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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Um dos principais efeitos da crise financeira nos Estados Unidos é a redução no volume de recursos disponíveis para empréstimos a empresas e pessoas físicas. Apesar de o Brasil não estar vivenciando uma crise de crédito, bancos e empresas já estão pagando mais caro pelos financiamentos. Para evitar, ou ao menos minimizar, a falta de crédito no país, o Banco Central anunciou nesta quarta-feira (24/9) duas medidas, que elevarão em 13,2 bilhões de reais a quantidade de dinheiro em circulação no mercado.
Ambas dizem respeito ao depósito compulsório, o dinheiro que os bancos são obrigados a manter no Banco Central. Para aumentar o volume de recursos em circulação, o Banco Central encontrou formas de reduzir a quantidade de dinheiro que fica parado a título de depósito compulsório.
A primeira delas adia o cronograma de implementação de compulsórios sobre depósitos interfinanceiros de leasing. O recolhimento, que seria feito a partir de 14 de novembro a uma alíquota de 20%, passará a vigorar somente em 16 de janeiro de 2009. Assim, o aumento da alíquota para 25%, que inicialmente estava previsto para 16 de janeiro, passará a valer somente em 13 de março. Com essa medida, o governo deixará de recolher 8 bilhões de reais.
A segunda eleva de 100 milhões de reais para 300 milhões de reais o valor a ser deduzido pelos bancos no cálculo da exigibilidade adicional sobre depósitos a prazo (Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e Recibos de Depósitos Bancários (RDBs)), à vista (conta corrente) e de poupança. Assim, somente os bancos de maior porte, com depósitos superiores a 300 milhões de reais, terão de fazer esse recolhimento extra. As alíquotas utilizadas no cálculo dos recursos que deverão ser recolhidos, no entanto, permanecem as mesmas: 8% para depósitos a prazo e à vista e 10% para poupança. Com essa medida, mais 5,2 bilhões de reais permanecerão em circulação.
Em nota, o Banco Central informa que as alterações são pontuais e têm o objetivo de "preservar o Sistema Financeiro Nacional dos efeitos da restrição de liquidez que vem sendo observada no sistema financeiro internacional".
Ações
A notícia deu um alívio para o setor bancário. Às 11h02, as ações dos quatro maiores bancos brasileiros negociados na BM&FBovespa apresentavam alta, contribuindo para a valorização do Ibovespa.
Os papéis do Bradesco (BBDC4) subiam 0,47%, para 29,34 reais, enquanto os do Itaú (ITAU4) apresentavam alta de 0,33%, a 30,10 reais. As ações do Banco do Brasil (BBAS3) se valorizavam 0,13%, a 22,16 reais e as units do Unibanco (UBBR11) subiam 0,26%, a 18,90 reais.
Apesar de os bancos brasileiros nunca terem trabalhado com hipotecas de alto risco (subprime) e de registrarem neste ano lucros na casa dos bilhões, suas ações estão sentindo fortemente o impacto da crise. Em 2008, já acumulam mais de 20% de desvalorização e, segundo ao analistas, as perdas não devem parar por aí. "Existe uma barreira psicológica. Não interessa se o banco é lucrativo ou se o cenário doméstico é positivo. Os investidores simplesmente não aplicam", explica Fábio Susteras, economista do Banco Real.