Placa com sinal de alerta: Gradual aponta quais ações são indicadas para compra, devem ser monitoradas ou evitadas pelo investidor agora (Zoran Zeremski/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2015 às 06h00.
São Paulo - O cenário mais incerto da economia brasileira tornou a escolha sobre qual ação investir ainda mais desafiadora.
Ainda que seja possível encontrar boas oportunidades em momentos de baixa, é preciso avaliar com muita atenção quais ações têm sido prejudicadas pelo pessimismo econômico e por isso estão sendo subestimadas pelo mercado e quais estão em baixa, mas ainda devem descer um pouquinho mais até chegar ao fundo do poço.
Por isso, o investidor que busca mais segurança deve tomar cuidado com alguns clichês que são repetidos à exaustão, como aquele que diz que a crise é o momento ideal para investir. Além disso, não deve se deixar levar pela ação mais barata, diz Daniel Marques, analista-chefe da Gradual Investimentos. “É difícil saber se a ação chegou no seu menor preço e realmente está barata e quanto tempo ela levará para recuperar o seu valor.”
No gráfico abaixo você confere quais setores e ações são recomendados para investimento e recebem o sinal verde, quais exigem cautela e estão na faixa amarela e quais são mais arriscadas e têm o alerta vermelho, segundo a análise da Gradual.
Apesar de ser uma das ações mais negociadas da bolsa brasileira, o analista chefe da Gradual optou por não incluir a Petrobras na lista por causa do envolvimento da empresa em escândalos de corrupção, que prejudicam a análise sobre os negócios da empresa.
Já o setor elétrico não foi citado porque não pôde ser enquadrado em apenas um dos cenários. As empresas do mercado listadas na bolsa vêm se comportando de forma diferente, apesar de o setor apresentar riscos.
Marques ressalta que, por mais que algumas ações tenham ficado fora da lista, isso não significa que elas devam ficar de fora do radar do investidor. “Fora desses três cenários, é necessário analisar mais a fundo os resultados de cada companhia.”
Justificativas para o sinal verde
A aposta mais certa em um momento de turbulência são companhias que atuam em setores mais imunes às oscilações do cenário econômico, como o de bens de consumo (Hypermarcas), alimentos básicos e bebidas (BRF e Ambev) e bancos de grande porte (Itaú e Bradesco).
Também são recomendadas empresas que atuam em mercados com grande potencial de crescimento, como cartões de crédito (Cielo) e seguros (BB Seguridade, Porto Seguro e SulAmérica).
Há ainda as companhias que se beneficiam de mudanças de hábitos de consumo dos brasileiros em um cenário de alta da inflação e dos juros, como empresas de varejo que vendem produtos com tíquete médio mais baixo (Lojas Americanas); e também exportadoras, que têm boa parte da receita em dólar (Embraer, BRF, Fibria e Suzano). Como a crise provoca a desvalorização do real, essas companhias se valorizam.
Justificativas para o sinal amarelo
Empresas que fazem parte de setores que registraram bom desempenho nos últimos anos, mas têm sido obrigadas a colocar o pé no freio diante da queda no consumo do país e maior restrição de crédito ao consumidor devem ser evitadas por enquanto. Essas companhias não estão necessariamente em uma situação ruim, mas como o cenário é desfavorável para os negócios, não há perspectiva de que cresçam no curto e no médio prazo.
É o caso da administradora de shoppings BR Malls, que, com a queda no consumo, pode ter mais lojas vazias em seus empreendimentos e ver uma redução na sua receita com aluguéis. Magazine Luizae Via Varejo também são afetadas pela menor demanda dos consumidores.
Já as construtoras Eztec e Cyrela têm reduzido suas vendas diante de maiores restrições nos financiamentos de imóveis.
Apesar de apresentar bons resultados, a Vale sofre com a queda da demanda por minério de ferro tanto no Brasil como na China, e depende da recuperação da economia de ambos os países para voltar a se valorizar.
Justificativas para o sinal vermelho
Empresas que não apenas fazem parte de um mercado que está sofrendo com a crise, mas também estão endividadas, devem sentir o impacto da crise de forma mais intensa e por mais tempo. São, portanto, investimentos mais arriscados. É o caso das siderúrgicas Gerdau, CSN e Usiminas e das construtoras PDG e Rossi.
Enquanto as construtoras sofrem com a maior restrição ao crédito para a compra de imóveis, as siderúrgicas são impactadas pela queda nas vendas de carros e eletrodomésticos. Nesse cenário, a demanda por matérias-primas, como o aço, diminui. Assim, as siderúrgicas dependem da recuperação das empresas de bens de consumo para voltar a registrar resultados positivos.