Minhas Finanças

Cinco dicas para não afundar junto com os IPOs

Especialistas apontam os caminhos para encontrar a melhor alternativa de investimento

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

São Paulo - Apesar de ter decepcionado os investidores nos últimos meses, os IPOs (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) ainda atraem muito a atenção. A sigla de três letras ganhou fama no Brasil na última década impulsionada por operações como a da Bovespa. Em 26 de outubro de 2007, quem comprou os papéis da bolsa viu as ações dispararem 52% em poucas horas.

Mas o mundo mudou depois da crise e hoje o mercado está seletivo. Em 2010, de 7 operações realizadas, 6 ficaram abaixo do preço esperado.  "É um tema polêmico", avisa o sócio da área de capital management do Pátria Investimentos, Luis Fernando Lopes. As empresas querem vender com o maior preço e, do outro lado da mesa, o investidor procura a melhor alternativa de investimento com o menor valor. Veja abaixo as dicas apontadas por especialistas escutados pela Exame.com.

Analise o preço e compare

"Não confunda uma boa empresa com uma boa ação", alerta Jay R. Ritter, professor de finanças da universidade da Flórida e  um dos mais respeitados pesquisadores do assunto no mundo. "Uma boa empresa que vende os papéis a um preço muito alto pode não ser um bom investimento", destaca. Ritter indica que uma boa saída é compará-la com outras similares. "Buscar comparativos protege contra a compra de um papel sobrevalorizado",aponta o professor.

"Quando é um setor novo fica mais difícil. Tendo ações comparáveis, o trabalho do investidor é mais fácil. Entramos  no IPO da Fleury no final do ano passado também porque já tínhamos analisado bastante o setor de laboratórios", afirma o gestor dos fundos de ações da Neo Investimentos, Augusto Lange. Lopes, por sua vez, diz que gosta de setores ainda não bem representados no Ibovespa, muito atrelado às empresas ligadas às commodities. "Hoje o potencial de crescimento está no mercado interno e, por isso, preferimos as ligadas ao mercado interno, especialmente o setor de serviços", aponta.

O tipo da operação

As vendas de ações iniciais podem ser primárias ou secundárias. Na primeira, os recursos captados são destinados diretamente para a empresa e usados para o desenvolvimento dos negócios. Na segunda alternativa, o dinheiro segue para o bolso dos controladores ou acionistas que vendem parte de sua participação no negócio. Um IPO pode também ter os dois tipos de ofertas. "É preciso verificar se os recursos estão voltados para o crescimento ou apenas para os controladores", afirma Lopes, do Pátria.


O diretor de Renda Variável da Rio Bravo Investimentos, Rafael Rodrigues, chama atenção também para as "janelas de oportunidades". Ele lembra do período entre 2004 e 2007 quando 106 empresas abriram o capital. Uma janela abre quando a liquidez está alta e os preços das ações estão em alta, momento no qual muitas empresas aproveitam para vender ações. "O que acontece é que as vezes a empresa não sabe o que fazer com o dinheiro", diz Rodrigues. Ele cita o exemplo da Cremer. "Ela fez uma oferta para a saída de um investidor de private equity e não tinha planos para os 200 milhões de reais em caixa que estavam ali", conta.

Tamanho e conflito de interesse

"A empresa é muito pequena?", pergunta Ritter. Em seus estudos o professor identificou evidências de que as companhias com receita anual inferior a 50 milhões de dólares no ano anterior à oferta têm decepcionado os investidores. "As maiores têm sido melhores investimentos", afirma. "Os IPOs pequenos tendem a ter um público menor e a ter baixa demanda. Operações com vendas perto de 1 bilhão de reais conquistam mais liquidez e atraem os investidores que podem precisar vender os papéis rapidamente", indica Lopes, do Pátria.

Outro levantado é o papel dos bancos de investimentos que realizam as operações. "Como o banqueiro é remunerado por um percentual da oferta, eles tentam inflar os preços", alerta Rodrigues, da Rio Bravo. "Existe uma assimetria de informações entre o banco e a empresa para com os investidores. Algumas informações não são muito bem explicadas nos prospectos", completa.

Qualquer investidor pode consultar os detalhes de cada empresa nos prospectos. Os documentos ficam disponíveis nos sites das empresas e também no portal da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no link "Ofertas em Análise". Confira abaixo o prospecto da oferta de ações da Julio Simões, cuja estreia na BM&FBovespa está marcada para quinta-feira (22).

Prospecto Definitivo do IPO da Júlio Simões http://d1.scribdassets.com/ScribdViewer.swf?document_id=30253509&access_key=key-201qctgsq3i0rcqd6vxe&page=1&viewMode=list


Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresIPOsMercado financeiro

Mais de Minhas Finanças

Receita abre nesta sexta-feira consulta ao lote residual de restituição do IR

Mutirão de negociação: consumidores endividados têm até dia 30 para renegociar dívidas

Black Fralda dará descontos de até 70% em produtos infantis e sorteio de R$ 500 em fraldas

Loteria dos EUA busca apostador que ganhou R$ 17 milhões e não buscou prêmio