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B3 prepara plataforma de cotas de fundos

A proposta é ampliar a oferta de fundos com cotas negociadas em bolsa, os Exchange Traded Funds (ETFs)

Bolsa: a cada mês, há entre 30 mil e 40 mil novos cadastros de pessoas físicas na B3 (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Bolsa: a cada mês, há entre 30 mil e 40 mil novos cadastros de pessoas físicas na B3 (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 2 de outubro de 2019 às 15h38.

São Paulo - A bolsa B3 prepara uma plataforma para listagem e negociação de cotas de fundos em geral, que poderão ser compradas e vendidas entre os investidores, como ações, afirma Gilson Finkelsztain, presidente da bolsa. No evento de lançamento da Semana Mundial do Investidor, ele explicou que a proposta é ampliar a oferta de fundos com cotas negociadas em bolsa, os Exchange Traded Funds (ETFs). A diferença é que os novos fundos não precisarão ter como referência índices de ações ou de renda fixa, como os ETF atuais. “Temos procura de gestores de fundos de debêntures, fundos de investimento em direitos creditórios (Fidc) e até multimercados”, afirmou. A expectativa é que a nova plataforma esteja funcionando no primeiro semestre do ano que vem.

A vantagem desse tipo de fundo é que o investidor não pode resgatar as cotas, como ocorre nos fundos abertos oferecidos pelos bancos e corretoras. Quando o cliente resgata as cotas, o gestor tem de vender os títulos e ações que possui para entregar o dinheiro ao investidor. No fundo fechado com cotas negociadas em bolsa, isso não acontece, pois a cota é vendida de um investidor para outro e o dinheiro aplicado no fundo continua lá. “Isso facilita a gestão dos recursos do fundo e permite ao gestor alongar os prazos das aplicações e buscar opções de mais longo prazo”, diz. No exterior, são comuns os fundos que negociam suas cotas em bolsa. Mas Finkelsztain espera que os ETFs tradicionais, que copiam índices, continuem sendo os mais populares.

Investidor mal acostumado na renda fixa

Ao participar do toque da campainha de abertura do mercado celebrando o início da Semana Mundial do Investidor, Finkelsztain destacou a importância da educação financeira neste momento em que os investidores estão buscando outras opções para a renda fixa por conta da queda dos juros. “O investidor brasileiro ficou mal acostumado com todos esses anos de ganho fácil em renda fixa, sem risco e alto, e agora ele tem uma infinidade de opções que ainda não entende”, diz. Ele cita o caso dos fundos imobiliários, que podem ser de agências bancárias, grandes lajes de escritórios, shoppings ou ainda títulos lastreados em créditos imobiliários. “Há ainda uma infinidade de opções em ações, fundos e outros papéis que o investidor pode escolher”, explica.

Ações da Apple e da Microsoft

Ele espera avanços na regulação que permitam ao investidor ter mais opções para diversificar. Entre eles está a autorização para a dupla listagem de ações no Brasil no exterior, o que hoje é proibido, e a autorização para investidores de varejo comprarem recibos de ações (BDRs) de empresas estrangeiras. Hoje, um banco pode comprar ações da Microsoft, por exemplo, no exterior e negociar BDRs da gigante de tecnologia no Brasil sem uma autorização da empresa, o chamado BDR não patrocinado. Mas, nesse caso, o pequeno investidor não pode comprar o BDR. “Não tem sentido o investidor que quer comprar Apple ou Microsoft não poder”, diz. A expectativa é que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) libere as compras ainda este ano. Segundo Finkelsztain, há cerca de 300 BDRs que poderão ser comprados pelos investidores de varejo.

Segundo o presidente da B3, corretoras e bancos buscam orientar os investidores. Mas muitos ainda orientam suas aplicações olhando a rentabilidade passada dos investimentos, o que nem sempre se repete. É preciso também buscar uma diversificação entre os ativos. “Não é porque o investidor tem de reduzir a renda fixa que ele tem de colocar tudo em uma coisa só”, afirma.

Mais de 30 mil novas contas por mês na bolsa

Segundo Finkelsztain, há um movimento consistente de entrada de novos investidores no mercado. “A cada mês, temos 30 mil a 40 mil novos cadastros de pessoas físicas na bolsa”, diz. E a tendência é de crescimento, afirma, lembrando que o número de investidores em ações dobrou em um ano, para 1,3 milhão de contas. O Tesouro Direto também cresceu, para 1,2 milhão de contas. Mas o número ainda é pequeno em relação aos 5 milhões que têm algum ativo bancário, como CDBs, LCIs e LCAs. “Mas vemos que o investidor está se educando, ele começa aplicando no Tesouro Direto e depois vai aos poucos para ações, começa pequeno, o que não é ruim”, diz.

A B3 busca também desenvolver o C-Bio, um título ambiental, emitido por empresas de energia limpa, como usinas de álcool, e que podem ser comprados por companhias que produzem mais carbono, para compensar.

Semana Mundial do Investidor acontece em 90 países

A proteção ao investidor começa nele mesmo, com a educação financeira, pois quanto mais ele conhece, mais pode se defender, afirma Marcelo Barbosa, presidente da CVM. Ele participou do toque da campainha na B3, marcando o início da 3ª Semana Mundial do Investidor no Brasil. Segundo ele, são 90 países participando, nos quais 30 bolsas fizeram hoje a cerimônia da campainha, do Japão aos Estados Unidos. A iniciativa do evento é da organização internacional dos reguladores dos mercados, a IOSCO,

No total, serão 112 iniciativas no Brasil, incluindo o livro Top Mercado de Valores Mobiliários, que além dos dados relativos a normas trará um capítulo especial dedicado ao planejamento financeiro. Na quarta-feira, haverá o lançamento de um livro sobre planejamento financeiro, em parceria com a Planejar. Hoje também a IOSCO lançou um guia para ajudar seus integrantes a aprimorar iniciativas de educação financeira e um estudo sobre bem estar financeiro para pessoas com mais de 50 anos.

*Esta matéria foi publicada originalmente no site Arena do Pavini

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