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Aplique em previdência para reduzir o IR

Termina no dia 30 o prazo para quem é assalariado e faz a declaração completa de IR aplicar em previdência para reduzir o imposto ou aumentar a restituição


	Aposentadoria: a vantagem dos fundos de previdência deve aumentar com a probabilidade do imposto sobre aplicações financeiras subir em 2016
 (Thinkstock/Pogonici)

Aposentadoria: a vantagem dos fundos de previdência deve aumentar com a probabilidade do imposto sobre aplicações financeiras subir em 2016 (Thinkstock/Pogonici)

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Da Redação

Publicado em 22 de dezembro de 2015 às 18h39.

São Paulo - Termina no dia 30, quarta-feira da semana que vem, o prazo para quem é assalariado e faz a declaração completa de IR aplicar em previdência para reduzir o imposto ou aumentar a restituição.

A lei permite abater as aplicações feitas este ano em fundos Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) até o limite de 12% da renda bruta tributável.

É uma das poucas formas voluntárias de reduzir o imposto de renda, ao lado das contribuições para entidades filantrópicas.

Outra vantagem é que o dinheiro aplicado voltará para o investidor no futuro, remunerado. E, se ficar por mais de 10 anos aplicado, pagará uma alíquota de imposto bem menor, de 10%, pelo sistema de alíquotas regressivas, bem menos que os até 27,5% que seriam pagos hoje no imposto sobre o salário.

E, com a possibilidade de o imposto sobre aplicações financeiras subir no ano que vem, a vantagem dos fundos de previdência deve aumentar. Na conta do limite dos 12% dedutíveis, entram os salários e as férias recebidos este ano, mas não o 13º salário.

Previdência tem de render bem também

Além da vantagem fiscal imediata, porém, a aplicação representa uma poupança para o futuro que vai garantir uma aposentadoria mais tranquila, diante da situação cada vez mais nebulosa da Previdência Social.

Por isso, o investidor deve procurar tirar o máximo proveito da aplicação, buscando fundos com bom desempenho e que tenham um custo mais baixo.

Uma alternativa são os gestores independentes, ligados a seguradoras, que oferecem custos bem inferiores aos dos grandes bancos, que dominam o mercado. Além disso, esses gestores costumam ter mais opções de estratégias de investimento para o poupador escolher.

Gestores como Icatu, Porto Seguro e SulAmérica são ligados a grandes grupos seguradores sólidos, com equipes de gestão de previdência privada respeitáveis, e que procuram oferecer uma gestão mais ativa para atrair clientes, pois não possuem a comodidade das redes de agências e gerentes dos grandes bancos.

Metade do custo dos grandes bancos

Nesses gestores independentes, é possível encontrar taxas de administração de fundos entre 1% e 2% ao ano, praticamente a metade das cobradas nos grandes bancos, de 3% ao ano em média no varejo.

Essas taxas fazem uma diferença enorme quando se pensa em uma aplicação de 10, 20, até 30 anos, pois o percentual cobrado incide sobre todo o valor aplicado, e não apenas sobre o rendimento.

Outra vantagem é que essas casas em geral não cobram a chamada taxa de carregamento, uma tarifa extra cobrada pelos bancos de varejo na hora de cada aplicação no fundo de previdência, a título de “comissão”, e que pode chegar a 5% do valor aplicado.

Ou seja, de cada R$ 100 investidos em um PGBL ou VGBL, só R$ 95 entram no fundo. Essa cobrança também é justificada nos grandes bancos como uma forma de desestimular o cliente de sacar logo os recursos, pois a perda seria alta.

Na prática, porém, o aplicador nem sabe dessa cobrança e, quando precisa, saca o dinheiro no curto prazo mesmo, e ainda paga uma tributação mais elevada, de até 35% nos primeiros dois anos.

Nas instituições independentes, a taxa de carregamento foi substituída por uma taxa de saída, cobrada apenas se o investidor sair antes de determinado período, em geral de três a cinco anos.

Depois desse prazo, ela é zerada, seguindo o modelo internacional. E, dependendo do valor aplicado, nem esse prazo existe.

Hora da Previdência

Como é praxe entre os brasileiros deixar tudo para a última hora, o mês de dezembro concentra o maior crescimento do setor de fundos de previdência, afirma Fabiano Lima, diretor de Vida e Previdência da SulAmérica.

