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Apesar de queda dos juros, poupança cresce entre investidores do varejo

Caderneta passou a representar 68,2% da carteira do segmento em 2019, ante 64,6% no ano anterior

Tablet com tabela: para Anbima, é natural que movimento seja mais tímido no segmento (Alubalish/Getty Images)

Tablet com tabela: para Anbima, é natural que movimento seja mais tímido no segmento (Alubalish/Getty Images)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 6 de fevereiro de 2020 às 12h29.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2020 às 12h30.

São Paulo - Apesar de fundos de investimento terem registrado o maior crescimento entre aplicações financeiras para investidores pessoas físicas no ano passado (10%), a fatia da poupança na carteira desse esse público aumentou 7,2%, passando a representar 68,2% do patrimônio. Esse movimento aconteceu mesmo em um cenário de forte queda da taxa básica de juros, a Selic, que está na mínima histórica, o patamar de 4,25% ao ano. É o que aponta balanço divulgado nesta quinta-feira (6) pela Anbima (Associação Brasileira das entidades dos Mercado Financeiro e de Capitais).

Como consequência, a evolução do patrimônio desse segmento de investidores se aproximou do CDI, que está em um nível baixo. Enquanto o patrimônio dos clientes do varejo tradicional e do varejo de alta renda evoluiu 6,8% no ano, o CDI registrou alta de 6,4% no mesmo período. O porcentual do patrimônio em títulos e valores mobiliários, como ações, cresceu apenas 2,6% entre esses investidores.

José Ramos Rocha Neto, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, aponta que o movimento de aumento do risco e rentabilidade da carteira tem naturalmente uma escala menor no varejo.

Porém, ele acredita que clientes começam a olhar o desempenho menor de suas carteiras e acabam sendo impulsionados a colocar uma fatia da carteira na renda variável. Nesse cenário, os fundos são uma porta de entrada do investidor conservador que queira sair de aplicações de menor risco. "Quando sai do fundo de renda fixa, ele passa a aplicar em fundos multimercado até chegar na renda variável. É um movimento natural na jornada de vida do cliente quando sente mais segurança".

O volume financeiro aplicado por pessoas físicas cresceu 12,5% no ano passado. É um crescimento semelhante ao de profissionais nas agências que passaram a atender esse público. O executivo está otimista para 2020. "Não há como dissociar o movimento da economia com o mundo dos investimentos. Devemos ter um PIB superior ao ano passado. Isso trará mais dinheiro para economia e parte disso será aplicado".

Com a perspectiva de estabilidade da Selic até o final do ano, ele acredita que o destaque de rentabilidade entre as aplicações financeiras continuará sendo a renda variável. "Mas fatores como eleições dos EUA e o coronavírus na China são pontos de atenção, pois seus impactos econômicos podem se refletir no Brasil".

Clientes private

Entre os clientes do segmento private, os produtos que se destacaram foram ações, que tinham crescido 7% em 2018 e registraram alta de 52% em 2019, e fundos, que registraram crescimento de 22%. "Há um movimento dos clientes que já compram papéis diretamente na bolsa e mostram um maior interesse pelo mercado de capitais, com suporte do seu planejador financeiro", conclui o executivo da Anbima".

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