoje menos de 75% do valor investido inicialmente, ele não deve vender os ativos. “Se o investidor não vendeu no início, agora o jeito é aguentar até o fim, colocar esse dinheiro de canto e esperar anos até que haja uma recuperação, ou até que se perda tudo com a ação”, afirma. 

Mas, caso a perda tenha sido de 50%, por exemplo, ele já pondera que o melhor a se fazer é realizar o prejuízo para evitar tombos ainda maiores. 

Felipe Miranda, analista da Empiricus, tem uma opinião diferente. Para ele, o investidor não deve basear sua decisão pelo tamanho do prejuízo, mas pelas suas expectativas sobre a empresa. “O passado não se muda. Se o investidor já fez a besteira de comprar essa ação que caiu, ele não deve ficar apegado ao passado, ele deve olhar as perspectivas futuras. Se ele acha que a ação vai subir, ele deve ficar com ela, mas se acha que não, ele deve vender”, defende. 

E os três especialistas são unânimes ao dizer que o investidor que quer buscar oportunidades na crise da bolsa deve ficar longe da OGX. “Se o investidor acredita que OGX ainda tem algum valor, o mais prudente seria esperar um cenário mais positivo. Por mais que ele não aproveite o momento de valorização inicial, pode ser melhor abrir mão de ter um ganho mais alto para correr menos riscos”, opina Miranda.


Mas, há possibilidades de recuperação? 

As últimas notícias não são nada animadoras. Na segunda-feira a OGX anunciou o fracasso das operações em quatro campos de petróleo. Depois disso, o que já estava mal piorou. A nota da empresa foi rebaixada pelas agências S&P e Fitch e nesta terça-feira a Moody’s também reduziu o rating da companhia. E seis corretoras estrangeiras reduziram o preço-alvo dos papéis e a projeção mais pessimista, do Bank Of America Merrill Lynch, é de que a ação chegue aos 10 centavos.

Apesar das possibilidades de recuperação da petrolífera serem quase remotas nas atuais circunstâncias, os especialistas não descartam a hipótese de uma reviravolta. “Existem chances de recuperação. Evidentemente, o grupo tem um valor estratégico para o governo e pode atrair compradores”, afirma o analista da Empiricus. 

Vieira, da Souza Barros, também não considera que as chances de recuperação sejam nulas. "Se houver uma injeção de capital de um investidor estratégico ou até mesmo um aporte de capital, ela teria um respiro e condições de se reerguer", diz.  

A economista da Lerosa concorda que a empresa seria capaz de se reerguer com algum tipo de socorro, mas não crê em uma retomada que a faça retornar ao status dos tempos áureos. "Claramente não é bom para o Brasil que a figura de um empreendedor que acreditou no setor de infraestrutura fique arruinada. Por isso, para manter a credibilidade até mesmo lá fora, pode ser que o governo faça um esforço. Se isso ocorrer, pode ser que exista algum suspiro, mas a ação não deve voltar ao patamar dos 20 reais. Ela só chegou a esse valor porque houve muita especulação", avalia.

 

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