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Bolsa de valores atrai 1 milhão de investidores. É hora de entrar?

Segundo consultores de finanças pessoais, sempre é hora de aplicar em ações pensando no médio e longo prazo

Bolsa de valores: maior concorrência entre corretoras diminuiu custo de aplicações e ampliou acesso a fundos (iStock/Abril Branded Content)

Bolsa de valores: maior concorrência entre corretoras diminuiu custo de aplicações e ampliou acesso a fundos (iStock/Abril Branded Content)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 13 de maio de 2019 às 10h00.

Última atualização em 13 de maio de 2019 às 10h27.

São Paulo - A bolsa de valores, a B3, atingiu a marca de 1 milhão de pequenos investidores em abril. Apenas nesse ano mais de 200 mil investidores pessoas físicas foram atraídos para o mercado de ações, o que pode levar quem ainda está de fora a se perguntar: é hora de entrar?

Segundo consultores de finanças pessoais, como Jurandir Macedo, sempre é hora de aplicar em ações pensando no médio e longo prazo, ainda mais quando o objetivo é formar uma reserva para a aposentadoria. "Aplico na bolsa há 16 anos e cada vez jogo mais dados. É clara a vantagem do investimento em relação a outros no longo prazo", conta.

Macedo defende a ideia de investimentos constantes. "A aplicação deve ser feita aos poucos com regularidade. O investidor pode comprar 10% do que pretende investir a cada mês. Dessa forma, é possível capturar diferentes cenários econômicos e diminuir a volatilidade do investimento".

Para quem está começando, comprar diretamente as ações talvez não faça sentido, já que exige conhecimento do mercado. Os especialistas costumam então recomendar os ETFs, fundos que replicam índices de ações, ou fundos de ações, que investem em uma cesta de papéis, selecionadas por um gestor profissional. Os ETFs são mais baratos do que os fundos de ações, já que têm uma gestão passiva.

Incentivos

Uma conjunção de fatores explicam o aumento do número de investidores na bolsa.

Um deles é a taxa básica de juros na mínima histórica. Em conjunto com uma inflação estável, ela diminui a rentabilidade de investimentos em renda fixa e incentiva aplicações em investimentos mais arriscados.

Além disso, uma maior concorrência entre as corretoras de bancos e de plataformas independentes, que reduzem taxas e ampliam o acesso a produtos, incentivam o investidor a diversificar investimentos. "Antes investir em bolsa era coisa para rico. Agora é possível investir em produtos de baixo custo, como os ETFs", diz Fábio Macedo, diretor comercial da corretora Easynvest.

Recentemente a Easynvest zerou a taxa de corretagem do produto. Antes, cobrava 10 reais por ordem de compra. Na corretora, fundos de ações podem ser acessados com investimentos a partir de 100 reais. Nos próximos meses, o processo de investir diretamente em ações também deve ser simplificado. "Vamos mudar nosso home broker e guiar o investidor leigo, que não sabe quando e qual papel comprar", diz Macedo. No ano passado a Toro Investimentos deu um passo nesse sentido ao lançar um home broker mais simples.

O movimento também foi auxiliado pelo recorde histórico do Ibovespa, que atingiu recentemente os 100 mil pontos. Mas Jurandir Macedo relativiza. "É um recorde psicológico, por conta de um aumento substancial das empresas na bolsa. O que vale mesmo é o recorde de preço na relação entre patrimônio líquido, valor de mercado e tamanho das empresas de capital aberto".

Para Macedo, da Easynvest, a expectativa com o novo governo também ajudou a atrair investidores para as ações, que apostaram em um maior crescimento da economia.

Entraves

Apesar de marcante, a marca de 1 milhão ainda é tímida tanto em relação ao total de investidores na bolsa (18%) e ainda mais quando se verifica o volume total investido por pessoas físicas na bolsa (1%). Isso porque 40% dos que investem na bolsa têm até 10 mil reais investidos.

Isso acontece porque, apesar de mais pessoas comprarem ações, a preferência pela poupança ainda reina entre 64% dos investidores. Macedo considera a poupança um investimento adequado para muitos, mas ressalta que a caderneta deve ter um papel restrito na carteira de investimentos, com o objetivo de ter alguma reserva de emergência (cujo valor deve ser ao menos três vezes maior do que o salário atual do aplicador) e para objetivos de curto prazo. "Tem gente que coloca 1 milhão na poupança. É assustador".

Além da poupança, investimentos arriscados, como bitcoin, também estão na frente de ações na preferência do pequeno investidor: 8% dos investidores investem em criptomoedas, enquanto 7% investem em ações, de acordo com pesquisa feita pela B3. "Não consigo entender como o pequeno investidor consegue acreditar no Forex (mercado de câmbio) e em bitcoins e não consegue acreditar no investimento em empresas como Klabin e nos bancos".

Na visão de Macedo, taxas altas, cobradas por custódias e a própria bolsa, são entraves para a popularização do mercado. "É um mercado monopolista. Uma maior concorrência seria bem-vinda".

Além disso, falta um tratamento tributário justo entre os produtos. "Não entendo como a venda de 20 mil reais em ações pode ser isenta de Imposto de Renda enquanto o lucro registrado em um ETF é tributado. Quando a cota é vendida o investidor tem de pagar 15% de IR. O ETF é a porta de entrada de muitos investidores para o mercado. Deveria ter um custo menor como forma de incentivá-lo".

 

 

 

 

 

 

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