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Cartão de crédito consignado tem rotativo de 3% ao mês. Vale a pena?

Produto foi criado para reduzir o superendividamento de servidores públicos e aposentados e pode ser emitido para quem tem nome sujo

Cartões de crédito: plástico é semelhante a um cartão de crédito tradicional, mas costuma ter limite maior (Towfiqu Photography/Getty Images)

Cartões de crédito: plástico é semelhante a um cartão de crédito tradicional, mas costuma ter limite maior (Towfiqu Photography/Getty Images)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 21 de fevereiro de 2019 às 05h00.

Última atualização em 21 de fevereiro de 2019 às 09h32.

São Paulo - No cartão de crédito consignado, ao invés de juros de dois dígitos, o banco cobra de 3% a 4,5% ao mês para quem não consegue pagar a fatura desses cartões e entra no chamado crédito rotativo.

Isso porque, ao adquirir o cartão, o usuário concorda que, caso não consiga pagar o valor total da fatura, 5% do salário líquido seja utilizado para esse pagamento de forma automática.

Ou seja, as taxas cobradas nos cartões consignado são menores porque os bancos têm a garantia de que ao menos parte do valor da fatura sempre será pago. Caso os 5% do salário líquido não seja suficiente para pagar o valor total da fatura, o saldo restante é adicionado à fatura do próximo mês.

O cartão consignado complementa o limite de crédito consignado. Enquanto o servidor público ou aposentado podem comprometer até 30% da renda com o crédito consignado, com o cartão ele pode comprometer mais 5%. Ou seja, a soma do crédito e cartão consignado dá 35%, limite previsto por lei.

Como funciona

Na maioria das vezes, o cartão consignado é internacional, associado a bandeiras como Visa e Mastercard, não cobra anuidade e também a planos de fidelidade.

O plástico, portanto, é um cartão de crédito semelhante a um cartão de crédito tradicional, com a diferença que, geralmente, não é oferecido por grandes bancos, mas, sim, instituições financeiras de menor porte, como banco Pan, BMG e Inter.

Além de taxas de juros menores, o plástico geralmente oferece um limite maior aos usuários, já que o banco tem garantia de pagamento equivalente a 5% do salário mensal por até 36 meses, conta Roberto Braga, um dos fundadores da bxblue, site que compara cartões e crédito consignado.

Braga dá como exemplo um servidor que receba um salário de 10 mil reais. Nesse caso, 5% de seu salário líquido equivale a 500 reais. Multiplicando por 36 meses, esse servidor pode pagar 18 mil reais ao banco. "Provavelmente, o banco então dará a ele um limite de 15 mil reais e mais seis meses de pagamento de juros. O limite concedido, geralmente, é de 25 até 30 vezes o valor da margem do cartão, dependendo da estratégia de cada banco".

Como os bancos têm a garantia da margem consignável de 5%, o cartão consignado pode ser obtido até por quem está com o nome sujo.

Compensa?

Apesar de oferecer taxas de juros menores, os juros do cartão consignado são maiores do que os do empréstimo consignado. Segundo dados do BC, para aposentados os juros variam de 1,5% a 2,1%, enquanto para servidores públicos partem de 1,2% ao mês. Ou seja: quem está enrolado em dívidas deve preferir o crédito consignado tradicional.

Além disso, o risco de superendividamento é semelhante ao de um cartão de crédito convencional, ainda que sejam cobradas taxas menores. Caso não controle os seus gastos. além de ter de pagar uma fatura cada vez maior, já que o saldo devedor vai sendo adicionado a faturas posteriores, o banco terá direito de descontar 5% do salário líquido do usuário do plástico por até 36 meses.

Para o professor de finanças da PUC-SP, Fábio Gallo, o plástico vinculado ao crédito é desnecessário, "O crédito consignado só é bom em caso de emergências, e não em outras situações, como a falta de pagamento da fatura do cartão de crédito. O cartão consignado é mais um exemplo de produto que dá muitas garantias ao banco e fragiliza o devedor. Porque ele terá um limite maior para gastar, mas não terá, necessariamente, controle sobre os seus gastos".

 

 

 

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