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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Quem pretende montar uma carteira de ações de longo prazo (acima de um ano e meio) não deve desconsiderar os papéis das companhias aéreas. De acordo com os especialistas, apesar da crise pela qual passa o setor, as perspectivas para as ações da TAM e da Gol são positivas.
"As empresas estão bem preparadas e há demanda crescente", afirma a analista da Brascan Corretora, Mel Marques Fernandes. Segundo a analista, o acidente ocorrido ontem (17/7) com o avião da TAM, em São Paulo, que deixou mais de 180 mortos, deve impactar negativamente o setor, reduzindo a credibilidade dos investidores e até afugentando momentaneamente os passageiros, mas isso não deve se manter por muito tempo. "Cerca de 70% do fluxo de passageiros nos aeroportos é derivado de negócios, e isso não deve mudar", ressalta.
Para a analista, o grande obstáculo ao desenvolvimento do setor de aviação no Brasil está na falta de investimentos em infra-estrutura de aeroportos, algo que foge ao controle das companhias. "Tudo que envolve o governo é imprevisível, mas há muita pressão para que esses investimentos sejam feitos", diz.
O analista da corretora Souza Barros, Clodoir Gabriel Vieira, concorda com Mel, e acrescenta: "alguma medida terá de ser tomada, e rapidamente. Por isso, o momento é propício para a compra das ações dessas empresas. No longo prazo, os papéis devem trazer bons retornos, já que nenhum país funciona sem transporte aéreo."
Pelos estudos da analista da Brascan Corretora, as ações da TAM têm potencial de crescimento de 27,4%, com seu preço justo estimado em 84,47 reais. Ontem, os papéis da empresa fecharam a 66,32 reais, sem sofrer influência do acidente, já que ele ocorreu após o encerramento do pregão. Hoje, no entanto, as ações preferenciais da companhia sofrem forte desvalorização - 8,17% - sendo negociadas às 15h06 a 60,90 reais.
Os papéis da Gol seguem a concorrente e recuam 3,35%, para 54,50 reais. "Tanto as ações da TAM como as da Gol estão muito baratas. Os próximos dias devem ser conturbados, com muito sobe e desce de cotação, mas no futuro tendem a ser um bom negócio", afirma um analista que prefere não se identificar.
Vieira lembra que, na ocasião do acidente com o Boeing da Gol, em setembro do ano passado, o mercado também ficou conturbado, mas logo voltou ao normal. Os papéis das companhias aéreas, no entanto, não vêm apresentando bons resultados nos últimos meses. As ações preferenciais da TAM acumulam em 2007 queda de 0,27%, enquanto as da Gol caem 11,11%. No mesmo período, o Ibovespa subiu 29,65%.
Todos os analistas concordam que, no curto prazo, os papéis das companhias aéreas não são bom negócio e, até que sejam tomadas providências para acabar definitivamente com a crise, o crescimento do setor ficará comprometido.