Jair Bolsonaro, eleito presidente do Brasil (Pilar Olivares/Reuters)
Júlia Lewgoy
Publicado em 29 de outubro de 2018 às 15h52.
Última atualização em 29 de outubro de 2018 às 15h52.
São Paulo - O mercado financeiro está em lua de mel com Jair Bolsonaro, candidato eleito presidente com 55% dos votos válidos no último domingo (28). Os desafios são grandes e ainda não está claro quais serão as prioridades de Bolsonaro, mas os analistas esperam um governo reformista e liberal.
Nesse cenário, as ações da Bolsa são apontadas como o melhor ativo para quem quer se beneficiar de uma melhora no sentimento de retomada do crescimento econômico.
"As perspectivas positivas do novo governo devem ser o suficiente para mover rapidamente o Ibovespa de volta a sua média, de cerca de 90 mil pontos. Uma equipe forte e um firme discurso para uma reforma da Previdência poderia levar o Ibovespa a negociar a cerca de 105 mil pontos, 23% acima da média", diz um relatório do banco BTG Pactual.
Ações de empresas estatais, financeiras e varejistas estão entre as que mais devem valorizar com as perspectivas de melhora econômica. "Com uma agenda liberal em pauta, Petrobras, Cemig e Banco do Brasil seriam os nomes mais beneficiados. Do outro lado, os exportadores, como a Vale e a Suzano, tendem a ser menos beneficiados, principalmente pelo câmbio mais apreciado", diz um relatório da XP Investimentos.
Para ajudar quem vai investir, EXAME consultou dez bancos e corretoras que indicaram as ações que mais devem valorizar após a eleição de Bolsonaro. Foram consultadas as seguintes instituições: Ativa, Bradesco, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Lerosa, Modalmais, Quantitas e XP Investimentos.
A seguir, confira oito recomendações de ações, listadas em ordem alfabética.
O setor de vendas online ainda é muito sub-penetrado no Brasil. Uma potencial recuperação do e-commerce seria benéfica para o setor, que já está em crescimento, como ressaltam os analistas da XP Investimentos.
Empresas de vendas online como a B2W são assertivas em preço e retorno, segundo Vitor Suzaki, gestor de ativos da Lerosa.
Os analistas do Bradesco esperam que o atual ciclo de crescimento dure pelo menos mais quatro anos, favorecendo setores cíclicos como as bolsas.
Em um ambiente de juros baixos, o mercado de ações pode continuar atrativo, com negociações em alta, beneficiando as ações da B3. "Além disso, várias empresas que tinham congelado seus projetos de IPO´s deverão voltar com seus projetos de lançar suas ações em bolsa entre o final deste ano e o começo de 2019, aumentando, também, a receita da B3", diz Alexandre Marques Filho, analista de investimentos da Elite.
O Banco do Brasil é uma das estatais que deve se beneficiar do discurso liberal de Bolsonaro com foco na melhoria da gestão dessas empresas, de acordo com Filipe Villegas, analista de ações da Genial Investimentos.
Além disso, o setor financeiro em geral tende a ser beneficiado, com a retomada da atividade econômica, a alta do crédito e a redução da inadimplência, como destaca Suzaki, da Lerosa. Bancos privados como Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4) também devem se beneficiar nesse cenário.
A Cemig é uma potencial estatal no âmbito estadual a ser reestruturada e/ou privatizada. Além disso, muitas vezes comparado à renda fixa, o setor elétrico deve se beneficiar de juros mais baixos, diz o relatório da XP Investimentos. Uma retomada econômica também beneficiaria o setor de distribuição de energia por maior consumo.
A empresa se beneficia do aumento do consumo, com a retomada do PIB, e de um custo de capital mais baixo, com a retomada do ciclo de queda dos juros, de acordo com Leandro Martins, analista da Modalmais.
Outras empresas de aluguel como Movida (MOVI3) e Locamérica (LCAM3) também podem ser beneficiadas com um ambiente econômico mais previsível, acredita Marques Filho, da Elite.
Dada a expectativa de crescimento do PIB brasileiro, alinhada com um ambiente de juros baixos e inflação controlada, o setor de consumo deve ser beneficiado, diz Villegas, da Genial Investimentos.
As Lojas Americanas estão entre as varejistas com posição de “liderança” e gestão de excelência, comprovada no período de crise econômica recente, assim como as Lojas Renner (LREN3) e a CVC (CVCB3), lembra Suzaki, da Lerosa.
A Petrobras é uma alternativa barata que, por ser estatal, pode ganhar com a melhora de governança e gestão, segundo analistas da Quantitas.
Bolsonaro já afirmou que os preços de combustíveis praticados pela Petrobras devem seguir os mercados internacionais, mas que flutuações de curto prazo devem ser mitigadas com hedges. O candidato também já defendeu a privatização do segmento de refino da Petrobras para evitar o problema com definição de preços e monopólio.
Analistas da XP Investimentos recomendam comprar Petrobras porque a empresa pode se beneficiar de uma manutenção da política de preços que assegure o repasse dos preços de petróleo e câmbio. Além disso, a continuidade de leilões de pré-sal é positiva para a produção de petróleo brasileira no longo prazo.
A ação da Usiminas pode se beneficiar do crescimento brasileiro e do bom momento para commodites nos mercados internacionais.
"Apesar do preço do aço ser atrelado ao dólar e, portanto, uma potencial apreciação do real ter efeito negativo, o efeito de retomada da atividade na demanda mais que compensaria tal movimento, trazendo maior utilização de capacidade e disciplina de preços", diz um relatório da XP Investimentos.