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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Quem comprou as ações do Banco do Brasil em junho do ano passado está hoje com o sorriso de orelha a orelha. Em menos de um ano e meio, os papéis subiram 79%, oferecendo aos investidores ganhos acima dos registrados pelo Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa). Tal desempenho atiçou a cobiça em muitos investidores, mas fez surgir também a dúvida: ainda há espaço para mais valorização?
A resposta, segundo os especialistas, é sim. "As ações devem figurar entre as maiores da Bovespa, ao lado de Vale do Rio Doce e Petrobras. A instituição deve continuar crescendo e isso vai gerar lucros para os acionistas", diz Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anafe).
No último trimestre, o Banco do Brasil contabilizou lucro líquido de 1,4 bilhão de reais, valor 50% acima do verificado no mesmo período do ano passado. Segundo Oliveira, a busca por novos negócios - principalmente ligados a crédito consignado, que apresentam menor risco - está ampliando a competitividade do banco, que cresce também à medida em que melhora a percepção de eficiência da empresa. "Hoje o BB não é mais administrado de forma política como antigamente", diz o vice-presidente da Anefac.
Na comparação com bancos privados, entretanto, o Banco do Brasil ainda apresenta desvantagens. Sua margem bruta de lucro, por exemplo, é de 36%, ante 43,5% do Bradesco. "O desempenho do BB tende a ser inferior ao dos bancos privados porque, como empresa pública, ele tem um cunho social. Já os bancos privados operam sempre com o objetivo de maximizar seu lucro ao máximo", diz Fausto Gouveia, analista da corretora Alpes.
O que torna a oferta pública do BB interessante, segundo Gouveia, é o desconto que os investidores poderão obter nas ações. Na oferta realizada no ano passado, os papéis tiveram seu preço fixado 5,5% abaixo da cotação de mercado. "O desconto, juntamente com a previsão de alta para a Bolsa nas próximas semanas, deve trazer um retorno razoável para o investidor", afirma o analista.
Diferentemente das ofertas públicas primárias (IPO, em inglês, quando a empresa coloca suas ações na Bolsa pela primeira vez), na oferta secundária o mercado já dispõe de informações suficientes para precificar e projetar o desempenho futuro para as ações. "Por isso, não adianta tentar flippar (participar da oferta para vender os papéis em seguida e obter lucro rápido). O ganho, nesse caso, virá no médio e longo prazo", diz Gouveia.