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Bancos mostram apetite contido para ampliar crédito em 2018

Movimentação indica que os empréstimos bancários terão participação limitada na recuperação da atividade econômica do país em 2018

Crédito: financiamentos de prazos mais longos, como para grandes empresas e para projetos de infraestrutura, têm perdido força no total das carteira (Alberto Chagas/Thinkstock)

Crédito: financiamentos de prazos mais longos, como para grandes empresas e para projetos de infraestrutura, têm perdido força no total das carteira (Alberto Chagas/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 22 de dezembro de 2017 às 12h05.

São Paulo - Os bancos no Brasil estão voltando a aprovar crédito em ritmo superior ao das operações vencendo, mas com foco em financiamentos mais curtos, com garantias, e concentrado em pessoa física, o que indica que os empréstimos bancários terão participação limitada na recuperação da atividade econômica do país em 2018.

Segundo dados da bolsa paulista, o estoque de letras financeiras, instrumentos de captação para financiamento de mais longo prazo, somava 286 bilhões de reais nesta semana, após terem fechado o ano passado em cerca de 320 bilhões.

Enquanto isso, instrumentos voltados para prazos mais curtos, como Certificados de Operações Estruturadas (COE), CDBs, não param de crescer. O de notas promissórias mais do que dobrou nos últimos seis meses.

Apoiados na queda gradual nos índices de inadimplência do varejo e no aumento sazonal do consumo com as festas de final de ano, as instituições têm ampliado mais fortemente nas últimas semanas as concessões para linhas como consignado, automotivo e CDC tendência que, preveem, deve se prolongar em 2018.

Já os financiamentos de prazos mais longos, como para grandes empresas e para projetos de infraestrutura, têm perdido força no total das carteiras. Mesmo para o crédito imobiliário, as expectativas de expansão são mais moderadas.

"Os bancos estão tendo alguns cuidados adicionais antes de fazerem novos desembolsos para empresas de grande porte", disse à Reuters o vice-presidente de finanças do Bradesco, Alexandre Glüher.

No caso das grandes empresas, o movimento vem a reboque das perdas vultosas dos bancos com empréstimos para grandes grupos e pelas exigências mais rigorosas de capital que se avizinham com Basileia III.

Trata-se de uma tendência já em marcha há pelo menos dois anos. Segundo dados do Banco Central, a fatia dedicada a pessoas jurídicas no estoque de crédito com recursos livres caiu de 51 para 45 por cento desde o fim de 2015 até outubro.

Cerca de dois terços dos financiamentos para empresas são para companhias de grande porte. No mesmo período, a participação dos empréstimos a pessoas físicas subiu de 49 para 55 por cento.

Além disso, as grandes corporações aproveitaram a melhora do apetite do investidor em relação ao Brasil para captar recursos no mercado de capitais.

No ano até novembro, as emissões do país no mercado de capitais somaram 242,2 bilhões de reais, alta de 44 por ante mesmo período do ano passado, segundo a Anbima.

"A tendência é que boa parte das concessões de crédito para grandes empresas seja feita via mercado de capitais", afirmou o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, durante recente encontro com investidores.

Mas mesmo operações mais longas para pessoas físicas, como financiamento imobiliário, não devem fazer brilhar os olhos dos bancos como em anos anteriores.

Neste caso, porém, a velocidade mais contida tem a ver com a demanda, que reflete tanto o nível ainda elevado de desemprego quanto a crise pela qual ainda passam as construtoras e incorporadoras.

Segundo números da Abecip, no acumulado do ano até outubro, o financiamento imobiliário com recursos da poupança, caiu 2,5 por cento ante mesmo período do ano passado.

Outro sinal de que não se deve esperar grande movimentação nesse segmento em 2018 é o baixo interesse do mercado pela Letra Imobiliária Garantida (LIG).

Regulamentada em agosto após anos de pedidos do setor e vista como alternativa aos recursos da poupança que estavam se exaurindo, agora profissionais do setor consideram difícil que o instrumento deslanche mesmo em 2018.

Além de ainda faltarem algumas circulares do Banco Central com regras mais detalhadas sobre o instrumento, o lançamento do produto depende também da bolsa paulista ter um produto próprio para que ele possa ser negociado, o que ainda não tem um prazo previsto.

"Ainda não está claro se a LIG pode começar a acontecer em 2018", disse Fábio Zenaro, superintendente de produtos da B3.

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