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Ao viajar para a Argentina, melhor levar pesos ou dólares?

Levar dólar pode ser bastante vantajoso, mas há riscos


	Pessoa segura notas de Real e peso argentino: até pagamentos em reais são aceitos no país vizinho
 (Diego Giudice/Bloomberg)

Pessoa segura notas de Real e peso argentino: até pagamentos em reais são aceitos no país vizinho (Diego Giudice/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 25 de janeiro de 2014 às 06h00.

São Paulo – O fato de o peso argentino ter chegado a desabar 12% em um único dia, na última quinta-feira, acumulando uma queda de 22,7% em janeiro fez com que os brasileiros que pretendem viajar para a Argentina ficassem em alerta. Afinal, qual a melhor maneira de levar dinheiro e fazer pagamentos no país vizinho?

Moedas que oscilam muito violentamente são frequentemente arriscadas para o viajante. Uma queda brusca pode fazer com que ele saia com um grande prejuízo na hora de converter as sobras para Real na volta ao Brasil.

No caso específico da Argentina, os pagamentos nos estabelecimentos podem ser feitos diretamente em Real ou em dólar.

A população argentina costuma comprar e vender dólares no mercado paralelo, uma vez que a compra de dólares é limitada pelo governo. Isso fez com que a cotação do mercado paralelo se tornasse muito mais vantajosa para quem vende os dólares do que a cotação oficial.

Para o planejador financeiro certificado (CFP) pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF), Valter Police, o brasileiro que viajar para a Argentina agora deve levar dólares em espécie na sua carteira.

“Cartão pré-pago nem pensar. As operadoras vão cobrar uma fortuna de tarifa de conversão para pesos. Com o dólar em espécie, não há erro. Pague a maioria das coisas diretamente com os dólares”, diz Police.

Já existem cartões pré-pagos que podem ser carregados em pesos argentinos, o que evita esse problema da conversão. Mesmo assim, Police considera o dólar mais seguro.

“É mais provável que o dólar suba e o peso caia, então quanto menos pesos você tiver na mão, melhor”, diz.

Police lembra ainda que se o viajante voltar com dólares, terá facilidade de reconvertê-los para Real ou poderá guardá-los para uma próxima viagem a um país que os aceite. “E o viajante não deve voltar com pesos nunca, só se quiser guardá-los de recordação”, acrescenta.

Já o diretor de câmbio do Banco Rendimento, Carlos Eduardo de Andrade Jr., sugere que o viajante faça algumas contas antes de viajar.

“O mais vantajoso vai depender do preço que você vai pagar pelos pesos. Afinal, pode haver algum estresse na hora de trocar dólares por pesos na Argentina”, diz, lembrando que “espertinhos” podem acabar fazendo o viajante fechar um mau negócio.

Ele explica que é preciso analisar se, ao comprar pesos com reais no Brasil, o viajante estaria mais próximo da conversão oficial ou paralela do dólar.

Atualmente, um dólar compra oito pesos no mercado oficial. “Dizem que no mercado paralelo, um dólar está comprando entre 13 e 15 pesos”, observa Andrade.

Assim, convertendo-se o dólar para reais, isso significa que, segundo a cotação oficial, um real está comprando 3,33 pesos, enquanto que, no mercado paralelo, um real está comprando 5,40 pesos.


Se na hora de comprar pesos, cada real comprar perto de 5 pesos, por exemplo, vale mais a pena levar os pesos daqui. Mas se, em vez disso, cada real comprar perto de 3 pesos, então é mais vantajoso levar dólares, explica Andrade.

Para fazer essa conta, portanto, é preciso, no mínimo, conhecer a paridade entre dólar e real e entre dólar e peso. Se for possível comprar pesos a um preço melhor do que o que se aproxima da paridade oficial argentina com o dólar, então a compra de pesos é vantajosa.

Governo liberou compra de dólares

Nesta sexta-feira, o governo argentino anunciou, sem dar muitos detalhes, que liberou a compra de dólares para as pessoas físicas para investimento e poupança a partir da próxima segunda-feira.

Assim, os argentinos poderão comprar dólares nas casas de câmbio e bancos desde que comprovem renda.

Contudo, ainda há muita incerteza sobre como a nova medida poderia ser aplicada e quais seriam seus efeitos na economia.

“Se o governo continuar tentando controlar o dólar e aumentar a demanda, a situação do país vai piorar”, diz Carlos Eduardo de Andrade Jr., que está incrédulo em relação à medida e acha que o cenário só vai ficar mais claro a partir de segunda-feira.

Já Valter Police acha difícil que a medida acabe com a “cultura” do mercado paralelo de dólar na Argentina.

“É difícil prever o que vai acontecer. Os argentinos fazem poupança em dólar há muito tempo. Acho difícil que uma medida governamental equilibre a situação. O mercado paralelo deve continuar a existir”, observa.

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