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Cadastro positivo entra em vigor hoje. Saiba o que muda na prática

Os dados dos consumidores serão repassados por varejistas, empresas de telefonia e financeiras automaticamente para Serasa, SPC Brasil, Quod e Boa Vista

Se o cliente não quiser compartilhar suas informações relacionadas a crédito, basta solicitar a exclusão do cadastro positivo (Milkos/Getty Images)

Se o cliente não quiser compartilhar suas informações relacionadas a crédito, basta solicitar a exclusão do cadastro positivo (Milkos/Getty Images)

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Natália Flach

Publicado em 9 de julho de 2019 às 06h15.

Última atualização em 11 de julho de 2019 às 16h38.

São Paulo - Entram em vigor, nesta terça-feira (9), as novas regras do cadastro positivo que devem injetar ânimo na economia com financiamentos a juros mais baixos e melhores condições de pagamento. A partir de hoje, dados de 137 milhões de consumidores vão abastecer os birôs de crédito (Serasa, SPC Brasil, Quod e Boa Vista) que vão calcular notas que vão de zero a mil, em uma escala de bons pagadores.

O sistema se assemelha a um boletim escolar. Imagine que um estudante tenha tirado notas altas em seis disciplinas, está pendente em uma matéria (ainda não fez a prova final) e ficou em recuperação em três. Pela analogia, o cadastro negativo só mostrava as três notas vermelhas. Agora, o cadastro positivo vai mostrar todos os resultados do aluno.

"Fizemos um estudo com consumidores das classes C, D e E. Com o cadastro positivo, a nota de crédito deles subiu em 70% dos casos. Isso significa que terão mais acesso a financiamento", afirma Elias Sfeir, presidente da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito.

Os mais beneficiados devem ser os quase 23 milhões de cidadãos que atualmente estão alijados do mercado de crédito, apesar de estarem em dia com seus boletos de água, luz e telefone. O motivo é que eles fazem parte da população desbancarizada, o que significa que as instituições financeiras ignoram sua existência — pelo menos até agora.

Da mesma forma que as pessoas físicas, 2,5 milhões de micro, pequenos e médios empreendedores que hoje não têm acesso a empréstimos por falta de histórico de pagamento poderão requerer financiamento para os negócios, depois de serem incluídos automaticamente no cadastro positivo. Com isso, espera-se que as pequenas e médias empresas injetem 180 bilhões de reais na economia em dez anos.

Ao todo, a expectativa é que o cadastro positivo gere um impacto de 1,3 trilhão de reais em uma década, movimentando diversos setores, especialmente o de habitação e o de automóveis, que demandam volumes financeiros mais altos e são quitados em prazos mais longos. Além disso, projeta-se um aumento de 0,54% ao ano no Produto Interno Bruto com as novas regras.

Mas como tudo isso vai acontecer na prática? Confira abaixo.

Os birôs vão ter acesso a que tipo de informação?

Serasa, SPC Brasil, Quod e Boa Vista poderão visualizar o total da fatura do cartão de crédito, mas sem ter acesso aos gastos individuais - e de forma alguma poderão movimentar a conta corrente dos clientes. "As únicas informações compartilhadas são o histórico de crédito: se tomou financiamento imobiliário e se as parcelas estão sendo quitadas, de modo que dê para ver o comprometimento dos gastos. Assim, é possível que tenhamos queda na inadimplência e vamos prevenir o superendividamento.", afirma Leila Martins, diretora de operações de dados da Serasa. 

Isso será possível, porque essas informações vão permitir que os credores façam uma melhor análise de crédito. "A expectativa é que, com o tempo, os bons pagadores paguem juros menores", diz Lucas Guedes, diretor de cadastro positivo da Boa Vista.

Por que o cadastro positivo é automático?

Até esta terça-feira (9), quem quisesse participar do cadastro positivo tinha que solicitar a inclusão em um dos quatro birôs (o chamado opt-in). Pelas novas regras, os dados dos consumidores serão repassados por varejistas, empresas de telefonia e financeiras automaticamente para Serasa, SPC Brasil, Quod e Boa Vista. Um dos birôs vai avisar o consumidor assim que suas informações forem enviadas para o banco de dados.

Se eu não quiser compartilhar as minhas informações, como devo proceder?

É simples. Basta solicitar a um dos birôs para que as informações não integrem o banco de dados (chamado opt-out). Para isso, entre em contato com essas empresas pelos sites.

Como saberei se não estou caindo em algum golpe?

Nenhum birô solicita que você digite a sua conta nem a sua senha. Se está em dúvida, o melhor a fazer é entrar no site oficial dos birôs.

À espera do presidente

Está tudo pronto para que as informações comecem a fluir das varejistas e das empresas de telecomunicações para os birôs. O que falta é a assinatura de um decreto presidencial para que as instituições financeiras também integrem esse ecossistema, segundo José Luiz Rodrigues, consultor na JL Rodrigues, Carlos Átila & Consultores. "A expectativa é que isso aconteça em breve, pois o cadastro positivo já é uma realidade e vai melhorar a economia substancialmente", diz.

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