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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
A primeira privatização no governo Lula ocorreu em menos de dez minutos, sem disputa acirrada nem confusão às portas da Bovespa. O leilão de venda do Banco do Estado do Maranhão (BEM), nesta terça-feira (10/2), registrou um ágio de 1,07% sobre o valor mínimo e tranqüilidade. O Bradesco venceu sem a necessidade de disputar a aquisição com o Itaú, único concorrente, pagando 827 mil reais a mais que a oferta adversária. Depois de oferecer por envelope o lance mínimo de 77,17 milhões de reais, o Itaú não apresentou novas ofertas. Por 78 milhões de reais, o Bradesco adquiriu 324.181.808 ações ordinárias, que representam 89,95% do capital social do banco maranhense.
Com o Bem, o Bradesco passa a ser o maior banco privado no Maranhão ao quadruplicar o número de agências e dobrar o total de contas correntes e de poupança. É uma boa operação, afirmou o diretor do Bradesco, Sérgio de Oliveira. Depois de ter passado por um processo de preparação para a venda, o Bem apresenta hoje ativos de 776 milhões de reais, uma carteira de crédito de 90 milhões de reais com baixo risco de inadimplência, 289 mil contas ativas e outras 80 mil contas inativas. Com 76 agências 30 delas pioneiras (único banco na localidade) e 530 empregados, o banco não deve passar por grande reestruturação de funcionários e em tecnologia. O banco já está bem enxuto, e a plataforma tecnológica é compatível com a do Bradesco, afirmou Oliveira.
O presidente do Bem, Reginaldo Brandt, afirmou que, além de reativar as contas inoperantes e também as carteiras comercial e industrial desativadas no processo de enxugamento, os novos controladores ingressam com a perspectiva de operar com a rede de fornecedores do governo do Estado. Por mês, há um giro aproximado de 30 milhões de reais em pagamentos de compras de serviços e de bens. O resultado dessa aquisição se verificará nas potencialidades que despontam na economia do Maranhão, afirmou Brandt, lembrando o investimento anunciado pela Companhia Vale do Rio Doce em parceria com a siderúrgica chinesa Baosteel Shanghai Group Corporation para a capital maranhense estimado em 1,4 bilhão de dólares.
Para o diretor de Liquidações e Desestatização do Banco Central, Antônio Gustavo Matos do Vale, o fato de o ágio ter sido pequeno não deve ser considerado como uma decepção. É claro que o objetivo com o leilão era maximizar o preço de venda. Mas o resultado só nos mostra que a avaliação que geou o lance mínimo estava bastante correta, afirmou Vale.
O leilão foi o terceiro programado pelo BC, já que o primeiro programado em 2000 fora adiado, e o segundo, em 2002, suspenso pela Justiça. Participaram das etapas preliminares o Unibanco e o Banco GE Capital, além do Bradesco e do Itaú. Entretanto, somente os dois últimos entregaram as garantias para se habilitar à etapa final do processo.
Segundo o diretor do BC, o próximo banco estadual a ser privatizado deve ser o do Ceará. A previsão inicial aponta o leilão para agosto. O Besc, de Santa Catarina, e o banco do Piauí também estão em processo de desestatização.