Ações podem ser eficientes para proteger parte do patrimônio contra a inflação (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 09h22.
São Paulo - O investimento em ações vem se mostrando uma boa forma de proteger o patrimônio da inflação, mas tem dificuldade de vencer as aplicações em renda fixa mesmo no longo prazo, mostra estudo elaborado pelo HSBC a partir de dados do Banco Central.
O levantamento compara o Ibovespa com a inflação pelo IPCA e também com o CDI em diferentes períodos desde janeiro de 1993 até maio de 2013. Foram analisadas todas as janelas de tempo de um mês, um trimestre, um semestre, um ano, dois anos, três anos e cinco anos.
Isto é, as janelas analisadas sempre começavam em dias diferentes, uma vez que cada investidor compra ações em um dia diferente do mês, e não necessariamente apenas no início de cada divisão do calendário.
Na comparação entre Ibovespa e inflação pelo IPCA, o principal índice da Bolsa ganhou do índice de preços em mais da metade das janelas de tempo em todos os prazos analisados. Quanto mais longo o prazo, mais vezes o Ibovespa ganhou.
Já na comparação com o CDI, taxa de juros próxima da taxa básica e que baliza a maior parte das aplicações de renda fixa conservadora, o desempenho do Ibovespa foi baixo. Foi justamente no longo prazo que as aplicações em renda variável mais perderam das aplicações de renda fixa.
Veja na tabela o desempenho do Ibovespa frente ao IPCA e ao CDI:
Prazos | Percentual de vezes que o Ibovespa ganhou do IPCA* | Percentual de vezes que o Ibovespa ganhou do CDI* |
---|---|---|
Um mês | 56,1% | 51,3% |
Um trimestre | 57,8% | 52,7% |
Um semestre | 58,3% | 49,3% |
Um ano | 56,7% | 50,2% |
Dois anos | 59,2% | 49,0% |
Três anos | 72,5% | 43,5% |
Cinco anos | 79,3% | 45,6% |
Fonte: Banco Central e HSBC
Repare que, analisando-se diferentes períodos equivalentes a um mês, um trimestre, um semestre, um ano, dois anos, três anos e cinco anos, em mais da metade deles o Ibovespa supera a inflação.
Nos prazos mais longos, de três e cinco anos, o Ibovespa venceu a inflação em mais de 70% das vezes. As variações de longo prazo em que o Ibovespa não apresentou melhor desempenho que o IPCA foram aquelas que abarcaram períodos posteriores à crise financeira de 2008, diz o estudo do HSBC.
Isso mostra que ações podem mesmo ser eficientes para preservar ao menos parte do patrimônio da alta de preços, notadamente no longo prazo, quando essa proteção é mais necessária.
É claro que esses dados não indicam que o investimento em ações vai sempre superar a inflação. Afinal, o seu investimento poderia abarcar justamente um dos pouco mais de 40% de janelas de tempo que não venceram o IPCA nos diferentes prazos. Mas a Bolsa se mostra, ao menos, como um bom instrumento de diversificação.
Porém, o histórico de altas taxas básicas de juros no Brasil tem feito com que o Ibovespa tenha dificuldade de superar o CDI, principalmente no longo prazo. Repare que na análise de diferentes períodos de um mês e um trimestre – ou seja, no curto prazo – o Ibovespa conseguiu superar o CDI em mais da metade das vezes.
O mesmo, porém, não acontece nas análises de períodos mais longos, de três e cinco anos, em que o CDI ganha na maioria das vezes.
Contudo, o estudo mostra que o momento de juro mais baixo que vivemos nos últimos anos exibe diferenças fundamentais em comparação às altas taxas de juros pós-implantação do Real. As janelas de tempo em que o Ibovespa perde do CDI se concentram mais no período que vai de 1994 a 2003. Entre 2003 e 2013, a balança foi mais favorável para o Ibovespa.
Em todo o período analisado, o Ibovespa teve altas superiores a 5% em 81 meses, e quedas inferiores a 5% em 42 meses.