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Brasileiro perdeu medo de dizer o quanto ganha, revela pesquisa

Levantamento da Consumoteca mostra que desconforto de falar sobre o dinheiro diminuiu

 (Dreamstime/Reprodução)

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Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 22 de outubro de 2025 às 13h30.

“Falar de dinheiro sempre foi um tabu [...] mas deixou de ser como era no passado”, disse Michel Alcoforado, antropólogo e sócio fundador do Grupo Consumoteca, durante evento em parceria com o Itaú nesta quarta-feira, 22. O especialista percorreu a relação do brasileiro com o dinheiro em pesquisa inédita apresentada pelas instituições.

O estudo entrevistou 5 mil pessoas de 15 estados diferentes, com o objetivo de mapear as mudanças comportamentais dos últimos 45 anos.

O brasileiro sempre foi reservado em falar sobre o próprio dinheiro. Em 2024, o Serasa realizou uma pesquisa para o Dia dos Namorados e 45% dos entrevistados não sabiam quanto o parceiro ganhava.

“Se você for para os Estados Unidos, já te perguntam quanto você ganha por ano, o quanto paga de aluguel. Para o brasileiro, falar de dinheiro dessa forma, seria uma agressão”, comenta.

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Dinheiro virou sinônimo de prosperidade

Entretanto, essa relação vem mudando com o impulso da tecnologia e das novas gerações, que não tem papas na língua para falar de objetivos financeiros.

Segundo a pesquisa, 78% dos brasileiros não sentem mais desconforto de falar sobre dinheiro. Até porque 81% enxergam o tema como preocupação forte.

Isso é mais sentido pelos mais jovens: 34% da geração Z classificam a preocupação com o dinheiro como a preocupação máxima.

Mas oito em cada 10 "gen Z" também acreditam que terão um padrão de vida superior ao de seus pais, em contraste com gerações anteriores, que priorizavam apenas estabilidade em meio a cenários mais instáveis.

Agora, o brasileiro tem buscado prosperidade.

Oito em cada 10 entrevistados responderam que desejam aprender a administrar melhor seu dinheiro e 83% dos acreditam que investir é essencial para garantir o futuro.

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'Faz um PIX pra mim'

Mas as mudanças de comportamento financeiro não são meramente geracionais, e sim uma transformação que acomete todas as pessoas, independentemente de idade, faixa de renda ou região.

Isso porque houve uma revolução tecnológica no século XXI, que começou com a criação dos e-commerces e evoluiu até a chegada mais recente do PIX.

“A revolução da digitalização foi tão grande que a gente vai 'bancarizando' o Brasil numa velocidade enorme”, comentou Alcoforado.

Oito em cada 10 brasileiros usam PIX como forma principal de pagamento, 41% já deram PIX de presente e 21% já usaram o PIX para mandar mensagens ou fazer brincadeiras. “PIX virou uma linguagem”, pontua.

Com o boom de influenciadores de educação financeira, o dinheiro vai ganhando outro espaço na vida dos brasileiros, que passam a vê-lo não apenas como forma de conquistar o que almeja, mas também como forma de proteção. A tecnologia chega para ser aliada desse momento de gestão financeira, mas seu uso é criterioso.

Do total de entrevistados, 65% responderam que preferem usar a IA para receber sugestões de investimento e sói 14% disseram que aceitariam que a tecnologia tomasse decisões por ele.

“Não temos medo de tecnologia aqui, deixamos até os próprios gringos surpresos”, finaliza Alcoforado.

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