Caixinhas virtuais: modalidade chega como um novo jeito de poupar (Nora Carol Photography/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 20 de agosto de 2025 às 17h08.
Última atualização em 20 de agosto de 2025 às 17h56.
Acesso rápido pelo celular, com divisão personalizada: “Guarde dinheiro para as férias do Ano Novo”. As caixinhas ou cofrinhos virtuais viraram febre entre os investidores, a ponto de fazer o volume investido em CDBs – os produtos em normalmente as caixinhas aplicam – ultrapassarem até a tradicional poupança. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), no primeiro semestre de 2025 foram R$ 1,15 trilhão contra R$ 957 bilhões respectivamente.
“Esse efeito foi provocado em larga escala pelas caixinhas/cofrinhos dos bancos digitais que também se mostrou no alto número de CPFs na B3 em renda fixa, com CDBs e RDBs”, afirma Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Cliente, Educação e Pessoa Física da bolsa brasileira.
Em junho deste ano, o número de CPFs que investem em renda fixa chegou a 100 milhões, um aumento de 9% em relação ao fim de 2024, quando eram 91,8 milhões.
Investir nas caixinhas se tornou um novo jeito de poupar. A popularização decorre, em grande parte, da personalização que os cofrinhos proporcionam, já que aproxima o investidor do investimento, diz Claudia Yoshinaga, Coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV.
“Nas caixinhas, acontece a motivação, ou seja, quando pensamos em um objetivo, como férias. Essa ideia de propósito é um bom gatilho para as pessoas se animarem a investir. E começamos a ver nos últimos tempos as instituições financeiras abraçarem isso de vez”, diz.
O grande responsável por popularizar as caixinhas, ainda em 2022, foi o Nubank, que tem justamente as divisões por propósitos no seu aplicativo. Logo, várias outros bancos e fintechs seguiram a estratégia.
“Nosso foco foi desmistificar o investimento, tornando-o parte do dia a dia. Hoje as caixinhas são um dos produtos mais populares do Nubank”, afirma a gerente geral de contas Maristela Calazans.
Uma das atratividades das caixinhas virtuais são os bons rendimentos: a oferta de 100% do CDI é uma das mais encontrados. Mas além da facilidade, a segurança é um dos pilares que atrai os investidores. As caixinhas têm cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que vale para todas as contas em bancos, até R$ 250 mil.
“Quem investe valores abaixo do que esse não corre risco de perder o dinheiro. E ninguém que investe qualquer valor nas caixinhas corre o risco de receber menos do que foi depositado, porque essa não é uma renda variável como ações, por exemplo”, explica a educadora financeira Aline Soaper.
Para ela, as caixinhas também democratizaram o acesso aos investimentos, fazendo com que as pessoas não precisem abrir conta em corretoras para investir. “O objetivo principal das caixinhas é criar reserva, juntar dinheiro para realizar algo e ver o dinheiro crescer. O foco precisa ser na acumulação e não apenas no rendimento. Mas o rendimento começa a ficar interessante quanto mais dinheiro é acumulado”, pontua.
Entretanto, em alguns lugares é o rendimento que chama a atenção: é possível encontrar rentabilidades de 120%, como ficou célebre numa oferta relâmpago feita pelo Mercado Pago. Esse alto retorno é uma forma de as empresas aumentarem sua base de clientes.
“A oferta é um chamariz para captar uma base de clientes maior. Algumas notícias como essa [da alta rentabilidade] se espalham rapidamente e é uma forma de atingir gente que eles não atingiriam tão facilmente”, diz Yoshinaga.
A decisão sobre onde investir é sempre pessoal e depende do perfil e da fase de vida de cada pessoa. Ela reflete tanto os objetivos quanto o nível de risco que o investidor está disposto a assumir.
"E ninguém que investe qualquer valor nas caixinhas corre o risco de receber menos do que foi depositado, porque essa não é uma renda variável como ações, por exemplo”, explica Soaper.
Mesmo quem tem um perfil mais agressivo pode utilizar esse tipo de aplicação como uma forma de preservar parte do patrimônio em uma reserva de emergência, aproveitando a liquidez e a facilidade de acesso aos recursos.
Confira quanto uma aplicação de R$ 1.000 renderia em um CDI anual de 14,90% . Os valores consideram prazos superiores a três meses, são líquidos de Imposto de Renda e não consideram IOF:
3 meses
6 meses
12 meses
24 meses
Além do Nubank, com caixinhas que rendem 100% e 115% do CDI (na caixinha turbo, caso movimente R$ 900 na conta corrente todo mês), o Itaú também possui cofrinhos, um CDB que rende 100% do CDI. No Inter, é o "Meu Porquinho por Objetivos", um CDB que também rende 100% do CDI.
No PicPay, existe o cofrinho que rende 102% do CDI, e o "Cofrinho Turbinado", com um retorno de 121% do CDI, desde que seja assinante do PicPay Mais ou aporte, ao menos, R$ 999 na conta todos os meses (e mantenha cadastrada uma chave PIX, CPF ou celular).
No Banco do Brasil, há o "Cofrinho BB", aplicado em um fundo que busca acompanhar a taxa Selic (com rentabilidade de 11,22% nos últimos 12 meses).