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Ao menos 1 entre 10 brasileiros já atrasou aluguel por conta de apostas online, diz pesquisa

Pesquisa da plataforma imobiliária Loft mostra uma incidência maior do impacto das 'bets' em jovens de até 24 anos

Atraso no aluguel: estudo ouviu 1,3 mil inquilinos, entre 26 de setembro e 6 de outubro de 2025, de todas as regiões do país (Hirurg/Getty Images)

Atraso no aluguel: estudo ouviu 1,3 mil inquilinos, entre 26 de setembro e 6 de outubro de 2025, de todas as regiões do país (Hirurg/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 21 de outubro de 2025 às 13h09.

Um levantamento feito pela plataforma imobiliária Loft em parceria com a empresa de pesquisa Offerwise mediu o impacto das apostas online no pagamento de aluguéis. Conclusão: 13% dos participantes disseram que já atrasaram ou deixaram de pAgar a conta em função das "bets". E quase metade desse grupo, 6% da amostra, acabou ficando sem pagar o aluguel.

O percentual é ainda maior — chega a 31% — ao incluir pessoas que conhecem alguém que já atrasou o pagamento por conta das apostas online.

Entre os mais jovens, com idade de 18 a 24 anos, o índice chega a 36%, e cai para 27% entre pessoas de 35 a 44 anos. Acima dos 45 anos, o percentual foi de 24%.

“Incluímos na pesquisa tanto a pergunta objetiva se a pessoa atrasou o aluguel quanto se ela conhece alguém que tenha atrasado para deixar o respondente mais confortável em mencionar o problema, não necessariamente assumir que ele esteja passando por essa situação, que pode ser vista como vulnerável”, afirma Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft.

“O impacto das apostas é transversal, aparece em todas as classes e perfis, afetando algo tão essencial quanto a moradia. Mas os jovens são claramente os mais vulneráveis.”

Outros 10% dos entrevistados admitiram ter tido dificuldades para pagar o aluguel, embora não tenham chegado a atrasar. “As apostas online são um fato novo que dificulta o cenário para parte dos inquilinos”, aponta o porta-voz da Loft.

O estudo ouviu 1,3 mil inquilinos, entre 26 de setembro e 6 de outubro de 2025, de todas as regiões do país. A amostra é representativa da população brasileira com 18 anos ou mais. A margem de erro é de 3 pontos percentuais (p.p.).

Quem ganhou e quem perdeu

A pesquisa mostrou que 37% dos entrevistados que jogam gastam até R$ 50 mensais com os jogos (a faixa com mais respondentes), mas 18% desembolsam mais de R$ 300. O levantamento também aponta que 57% dos inquilinos apostadores começaram a jogar há menos de 1 ano.

“O impacto na moradia pode ainda crescer, considerando que boa parte desses inquilinos começou a jogar há pouco tempo”, afirma Takahashi.

Ao observar os valores perdidos, 21% afirmam que a perda ficou acima dos R$ 500, e 20% dos apostadores afirmam que perderam até R$ 500 nos últimos 12 meses. Somente 9% disseram que não perderam dinheiro.

Quase metade vê apostas online como nocivas

A pesquisa também investigou como os brasileiros percebem o avanço das apostas online. Metade dos entrevistados (49%) avalia que elas são prejudiciais à sociedade, e 74% associam o hábito ao aumento do endividamento das famílias.

Ainda assim, parte da população vê o fenômeno com menos reprovação: 37% consideram que as apostas podem ser uma forma de lazer saudável, desde que praticadas com moderação, e 29% as enxergam como uma oportunidade de obter renda extra.

A preocupação com o tema, porém, predomina. Três em cada quatro entrevistados (75%) defendem regras mais rigorosas para o setor, e 78% acreditam que a maioria das pessoas acaba perdendo dinheiro nas apostas online.

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