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Caixa inaugura linha de crédito imobiliário prefixado

No ano passado, o banco promoveu redução agressiva de 25,7% em suas taxas na linha tradicional indexada à TR e lançou crédito vinculado ao IPCA

Caixa: nova modalidade de crédito  (Pilar Olivares/Reuters)

Caixa: nova modalidade de crédito (Pilar Olivares/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de fevereiro de 2020 às 06h07.

Última atualização em 21 de fevereiro de 2020 às 17h19.

São Paulo — Um dia após divulgar os resultados do quarto trimestre de 2019, a Caixa Econômica Federal lançará nesta quinta-feira, 20, sua linha de crédito imobiliário prefixado.

A linha será um pouco mais cara do que o financiamento tradicional pela TR (Taxa Referencial): cobrará juros entre 8% e 9% ao ano. Mas a taxa contratada deve ficar travada até o final do financiamento, sem nenhuma oscilação de indicadores.

Comum no exterior, o crédito imobiliário prefixado costuma ter uma taxa flutuante, que pode ser revisada a cada 3 ou 5 anos. No caso da Caixa, a revisão periódica deve ficar de fora, para incentivar a contratação.

A modalidade de crédito é mais uma tentativa da Caixa para diversificar o funding do crédito para imóveis, ainda muito dependente da poupança.

Com os juros na mínima histórica, no patamar de 4,25% ao ano, o volume depositado na caderneta migra para ativos de maior risco, o que pode comprometer os recursos usados pelos bancos para a linha de crédito atrelada à poupança, o sistema SBPE.

Em seu último balanço a Associação das Entidades de Crédito Imobiliário (Abecip) apontou que o saldo da poupança cresceu 6% em 2019, volume inferior a 2018, mas ainda superior a 2015, quando o saldo diminuiu por conta de uma queda de 50% na captação líquida.

No ano passado, o saldo do FGTS, outra fonte de recursos para o crédito imobiliário, ficou estável, enquanto o de Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRIs) diminuiu. Por outro lado, a Letra Imobiliária Garantida (LIG) custa a engrenar.

A nova linha prefixada torna mais fácil empacotar e vender os créditos no mercado de securitização e, dessa forma, tomar recursos com investidores em troca de uma remuneração.

A primeira tentativa da Caixa de diversificar o funding foi o lançamento da linha indexada ao IPCA, em agosto do ano passado.

Até dezembro, a nova modalidade, cuja fonte de recursos são CRIs e LIGs, financiou imóveis para 64 mil pessoas, operações que alcançaram um total de 3,7 bilhões de reais. A linha chama a atenção por seus juros baixos: a partir de 2,95% ao ano mais o valor do IPCA. Porém, embute o risco da oscilação do índice de preços, hoje controlado no patamar de 4% ao ano.

A linha prefixada é também um reforço para o banco manter a liderança na concessão de crédito imobiliário. A Caixa encerrou dezembro com 69,2% de participação na contratação com recursos da poupança. O banco reconquistou a liderança após ter caído para o 4º lugar nos trimestres anteriores.

A volta ao topo se deve tanto pela linha atrelada ao IPCA quanto pela redução agressiva de suas taxas na linha tradicional indexada à TR. No ano passado o banco promoveu três reduções de taxas de juros, levando a taxa mínima praticada para 6,50% ao ano e a máxima para 8,50% ao ano, queda de 25,7%.

A Caixa foi seguida por outros bancos e desencadeou o que passou a ser chamado de “guerra do crédito imobiliário” em 2019. Novos capítulos dessa competição devem vir nos próximos meses.

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