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Banco cria empréstimo que adianta valor de casa à venda para proprietário

Dono recebe até 40% do preço do imóvel; empréstimo é pago quando casa é vendida ou em parcelas cobradas após seis meses

Imóvel Cash: Empréstimo usa casa como garantia em caso de inadimplência (Tadamichi/Thinkstock)

Imóvel Cash: Empréstimo usa casa como garantia em caso de inadimplência (Tadamichi/Thinkstock)

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Juliana Elias

Publicado em 2 de setembro de 2019 às 08h40.

Última atualização em 2 de setembro de 2019 às 09h59.

São Paulo - Os imóveis são vistos como um investimento seguro pela maior parte dos brasileiros. Um de seus principais problemas, entretanto, está na hora da venda, já que ela não depende só do dono, e conseguir achar um comprador e botar as mãos no dinheiro que a casa vale pode demorar.

Para quem tem pressa, isso é um problema, e foi com essas pessoas em vista que o grupo imobiliário Brasil Brokers e o Banco Inter se juntaram para criar o Imóvel Cash, banco digital que paga adiantado para o proprietário até 40% do valor de seu imóvel à venda.

Ao optar pelo serviço, o proprietário recebe esse adiantamento em poucos dias, enquanto a casa ou o apartamento seguem à venda. A condição é que o anúncio do imóvel seja exclusivo da Brasil Brokers, dona da rede de imobiliárias Abyara.

Na prática, é uma maneira de a pessoa tomar um empréstimo do banco tendo o imóvel como garantia. Se o imóvel for vendido em até seis meses, o proprietário recebe o restante do valor, enquanto os 40% adiantados ficam com o banco, acrescidos de juros de 1% por mês.

Caso esse prazo de carência de seis meses se encerre sem que o imóvel seja vendido, a partir do sétimo mês o cliente passa a pagar as parcelas referentes ao adiantamento emprestado. O prazo máximo do financiamento é de 180 meses (15 anos) e os juros são de 1% ao mês acrescidos da inflação, medida pelo IPCA.

Quando, finalmente, a venda do imóvel for concluída, ela pode ser usada para amortizar o saldo devedor restante.

“Às vezes a pessoa tem pressa para usar aquele dinheiro, para dar entrada em outro apartamento, para investir em um negócio da família”, diz Claudio Hermolin, presidente da Brasil Brokers. “É uma solução que dá maior facilidade de acesso ao dinheiro que fica preso na casa.”

Imóvel como garantia e juros mais baixos

O modelo usado pelo Imóvel Cash é um formato ainda inédito no Brasil do chamado home equity, tipo de empréstimo que usa o imóvel do tomador do crédito como garantia.

Diferentemente de empréstimos comuns, em que o banco não tem nenhuma garantia de recebimento caso o cliente deixe de pagar as parcelas, no home equity o imóvel empenhado passa automaticamente para a instituição financeira, para ir a leilão, caso isso ocorra.

Isso ajuda a tornar os juros bem mais baratos do que o padrão de mercado, mas, por outro lado, amplia o risco de a pessoa acabar sem sua casa. No caso do Imóvel Cash, é o imóvel a ser vendido que entra no contrato.

“Tentamos fazer todas as renegociações possíveis antes de levar o imóvel a leilão; não é esse o nosso objetivo”, disse o vice-presidente comercial do Banco Inter, Marco Túlio Guimarães.

“O home equity é um produto muito conhecido lá fora e que está crescendo bastante no Brasil, porque oferece uma forma das pessoas captarem recursos com prazos longos e taxas mais baratas”, afirma.

Para se ter uma ideia, o empréstimo mais barato que existe atualmente no Brasil, que é o consignado para servidores públicos com desconto em folha de pagamento, tem juros médios de 1,6% ao mês, de acordo com dados do Banco Central. No empréstimo comum, o juro mensal é de 6,8%, ou 120% ao ano.

No caso do Imóvel Cash, que passa a incorporar o IPCA aos juros fixos de 1% após o sétimo mês, a taxa final vai depender da inflação. Neste ano, o IPCA mensal variou entre 0,01% e 0,75%, o que representaria taxas totais de 1,01% a 1,75% ao mês sobre as prestações.

A economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) Ione Amorim alerta para os cuidados ao se tomar ao considerar um empréstimo do gênero. "Ter o dinheiro da venda adiantado pode ser uma boa oportunidade para pessoas que tenham consciência dos custos e juros implicados nisso e que tenham tudo muito bem planejando", disse ela. "Caso contrário, há o risco de a pessoa apenas ficar endividada e perder a casa."

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