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As pessoas mais felizes do mundo têm problemas com dívidas

Na Finlândia, país que lidera o Relatório Mundial da Felicidade das Nações Unidas, endividamento das famílias dobrou nas últimas duas décadas

Finlandeses: banco central está elaborando uma estratégia de educação financeira (Brendan Delany/ThinkStock/Thinkstock)

Finlandeses: banco central está elaborando uma estratégia de educação financeira (Brendan Delany/ThinkStock/Thinkstock)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 14 de fevereiro de 2020 às 15h51.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2020 às 16h58.

As pessoas mais felizes do planeta vão receber ajuda para administrar as finanças.

Na Finlândia, que liderou o mais recente Relatório Mundial da Felicidade das Nações Unidas, o banco central está elaborando uma estratégia de alfabetização financeira para os cidadãos.

A ideia, concebida em um país que já supera grande parte do mundo rico no setor de educação, é descobrir se um pouco mais de perspicácia financeira ajudará finlandeses a se endividarem menos.

O endividamento das famílias finlandesas dobrou nas últimas duas décadas em um cenário de queda das taxas de juros e obsolescência gradual do dinheiro como forma de pagamento. A população da Finlândia, sede de empresas como Nokia e Rovio, criadora do famoso game Angry Birds, é conhecida pela maior habilidade em tecnologia do que a maioria. Mas a disposição de adotar pagamentos digitais em vez de dinheiro coincidiu com menos disciplina nos hábitos de consumo.

Agora, um recorde de 7% dos 5,5 milhões de cidadãos da Finlândia não conseguem pagar as contas, um aumento de 30% em relação aos últimos dez anos. Nos últimos anos, autoridades alertaram sobre o crescimento em particular do crédito ao consumidor.

Juha Pantzar, presidente da Guarantee Foundation, que ajuda pessoas muito endividadas a recuperarem o controle das finanças, diz que o fato de que “o dinheiro desapareceu” criou uma nova realidade que “obscurece a percepção de muitas pessoas sobre o dinheiro”.

“Muitas pessoas têm dificuldade em estimar onde o dinheiro é gasto, quanto terão no final do mês e quanto podem se dar ao luxo de pedir emprestado”, disse.

Há cerca de 20 anos, o dinheiro vivo era usado em 70% das transações de pagamento nas lojas, e os cartões representavam o restante. Agora, essas métricas mudaram: cartões, celulares e outros modos de pagamento digitais foram usados em mais de 80% das operações em 2018, de acordo com dados compilados pelo banco central.

Olli Rehn, o governador do Banco da Finlândia, diz: “Muitos consumidores já mudaram para o mundo digital” quando se trata de pagamentos. “As pessoas não têm mais as limitações físicas de orçamento que costumavam ter e isso dificulta a administração de suas finanças.”

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