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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Uma nova empresa entra na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a cada semana. O ritmo acelerado dos IPOs (sigla para a expressão em inglês de Initial Public Offering) em 2007 já abriu o capital de 27 companhias nas 25 primeiras semanas do ano, um total que também ultrapassa o registrado durante todos os meses de 2006 - no ano passado, foram 26 operações. (Leia também: No exterior, até casa de strip-tease já chegou à Bolsa)
Nesta sexta-feira (22/7), a incorporadora EZ Tec tornou-se a 27ª a abrir o capital em 2007. "Vamos superar a marca dos 50 IPOs no ano", afirma o superintendente de operações da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), Ricardo Pinto Nogueira. Se confirmado, esse saldo poderá representar o dobro das operações de abertura realizadas no ano passado. Segundo o superintendente, a chegada de tantas novatas é prova de os sucessivos recordes da Bolsa estão estimulando segmentos em expansão a buscarem capital no mercado, para financiar novos projetos e vencer a concorrência. Caso das empresas de construção. Além da EZ Tec, outras nove companhias do setor foram à bolsa neste ano - Inpar, Agra, CR2, JHSF, Even, Tecnisa, Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário, Rodobens Negócios Imobiliários e PDG Realty -, fazendo o segmento crescer em importância nos negócios da Bovespa, pulando de 11 para 21 companhias listadas.
A tendência também promete fomentar a entrada de setores até hoje pouco férteis no mercado. Exemplo disso, segundo o superintendente, é a área de logística, que trouxe papéis de três empresas - Santos Brasil, Wilson Sons e Log-In - aos investidores desde outubro do ano passado. No dia 3 de julho, outra empresa de logística, a Tegma, deve estrear na Bolsa. Para Lélio Lauretti, conselheiro da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e presidente do comitê de ética do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), o mercado deve assistir a uma diversificação dos ativos da Bovespa daqui para a frente: "Quando a bolsa sobe e os papéis ficam mais valorizados, começam a chegar os setores mais sedutores, mais conhecidos do grande público, o que já aconteceu. Depois vêm os menos reconhecidos, que também costumam ser mais baratos".
Pequenas e médias
Paradoxalmente, a Bovespa aponta um indicador negativo como mostra de que o mercado brasileiro vai muito bem. O Bovespa Mais, mercado alternativo criado no fim de 2005 para receber empresas que pretendem sentir o calor dos negócios antes de entrar para valer no pregão, ainda não recebeu nenhuma adesão.
A idéia do projeto é abrigar papéis de empresas que não se vêem prontas para as exigências do mercado e querem fazer emissões inferiores a 150 milhões de reais. As participantes teriam até sete anos para alcançar um free float (volume de papéis em negociação) equivalente a 25% do capital - hoje requisito imediato para a entrada no Novo Mercado. Ou seja, além de atender grandes empresas interessadas em liberar uma parte limitada do capital aos investidores, o Bovespa Mais seria a forma ideal de desembarque de pequenas e médias empresas no mercado - sob a inspiração do AIM, mercado alternativo da Bolsa de Londres, e da TSX Venture Exchange, da Bolsa de Toronto para empresas iniciantes -, o que não se concretizou.
Segundo João Batista Fraga, superintendente de relações com empresas da Bovespa, as companhias de pequeno porte estão preferindo entrar de vez no Novo Mercado. No ano passado, sete dos 26 IPOs realizados foram de empresas que apresentaram faturamento inferior a 200 milhões de reais. "Encontramos cada vez mais companhias menores nas ofertas da Bolsa", diz, "Seis empresas com quem negociávamos a entrada no Bovespa Mais acabaram indo direto para o pregão normal". A Bovespa não divulga o nome dessas companhias, mas Klabin Segall, que fatura 138 milhões de reais, e Lupatech, de 223 milhões de reais (em 2005 teve receita de 173 milhões), haviam despontado como candidatas a entrar no Bovespa Mais. Ambas acabaram estreando no Novo Mercado em 2006, com ofertas que totalizaram, respectivamente, 527 e 453 milhões de reais.