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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
A corretora Brascan informou, nesta sexta-feira (29/8), que reduziu o preço justo das ações preferenciais da Duratex (DURA4, sem direito a voto) de 61,68 reais para 51,80 reais por papel - um corte de 16%. Apesar de rebaixado, o novo valor ainda representa um potencial de alta de 83,10% sobre os 28,29 reais com que os papéis fecharam esta quinta-feira (28/8) na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Por isso, a Brascan manteve a recomendação de outperform para a empresa - isto é, suas ações apresentam um potencial de valorização acima da média do mercado.
A corretora decidiu revisar o preço estimado para a Duratex após a empresa divulgar seus números do segundo trimestre, no último dia 12. O que motivou a redução do preço justo foi a avaliação de que a empresa não apresentará "recuperação expressiva dos resultados (...) no segundo semestre deste ano e no ano de 2009". O preço justo é calculado com base nas expectativas de geração de receitas e de lucros. Para determiná-lo, os analistas tentam projetar os resultados da companhia pelo maior prazo possível - em geral, três ou quatro anos.
A Brascan demonstrou especial preocupação com a possível alta dos custos de produção da divisão de artigos de madeira da Duratex. O aumento dos insumos pressiona as margens desse segmento desde o quatro trimestre do ano passado. Além disso, a corretora avalia que não há espaço para a empresa repassar os custos a seus clientes. Primeiro, porque a oferta de painéis de madeira no mercado brasileiro deve crescer em 1,815 milhão de metros quadrados entre 2009 e 2010. Alguns concorrentes da empresa concluirão a expansão de suas plantas antes da Duratex, o que vai acirrar a concorrência.
No longo prazo, porém, a corretora estima que a Duratex possa recuperar suas margens ao investir na implantação de uma fábrica de resinas, o que reduzirá os custos desse insumo, e na ampliação dos produtos revestidos no portfólio da empresa - produtos de maior valor agregado.
Louças e metais
A divisão de louças e metais sanitários Deca é vista com mais tranqüilidade pelos analistas. De acordo com a Brascan, entre 2006 e 2007, a margem de ebitda dessa divisão passou de 21,4% para 26,2%. No primeiro semestre de 2008, voltou a subir para 28,7%. A corretora não acredita em um foco de pressão de custos neste mercado.
De qualquer modo, o resultado global das operações aponta para queda na margem de ebitda e de lucro líquido nos próximos quatro anos, segundo a Brascan. No ano passado, a margem de ebitda foi de 33,4% e a de lucro, 19,1%. Para 2008, a expectativa é de 31% e 20,3%, respectivamente. Em 2009, os números são 31,1% e 15,2%. O patamar deve se manter abaixo dos resultados de 2007 pelos anos seguintes. Em 2012, por exemplo, a Brascan estima margem de ebitda de 32,5% e de lucro de 18,2%.
Além disso, o fluxo de caixa operacional deve ser negativo no próximo ano, por conta dos custos elevados e da dificuldade de repassar preços aos clientes. Essa conta indica quanto dinheiro a operação da empresa gera. Na prática, os analistas entendem que um fluxo positivo mostra que o negócio da empresa é suficiente para bancar as operações e ainda apoiar outros compromissos, como investimentos e a quitação de financiamentos. O fluxo de caixa só voltará a ser positivo, segundo a Brascan, em 2010.
No segundo trimestre, a Duratex apresentou lucro líquido de 84 milhões de reais, com margem de 17,8%. A cifra é 7,8% à do mesmo trimestre do ano passado. A receita subiu 10,5%, para 470 milhões de reais, e o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em 160 milhões, com incremento de 8,5% sobre 2007. A margem de ebitda, 34,1%, foi próxima à do período comparado (34,7%). A Brascan aponta, porém, que o resultado foi influenciado por ganhos não recorrentes de 17,6 milhões de reais, referentes sobretudo à recuperação de impostos. Sem eles, o ebitda seria de 142 milhões e a margem, de 30,3%.
Por volta das 15h35 desta sexta, os papéis da Duratex apresentavam queda de 1,02%, cotados a 28 reais, com 434 negócios realizados. No mesmo momento, o Ibovespa estava em queda de 0,62%, a 56.034 pontos.
Desde a divulgação dos resultados do segundo trimestre, as corretoras promoveram a revisão das projeções para várias empresas do setor de construção civil. O caso mais ruidoso foi o da Tenda, que teve suas ações rebaixadas pelo Goldman Sachs e pelo Credit Suisse. A medida derreteu os papéis da construtora na Bovespa e mostrou que os investidores aumentaram a pressão sobre as empresas do setor para entregar resultados.