Ajuda também a renda extra do 13º Salário. “Em geral, em todo o mercado, o crescimento de aplicações em PGBL em dezembro é de 170% em relação à media do ano, mas o VGBL, que não dá isenção, também cresce, 48%, o que mostra que as pessoas fazem um ajuste anual do patrimônio”, diz.

Na SulAmérica, o crescimento é de 80% no PGBL e 33% no VGBL.

“Profissionais autônomos, que não podem deduzir a contribuição na declaração, esperam dezembro para fechar as contas e fazer os aportes em VGBL”, explica.

Crescendo apesar da crise
Neste ano, o setor de previdência aberta segue crescendo, apesar de toda a crise, observa Lima. Até outubro, o aumento era de 26% em relação ao ano anterior.

“É importante que não estamos vendo tantos saques, apesar da conjuntura econômica desafiadora”, diz, lembrando que o plano de previdência não deve ser o primeiro recurso a ser sacado, pela tributação mais alta, que pode reduzir o valor em até 35%.

Uma explicação é que as pessoas entenderam melhor o funcionamento desses fundos e seu custo maior no curto prazo.

Outro fator é que, em momentos mais turbulentos da economia, as pessoas se preocupam mais com o planejamento financeiro e em guardar dinheiro, destinando mais recursos para a previdência.

“E tem ainda as discussões no governo sobre mudanças na aposentadoria, a regra 85/95, que faz as pessoas pensarem mais em aposentadoria”, afirma.

Da poupança para a previdência

Outra explicação para o aumento da previdência na crise é a migração de investidores da poupança para a previdência, afirma Felipe Bottino, superintendente de Previdência da Icatu Seguros.

“A poupança tem sido o pior investimento nos últimos anos e há uma migração forte para previdência privada”, explica.

E, como aplicação de longo prazo, as vantagens dos independentes acabam se tornando mais claras. Mas nem sempre os melhores investimentos são oferecidos, alerta Bottino.

“Temos de quebrar o paradigma que a previdência não rende bem”, diz, observando que, com um juro alto como o atual, até mesmo um fundo renda fixa com taxa de administração elevada acaba tendo um ganho superior ao da poupança.

Previdência cresce na alta renda
A Icatu aposta no segmento de alta renda, que é onde a previdência privada tem crescido mais, especialmente no private bank, diz Bottino.

Nessa faixa de renda, pesa também o interesse dos fundos de previdência como planejamento sucessório, pois o valor não entra no inventário, apesar de alguns Estados cobrarem imposto sobre herança, o ITCMD.

“Mesmo assim há a vantagem de o dinheiro ser liberado 15 dias depois da morte, o que ajuda as famílias ou os beneficiários”, explica.

Custo de 1,5% a 1,7% no varejo
A grande vantagem em termos de custo é que os independentes trabalham com taxas mais competitivas e conseguem trazer mais rentabilidade para os clientes com gestão e custo menor, afirma Lima, da SulAmérica.

A empresa tem taxas que começam com 1,7% ao ano para aplicações de R$ 50 ao mês e que caem até 0,7% a partir de R$ 400 mil.

“Além das taxas de administração, nosso mandato de investimento é manter a rentabilidade dos fundos entre os 20% e os 40% mais rentáveis do mercado, com alocação estratégica e tática de longo prazo prazo, para deixar os clientes confortáveis de que rentabilidade é atrativa”, afirma.

Os independentes também não cobram a taxa de carregamento na entrada, apenas na saída. No caso da SulAmerica, a taxa de saída também é zerada após cinco anos no varejo e até três anos nos fundos para renda mais alta.

Na Icatu, a taxa de saída acaba após quatro anos de aplicação e a taxa de administração varia também de 0,7% a 1,5% ao ano.

Portabilidade permite troca de gestor

Os investidores podem, também, trocar o gestor do fundo de previdência depois da aplicação feita, sem pagar imposto, de acordo com as regras de cada casa.

Na SulAmérica, a carência na primeira transferência é de um ano, mas pode variar de 2 meses a 24 meses no mercado.

“Depois da primeira transferência, a cada 60 dias, pode-se mudar o gestor”, afirma Lima. Isso dá mais liberdade, mas Lima recomenda que o poupador não fique pulando de galho em galho.

