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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Os mercados emergentes começam a esboçar uma recuperação em relação à fase de instabilidade provocada pelos temores de um calote grego. À medida que o fim do trimestre se aproxima, a ansiedade em relação ao ritmo e sustentabilidade da recuperação econômica global parece diminuir. Entretanto, segundo o banco britânico Barclays, o segundo trimestre deve ser mercado por uma escalada perigosa das bolsas.
Outra questão pontuada pelo Barclays diz respeito à condução da política monetária na China. Por enquanto, os analistas garantem que investidores podem ficar tranqüilos com relação à expectativa de um aperto monetário naquele país. Porém, a situação na China pode apresentar riscos ao mercado. "Se a inflação chegar a patamares superiores à nossa base de 3,5%, a situação pode ficar complicada", diz o relatório do banco.
Há ainda os temores relacionados à Grécia. Embora os mercados tenham reagido bem às iniciativas no campo da política fiscal no país, a consolidação fiscal no país apenas começou, e deve levar anos para haver estabilidade. Dado o tamanho do desafio que a Grécia tem pela frente, os analistas afirmam ser provável que os investidores ainda se deparem com notícias que perturbarão a paz nas bolsas em todo o mundo.
Mesmo assim, é esperado um segundo trimestre pacífico no que se refere às notícias vindas da União Européia. Há ressalvas, entretanto. A estabilidade deve perdurar, "a menos que os gregos sejam incapazes de fazer os reajustes esperados pela União Europeia", dizem os analistas.
Brasil
Um possível excesso de dólares no mercado brasileiro e o eventual jogo de valorização da moeda chinesa podem fortalecer o real nos próximos meses, de acordo com a análise do banco. No longo prazo, não são esperadas grandes pressões sobre a moeda brasileira, mas no próximo trimestre deve haver alguma volatilidade.
O Fundo Soberano do país, descrito pelos analistas como "instalado e pronto para começar a comprar dólares", é apontado como uma das principais ferramentas a serem usadas pelo governo para segurar a apreciação da moeda.
As eleições presidenciais também são apontadas pelos analistas como um possível fator de pressão sobre a moeda, caso haja "um impulso mercantilista, como parte da agenda dos candidatos a presidente". As eleições, segundo o Barclays, devem ajudar a definir se a tendência atual do governo vai continuar nos próximos quatro anos. O ponto mais preocupante é a forma como o próximo governo vai financiar investimentos em infraestrutura.
Outra sucessão, a no Banco Central (BC), também preocupa. "As incertezas no BC quanto à sucessão do presidente Meirelles, e a compreensão completa dos programas econômicos dos principais candidatos deverão continuar a exercer pressão sobre o real", diz o relatório.
Os analistas do Barclays comentam que a candidata do PT, Dilma Rousseff, vem melhorando seu desempenho e chega a uma situação de empate técnico com o candidato da oposição, José Serra, do PSDB. Se o atual presidente do BC, Henrique Meirelles, renunciar a seu cargo para se concorrer à vice-presidência da república na chapa de Dilma, os mercados podem ignorar problemas de longo prazo com um eventual novo governo do PT e o real pode permanecer forte.
Mas com as pesquisas indicando uma corrida acirrada, a incerteza quanto à postura de Serra com a moeda e as taxas de juros deve manter o real sob pressão. "Quanto mais fraco o nível do real, maior a probabilidade de que o próximo presidente acabe adotando uma agenda amistosa aos olhos do mercado. Assim, esperamos volatilidade no que diz respeito ao câmbio", afirmam os analistas.