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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
A partir de 23 de julho, o pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) contará com mais uma empresa do setor sucroalcooleiro: a Açúcar Guarani. Em sua oferta pública inicial, a companhia vai oferecer 49.315.412 ações ordinárias por meio de emissão primária. No prospecto preliminar da operação, divulgado nesta quarta-feira (4/7), a Guarani estima que o preço de venda fique na faixa de 13,50 reais a 17,50 reais. Se considerado o preço médio da faixa, 15,50 reais, o IPO poderia alcançar cerca de 764,389 milhões de reais. A conta desconsidera a opção dos coordenadores da oferta de ampliar a emissão mediante 9,863 milhões de ações adicionais e, ainda, a eventual emissão de um lote suplementar de 7,397 milhões de ações.
De qualquer modo, mesmo que o valor de venda dos papéis fique em 13,50 reais - o preço mínimo estimado pela companhia - a captação somaria, pelo menos, 666 milhões de reais, cifra relativamente elevada diante dos IPOs das outras duas empresas do setor listadas na Bovespa. Quando abriu seu capital, em 2005, a Cosan, maior companhia do setor, captou 886 milhões de reais, considerando a emissão primária e os lotes suplementares. Foram 18,453 milhões de ações emitidas a um preço de 48 reais por papel. A São Martinho, que entrou para a Bovespa em fevereiro deste ano, levantou 424 milhões de reais com o lançamento total de 21,184 milhões de papéis a 20 reais cada. Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar, na safra 2006/2007, a Cosan deteve 8,2% do mercado, pelo critério de moagem. A São Martinho foi a terceira do ranking com 2,2% de participação. E a Guarani vem em quinto lugar, com 2%.
Superprodução
A Guarani chegará à Bovespa em um momento em que as boas expectativas do setor sucroalcooleiro não se traduzem em valorização dos papéis. A Cosan, por exemplo, apresenta uma das maiores perdas acumuladas no ano entre as companhias que compõem o Ibovespa - principal indicador da bolsa paulista. Hoje, os papéis da empresa fecharam em queda de 0,61%, cotados a 32,15 reais.
A principal pressão sobre os papéis do setor é o excesso de açúcar produzido mundialmente. Embora as empresas chamem bastante atenção para o potencial de ganhos com o álcool combustível, a maior fonte de renda das usinas ainda é a produção de açúcar. E o mercado mundial vive, neste momento, uma superprodução que deprecia os preços da commodity. Ontem, o produto fechou cotado a 9,44 centavos de dólar por libra na Bolsa de Nova York. Há um ano, os contratos eram fechados por cerca de 12 centavos. A Organização Internacional do Açúcar (OIA) estima que, neste ano, o excedente de produção atinja 9,1 milhões de toneladas - um recorde.
Expansão dos negócios
De acordo com o prospecto preliminar, a Guarani pretende aplicar o dinheiro captado para equacionar a compra de novos ativos e expandir suas unidades produtivas. A companhia pretende aplicar 37% da captação para custear a aquisição da usina Andrade. Com a negociação, concluída no final de maio, a Guarani passou a deter cerca de 55% do capital da Andrade. Para financiar a compra, a companhia tomou um empréstimo de curto prazo de 169,6 milhões de reais. Andrade também trouxe passivos totais de 145,4 milhões de reais ao grupo.
Por outro lado, a compra elevou a capacidade de produção da Guarani de 8,2 milhões de toneladas de moagem de cana, na safra 2006/2007, para 9,8 milhões de toneladas.
O maior investimento que será realizado com os recursos, porém, é a instalação das unidades Tanabi e Cardoso, que demandarão 38% da captação. Tanabi deve ser concluída para a próxima safra e terá capacidade para moer 430.000 toneladas de cana, além de produzir 40.000 metros cúbicos de etanol. Outros 25% serão aplicados na expansão da usina São José, hoje com capacidade para 1,6 milhão de toneladas e que deverá chegar a 2,3 milhões.
Cronograma da oferta
Os interessados em participar da oferta devem prestar atenção aos seguintes prazos:
12 de julho - início do período de reserva de ações;
18 de julho - encerramento de período de reserva para investidores não-institucionais;
19 de julho - fixação do preço do papel;
23 de julho - início das negociações na Bovespa.