“É preciso verificar por um prazo maior a performance do gestor, a estratégia pode ter perdas de curto prazo, como um papel prefixado e, se o investidor sair na baixa, acabará perdendo a recuperação no futuro ou oportunidades”, afirma Lima.

“Por isso a migração exige cuidados”, explica.

A Icatu é líder na portabilidade há quatro anos, afirma Bottino. Neste ano, a captação em previdência da seguradora está muito boa, com crescimento de cerca de 40% no ano, devendo fechar perto de 30%.

A carteira total de previdência da Icatu é de R$ 9 bilhões, com 136 mil clientes. E, apesar da grande diversidade de fundos oferecidos, com as mais variadas estratégias, a maior parte dos recursos está aplicada em ativos ligados ao juro diário do CDI.

A aplicação mínima nos fundos da Icatu é R$ 50,00 e a distribuição é feita pelos corretores de seguros e via parcerias com corretoras, como a XP, e bancos como Citibank, Banrisul e Cicred.

Gestores estrelados

Assim como outras independentes, a Icatu aposta na plataforma aberta e na oferta de fundos de gestores estrelados para atrair os investidores.

Este ano, a seguradora fez um acordo com a Verde Asset Management, de Luís Stuhlberger, um dos mais respeitados gestores de fundos multimercados do país.

A Verde montou uma carteira de previdência multimercado que será gerida com os mesmos princípios do já famoso Fundo Verde, mas com visão de longo prazo.

O Verde se juntará com outros gestores famosos, como os da BNY Mellon, da Leblon e da Quest em ações, da Brasil Plural em arbitragem de ações (Long/Short) e da Ibiúna em multimercados. Além disso, há fundos da gestora da própria casa, a Icatu Vanguarda.

“O cliente escolhe onde investir”, diz. Os valores de aplicação variam de acordo com o gestor escolhido. A aplicação mínima no Verde será de R$ 1 mil por mês, enquanto na Leblon, de R$ 500.

Ninguém quer arriscar

Apesar dessa variedade de opções, Bottino admite que não há muito incentivo hoje para o investidor diversificar.

Mesmo a mudança anunciada este ano, e que permitirá a partir de junho do ano que vem aos fundos de previdência abertos aplicarem até 70% em ações (hoje o limite é de 49%) no varejo e 100% para investidores qualificados terá pouco impacto.

“Hoje, pouquíssimos investidores chegam perto do limite de 49%, portanto o limite de 70% não vai fazer muita diferença no varejo”, diz.

Alguma melhora deve ocorrer com os investidores qualificados, que podem ter mais apetite por risco e tirarão vantagem do limite de 100% em ações.

Já a aplicação de 10% no exterior, também autorizada neste ano, é importante, mas o percentual é muito baixo na opinião de Bottino.

Melhor opção no momento

Sobre a recomendação para a carteira, Lima diz que ela depende do perfil de cada um. Mas a SulAmérica tem uma perspectiva de o dólar continuar subindo.

A bolsa pode até andar, mas não e recomendação para os clientes, especialmente os com mais idade, que são a maioria dos que aplicam em fundos de previdência.

“Investidores com idade entre 36 e 38 anos são os que estão comprando planos novos este ano, até teriam tempo para arriscar com ações, mas a média da carteira é de pessoas com 52 anos”, diz Lima. “Nessa faixa estão muito perto de se aposentar e é melhor não arriscar”, diz.

Para Bottino, da Icatu, o ideal é garantir segurança em primeiro lugar. “Se o investidor tem um horizonte longo e a NTN-B está tão gorda, não precisa correr risco de bolsa”, afirma.

Ele acha que a bolsa tende a ser melhor no longo prazo, mas não é um evento tão certo de ocorrer. “Pode ser que no momento da aposentadoria a bolsa esteja ruim”, diz.

Por isso, a sugestão é fazer as contas do que precisa para a aposentadoria e aplicar em NTN-B. “Depois, o que sobrar, pode ir um pouco para bolsa”, sugere.

“São tão raros os momentos em que as NTN-B pagam juros tão altos que o investidor tem mais que aproveitar o bolsa família dos ricos”, ironiza.

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